CRÍTICA

Visual é ponto forte em 'Oblivion', que tem roteiro confuso

Longa de ficção científica estrelado por Tom Cruise é uma das novidades nos cinemas

Fábio Trindade
13/04/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:31
Tom Cruise em cena do filme de ficção científica 'Oblivion' (Divulgação)

Tom Cruise em cena do filme de ficção científica 'Oblivion' (Divulgação)

Durante a première carioca de 'Oblivion' (idem, EUA, 2013), a nova ficção científica de Joseph Kozinsky ('Tron - O Legado'), Tom Cruise não cansou de repetir e repetir durante os cerca de 90 minutos que ficou no tapete vermelho sobre a magnífica ideia do diretor em dispensar as conhecidas telas verdes para usar imagens reais. Dá para entender o por quê. O visual das mais de duas horas de longa impressiona e, sem dúvida, é o melhor do filme.

E, pensando no que Kozinsky fez, foi algo até simples. Tom explicou durante sua passagem pelo País no final do mês passado que o diretor pegou algumas câmeras de alta definição e ficou semanas no topo de um vulcão no Havaí para registrar as formações de nuvens, o amanhecer e o pôr do sol. Essas imagens foram projetadas em enormes telas que rodeavam o estúdio. O resultado é incrível porque, ao ver, por exemplo, a Sky Tower, a casa de vidro onde Jack Harper (Cruise) e Victoria (a ótima Andrea Riseborough) moram, tudo é simplesmente tangível. Tanto que a cena mais espetacular do longa, plasticamente, é o mergulho noturno dos personagens numa piscina transparente que parece flutuar. Por se tratar de uma ficção científica, criar um mundo “real” vale muito.

Já a trama é exageradamente confusa. Jack e Victoria são os únicos humanos na Terra de 2077. Faz cinco anos que eles tomam conta do que sobrou do planeta (e que não está contaminado, ou pelo menos é o que eles acreditam). A missão, que terminará em duas semanas: garantir que enormes máquinas suguem o oceano para suprir a moradia espacial do que restou da humanidade após a invasão de ETs.

Ambos tiveram as lembranças apagadas antes de embarcarem à Terra, mas, enquanto Victoria limita-se a cumprir ordens, Jack é um sonhador que questiona a sua verdadeira função e sofre com fragmentos de memória que teimam em aparecer, como o rosto de uma misteriosa mulher (a ex-bond girl Olga Kurylenko, em pífia interpretação). E não é que ela, de repente, cai na Terra em uma espaçonave antiga, de 60 anos atrás. A partir daí, não dá para saber mais o que realmente é verdade ou não e nem se ela é realmente humana. A trama se transforma em um quebra-cabeça tão nebuloso que até os ETs que restaram e assombraram a vida de Jack têm a “função” questionada.

São tantas reviravoltas, que ficamos, o tempo todo, atrás de respostas, mesmo sabendo que elas não virão assim, tão facilmente. O problema são os muitos furos no roteiro, que incomodam tanto que chegamos ao ponto de não nos importar mais com o fato de nada daquilo fazer sentido. Até porque, mais uma reviravolta virá e levará as nossas poucas previsões embora. O pior deles acontece com Victoria, que acompanha atentamente tudo o que Jack faz na Terra por meio de inúmeras câmeras acopladas na espaçonave do mocinho. No momento crucial da história, ela não estava na mesa, sabe-se lá por qual motivo, para ver a principal luta do companheiro.

Só resta, então, o diretor, no final, pegar o telespectador pela mão para explicar tudo. A forma encontrada foi uma gravação da antiga espaçonave, mas até nisso há um furo absurdo. Como dito, ainda bem que as imagens são de tirar o fôlego.

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