Show do álbum "Aço da Terra" com João Paulo do Amaral (Divulgação)
São 20 anos de estrada que merecem ser comemorados com boa música. É por isso que nesta sexta, 6, às 20h, o violeiro João Paulo Amaral sobe ao palco do Sesc Campinas para o show de lançamento do álbum "Aço da Terra", em que une a sonoridade contemporânea às raízes de sua viola caipira. "São oito composições instrumentais e três canções, temas que venho reunindo nos últimos dez anos e que exploram gêneros como arrasta-pé, polca, chamamé, pagode caipira, moda de viola, cateretê, toada, samba e jazz em diferentes afinações da viola, como cebolão, boiadeira, rio abaixo e sobre-requinta", afirma.
O nome do álbum sintetiza a proposta de buscar uma sonoridade contemporânea e inventiva (Aço) sem renunciar às raízes tradicionais (Terra). No show, estarão presentes três convidados do álbum: Alberto Luccas (contrabaixo), Ana Luiza (voz) e Cleber Almeida (bateria). Mas na gravação participaram também Ricardo Herz (violino) e o pai do violeiro, Valdo (voz). "Aço da Terra" traz em seu repertório composições instrumentais inéditas de Amaral e seus arranjos para canções como Clube da Esquina II (Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges) e Cuitelinho (domínio público).
O músico e compositor, que nasceu em Mogi das Cruzes, mas mora em Campinas desde 1996, lançou esse álbum nas plataformas digitais em junho do ano passado, quando a pandemia ainda não permitia shows presenciais.
Boas influências
"O primeiro contato que tive com a música foi dentro de casa, ainda criança. Meus pais se conheceram num coral, gostavam de escutar discos e de cantar, assim como minhas três irmãs mais velhas. Tínhamos piano em casa, meu pai cantava e também tocava violão. Aos 13 anos, ganhei minha primeira guitarra, mas só decidi me dedicar integralmente à música quando já tinha 19 anos. Foi quando abandonei o segundo ano da faculdade de Engenharia", relata o músico.
Ele aprendeu a tocar viola principalmente a partir da vivência dentro da Orquestra Filarmônica de Violas, fundada por Ivan Vilela, em 2001, e que passou a direção para João Paulo, em 2011. Inclusive, ele comemora que, na semana passada, a Filarmônica sob sua direção foi homenageada durante a quinta edição do Prêmio Inezita Barroso de Música Raiz.
Além da carreira solo, em que tem dois álbuns gravados (Viola Brasileira, de 2010, e Aço da Terra, de 2021), o músico integra o Trio Conversa e já participou de festivais e concertos em Portugal, Espanha, Inglaterra, México e Estados Unidos, além de atuar na gravação de mais de 30 álbuns.
Graduado em Violão e Guitarra pela Unicamp, onde também fez a pós-graduação, quando pesquisou sobre a vida e a obra de Tião Carreiro, desenvolvendo o primeiro mestrado em música sobre viola no País. Hoje é professor da Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP) Tom Jobim e idealizador do Festival Viola da Terra, que terá uma nova edição em Campinas entre 16 e 19 de junho.
Novos Ritmos no disco
A música "De Abaeté a Campo Grande", que abre o álbum, é um moderno arrasta-pé misturado com polca paraguaia. Dedicado aos mestres Renato Andrade e Almir Sater, tem as participações de Alberto Luccas (contrabaixo acústico) e Cleber Almeida (bateria), parceiros de João Paulo Amaral desde o álbum "Viola Brasileira" (2010), pioneiro na concepção jazzística de trio com viola. Essa formação de trio permite aos músicos tocar com liberdade e inclui momentos em que a viola ponteia solos improvisados, uma das características diferenciais do violeiro presente também em outras faixas.
A composição para viola solo "Suíte Tião Carreiro", inspirada em 13 temas do Rei do Pagode, traduz em música a admiração e conhecimento adquiridos durante sua pesquisa de mestrado dedicada a esse ícone da viola e da música caipira. A cantora Ana Luiza participa de duas faixas, nas quais registra pela primeira vez sua voz em dueto com a do irmão: "Clube da Esquina 2" e a inédita e instrumental "A mulher e o mar". O violinista Ricardo Herz toca em duas faixas: "Tempero goiano", parceria da dupla, e "Refugiados da Luz", ambas também com Alberto Luccas e Cleber Almeida.
O álbum teve ainda a participação especial do pai de João Paulo Amaral, Valdo, que aos 82 anos gravou cantando em dueto seu poema "Remédio do Mato", musicado pelo filho - faixa que celebra o lado afetivo das cantorias, pescarias e convivência familiar que foram a primeira escola do violeiro. Para relembrar esse ambiente familiar de cantorias, durante o show ele fará um momento mais intimista cantando em duo com irmã Ana Luiza. "Aço da Terra" foi produzido com recursos do Proac.
PROGRAME-SE
Show do álbum "Aço da Terra" com João Paulo do Amaral
Quando: sexta-feira, 06/05, às 20h
Onde: Teatro do Sesc Campinas - R. Dom José I, 270/333, Bonfim
Ingressos: entre R$ 15,00 e R$ 30,00
Saiba mais: www.joaopauloamaral.com.br e @joaopauloamaral.official