A coluna entrevistou o ator que viverá o papel de um traficante; série com produção do cineasta José Padilha estreia em 28 de agosto no Netflix
O ator Wagner Moura no papel do traficante Pablo Escobar (Daniel Daza/Netflix)
Em abril de 2014, antes mesmo de o site de streaming Netflix contratá-lo para interpretar Pablo Escobar (1949-1993) em 'Narcos'série criada e produzida pelo cineasta José Padilha (que havia feito o convite ao ator no final de 2013), Wagner Moura foi por sua conta e risco a Medellín, cidade onde o narcotraficante construiu o seu império. Lembra que ficou por lá 15 dias, conhecendo o local e sem dizer a ninguém o que estava fazendo — afinal, como ele faz questão de frisar, não falava espanhol, era brasileiro e magro no alto dos seus 76 quilos (o colombiano Escobar, uma das figuras mais emblemáticas da recente história mundial, era bem gorducho). A aposta foi certeira: em setembro ele já estava de volta à Colômbia para rodar os dez episódios da primeira temporada da série, que mostra a formação dos cartéis de drogas nos anos 80 e estreia no Netflix no dia 28 de agosto. 'Narcos', conta Moura, foi filmada na Colômbia — em Medellín e nos arredores da capital Bogotá. “Nunca tinha feito uma série. Mas a sensação era de fazer um filme gigante, em que apareciam outros diretores (além de Padilha, que dirigiu os dois primeiros episódios), não tinha aquela sensação de quando se está fazendo novela, de fazer 27 cenas num dia. Teve momentos de correria, de altos e baixos, mas foram cinco, seis meses de trabalho”, afirma. E completa: “Eu tenho muito orgulho desse trabalho, eu gosto muito do resultado como um todo”. É para ter orgulho mesmo (a reportagem do Correio Popular assistiu aos três primeiros episódios e recomenda). Trata-se de uma produção internacional —, com a participação de atores norte-americanos e latino-americanos, entre eles o norte-americano Boyd Holbrook (do filme 'Garota Exemplar'), os chilenos Pedro Pascal (da série 'Game of Thrones'), Paulina Gaitan (do filme 'Vitória') e Luis Gnecco (da série 'Prófugos') e o porto-riquenho Luis Guzman (de 'Sonhadora' e 'Traffic'). Entre os diretores, destaques para o brasileiro Fernando Coimbra (de 'O Lobo Atrás da Porta') e o mexicano Guillermo Navarro (de 'O Labirinto do Fauno'). Mas, apesar dessa “babel produtiva”, para Moura o trabalho tem muito de 'Tropa de Elite', filme que consagrou o diretor José Padilha. “Essa série é uma ideia dele, e a estrutura dramática de 'Narcos' é muito parecida com 'Tropa': câmera na mão, voz em off e essa vontade do Zé de explicar alguma coisa, de entender uma realidade e explicar para a pessoa. Só que balanceando esse lado épico com um dramático forte, com ação e de fazer uma coisa que seja atrativa, que seja entretenimento e que ao mesmo tempo revele uma realidade política e social, e ajude a entender a origem do narcotráfico no mundo.” Segundo o ator, a ideia é de que haja uma segunda temporada, mas o Netflix ainda não confirmou.