A sexualidade humana é muito ampla e complexa, ultrapassa as fronteiras concretas
A sexualidade humana é muito ampla e complexa, ultrapassa as fronteiras concretas do sexo genital e subjetiva-se com o amor. O erotismo também não se restringe. O limite da atração sexual é mínimo frente às possibilidades do prazer em outras áreas do corpo e no mundo abstrato da mente. O simples aroma de árvores num bosque, o som melódico de uma canção, o sabor de um prato bem temperado, a imaginação livre e solta nos devaneios, fantasias e outras captações dos órgãos dos sentidos são gratificações eróticas, prazeres às vezes mais penetrantes do que um rápido intercurso genital. Na sexualidade masculina, o nível de satisfação que costuma ser experimentado está muito abaixo do seu potencial. O homem de orientação heterossexual é muito concentrado no encontro dos genitais. Ele não passeia pelo corpo todo da mulher, não a cheira bastante, não conversa, ouve ainda menos, tenta tocar diretamente a vulva e a vagina com as mãos, boca e língua ou deseja que a parceira o estimule diretamente no pênis, e pronto: procura o quanto antes cumprir com a penetração. Estimulado e entusiasmado pela imagem das parceiras, o homem se deixa guiar quase exclusivamente pela estética visual do corpo feminino, reduzindo a interação e parcializando o interesse (por vezes, pensa apenas nas coxas, nas mamas ou nas nádegas). A regra geral é que eles visam as mais novas, belas, de corpos voluptuosos e produzidas para seduzi-los. O exagero, às vezes caricato dessa imagem, é a produção das prostitutas e, na última das polarizações extravagantes, travestis, transformistas e drag queens. Não é raro que um homem se decepcione com uma parceira linda, de corpo perfeito e produção impecável. Esse visual muito atraente não garante uma sensibilidade erótica exponencial nem uma relação sexual de prazer estratosférico. Alguns homens que se deram a chance de conhecer intimamente mulheres que escapam do modelo visual da “gostosa”, tiveram surpresas muito agradáveis. Mulher madura, experiente e liberada na intimidade sexual, pode promover ao parceiro e a si mesma práticas sexuais exuberantes. Um homem, divorciado há dez anos, sem filhos, que trabalhava viajando bastante, chegava aos quarenta e dois pretendendo encontrar uma companheira e formar uma família. Ele tinha vivenciado muito sexo com variadas parceiras pelo mundo, destacando três delas como as mais poderosas nessa arte, todas na faixa de 40 a 50 anos, nenhuma se destacando pela beleza: uma garçonete japonesa, uma balconista de um shopping italiano, e uma mulata do nordeste brasileiro, faxineira de um hotel. Este homem desenvolveu uma grande dúvida. Queria se casar novamente, mas não queria repetir a situação vivida com a primeira esposa, que era linda e pouco erotizada. A vida não é como filme pornô. Na realidade, são encontradas algumas mulheres belíssimas e quentes, bem como feias e frias, mas muitas vezes o erotismo pode estar extremamente divorciado da estética.