O novo som das cordas

Violeiro João Paulo Amaral sobe ao palco do Sesc Campinas

O arranjador e compositor propõe novos caminhos musicais para a centenária viola caipira

Cibele Vieira
05/05/2022 às 09:29.
Atualizado em 05/05/2022 às 09:29
Show do álbum "Aço da Terra" com João Paulo do Amaral (Divulgação)

Show do álbum "Aço da Terra" com João Paulo do Amaral (Divulgação)

São 20 anos de estrada que merecem ser comemorados com boa música. É por isso que nesta sexta, 6, às 20h, o violeiro João Paulo Amaral sobe ao palco do Sesc Campinas para o show de lançamento do álbum "Aço da Terra", em que une a sonoridade contemporânea às raízes de sua viola caipira. "São oito composições instrumentais e três canções, temas que venho reunindo nos últimos dez anos e que exploram gêneros como arrasta-pé, polca, chamamé, pagode caipira, moda de viola, cateretê, toada, samba e jazz em diferentes afinações da viola, como cebolão, boiadeira, rio abaixo e sobre-requinta", afirma.

O nome do álbum sintetiza a proposta de buscar uma sonoridade contemporânea e inventiva (Aço) sem renunciar às raízes tradicionais (Terra). No show, estarão presentes três convidados do álbum: Alberto Luccas (contrabaixo), Ana Luiza (voz) e Cleber Almeida (bateria). Mas na gravação participaram também Ricardo Herz (violino) e o pai do violeiro, Valdo (voz). "Aço da Terra" traz em seu repertório composições instrumentais inéditas de Amaral e seus arranjos para canções como Clube da Esquina II (Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges) e Cuitelinho (domínio público). 

O músico e compositor, que nasceu em Mogi das Cruzes, mas mora em Campinas desde 1996, lançou esse álbum nas plataformas digitais em junho do ano passado, quando a pandemia ainda não permitia shows presenciais.

Boas influências 

"O primeiro contato que tive com a música foi dentro de casa, ainda criança. Meus pais se conheceram num coral, gostavam de escutar discos e de cantar, assim como minhas três irmãs mais velhas. Tínhamos piano em casa, meu pai cantava e também tocava violão. Aos 13 anos, ganhei minha primeira guitarra, mas só decidi me dedicar integralmente à música quando já tinha 19 anos. Foi quando abandonei o segundo ano da faculdade de Engenharia", relata o músico.

Ele aprendeu a tocar viola principalmente a partir da vivência dentro da Orquestra Filarmônica de Violas, fundada por Ivan Vilela, em 2001, e que passou a direção para João Paulo, em 2011. Inclusive, ele comemora que, na semana passada, a Filarmônica sob sua direção foi homenageada durante a quinta edição do Prêmio Inezita Barroso de Música Raiz. 

Além da carreira solo, em que tem dois álbuns gravados (Viola Brasileira, de 2010, e Aço da Terra, de 2021), o músico integra o Trio Conversa e já participou de festivais e concertos em Portugal, Espanha, Inglaterra, México e Estados Unidos, além de atuar na gravação de mais de 30 álbuns.

Graduado em Violão e Guitarra pela Unicamp, onde também fez a pós-graduação, quando pesquisou sobre a vida e a obra de Tião Carreiro, desenvolvendo o primeiro mestrado em música sobre viola no País. Hoje é professor da Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP) Tom Jobim e idealizador do Festival Viola da Terra, que terá uma nova edição em Campinas entre 16 e 19 de junho. 

Novos Ritmos no disco

A música "De Abaeté a Campo Grande", que abre o álbum, é um moderno arrasta-pé misturado com polca paraguaia. Dedicado aos mestres Renato Andrade e Almir Sater, tem as participações de Alberto Luccas (contrabaixo acústico) e Cleber Almeida (bateria), parceiros de João Paulo Amaral desde o álbum "Viola Brasileira" (2010), pioneiro na concepção jazzística de trio com viola. Essa formação de trio permite aos músicos tocar com liberdade e inclui momentos em que a viola ponteia solos improvisados, uma das características diferenciais do violeiro presente também em outras faixas.

A composição para viola solo "Suíte Tião Carreiro", inspirada em 13 temas do Rei do Pagode, traduz em música a admiração e conhecimento adquiridos durante sua pesquisa de mestrado dedicada a esse ícone da viola e da música caipira. A cantora Ana Luiza participa de duas faixas, nas quais registra pela primeira vez sua voz em dueto com a do irmão: "Clube da Esquina 2" e a inédita e instrumental "A mulher e o mar". O violinista Ricardo Herz toca em duas faixas: "Tempero goiano", parceria da dupla, e "Refugiados da Luz", ambas também com Alberto Luccas e Cleber Almeida. 

O álbum teve ainda a participação especial do pai de João Paulo Amaral, Valdo, que aos 82 anos gravou cantando em dueto seu poema "Remédio do Mato", musicado pelo filho - faixa que celebra o lado afetivo das cantorias, pescarias e convivência familiar que foram a primeira escola do violeiro. Para relembrar esse ambiente familiar de cantorias, durante o show ele fará um momento mais intimista cantando em duo com irmã Ana Luiza. "Aço da Terra" foi produzido com recursos do Proac.

PROGRAME-SE

Show do álbum "Aço da Terra" com João Paulo do Amaral

Quando: sexta-feira, 06/05, às 20h

Onde: Teatro do Sesc Campinas - R. Dom José I, 270/333, Bonfim

Ingressos: entre R$ 15,00 e R$ 30,00

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