memória afetiva

'Vale a pena ver de novo' é mote que não envelhece

Projetos de remakes de clássicos estão na pauta das principais emissoras brasileiras. O SBT mantém suas apostas na teledramaturgia. Depois do sucesso das novas versões de Carrossel e Chiquititas, Carinha de Anjo seguram o bom índice de audiência

Da TV Press
25/11/2017 às 22:28.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:29
Cena da nova versão de A Escolinha do Professor Raimundo, do Viva (Divulgação)

Cena da nova versão de A Escolinha do Professor Raimundo, do Viva (Divulgação)

Revisitar histórias, formatos e êxitos é uma atitude constante da televisão. De olho na memória afetiva do público e no apelo popular de tramas e produções de outrora, projetos de “remakes” de clássicos estão na pauta das principais emissoras brasileiras. O SBT mantém suas apostas na teledramaturgia. Depois do sucesso das novas versões de Carrossel e Chiquititas, Carinha de Anjo seguram o bom índice de audiência de suas antecessoras. Já a Record é a que menos aproveita a chance de reinventar e brincar com o passado. Depois do fracasso da Nova Família Trapo, que teve apenas uma temporada, a emissora tem preferido repetir exaustivamente suas tramas bíblicas em horários alternativos. Atualmente, a Globo vibra com os bons resultados dos “revivals” de A Escolinha do Professor Raimundo e Os Trapalhões. “Buscamos manter a essência do grupo. Mas tivemos a oportunidade de colocar elementos da atualidade nas piadas, como GPS e videogame”, afirma Péricles Barros, responsável pela redação final da nova fase de Os Trapalhões. O “remake” visa ocupar um horário ingrato para a Globo. Desde o sucesso alcançado pelo The Voice Kids na faixa vespertina dos domingos, a emissora ainda não conseguiu emplacar nenhuma outra produção — tentativas como Tamanho Família e A Cara do Pai não faltaram. “O programa representa um encontro de gerações. Quem já viu vai se divertir lembrando do passado. Para quem não viu, é uma excelente oportunidade de conhecer uma produção que marcou época”, justifica o diretor Fred Mayrink. O mesmo pensamento levou à criação da nova versão de Escolinha do Professor Raimundo, impulsionado ainda pela necessidade do canal Viva em criar novos conteúdos por causa da Lei da TV Paga. “A ideia nasceu porque tínhamos de produzir. Então pensamos em trazer de volta marcas de sucesso, em parceria com a Globo. É um encontro frutífero e não tem por que parar por aí”, avalia Letícia Muhana, que acumula os cargos de diretora do Viva e consultora da Globosat. Com a boa repercussão dos “remakes” de Carrossel e Chiquititas, o SBT decidiu não “inventar”. Por isso, sem pestanejar, a emissora de Silvio Santos estreou mais uma produção repaginada: Cúmplices de Um Resgate. Baseada no folhetim homônimo mexicano, também exibido pelo canal, a novela tem a assinatura de Íris Abravanel, responsável pela adaptação das outras duas produções infantojuvenis. “É mais um trabalho que busca reunir a família e garantir entretenimento para todas as idades”, justifica a autora. Com vários textos da Televisa — principal cadeia de tevê do México, Íris garante que escolheu Cúmplices de Um Resgate pela possibilidade de escalar Larissa Manoela como protagonista. Para trazer tramas passadas nos anos 1990 para os tempos atuais, Íris precisou adaptar as histórias. Por exemplo, aceitação e preconceito acabaram se tornando temas centrais de seus “remakes”. “O ‘bullying’ infantil sempre existiu, só não tinha essa nomenclatura. Ser criança hoje é muito diferente. É tanta informação e no meio disso é preciso tocar em assuntos relevantes para a sociedade”, analisa a autora, que manteve boa parte das espinhas dorsais das tramas, só tentando deixá-las o mais próximo da realidade brasileira. No caso do SBT, recriar obras infantis foi a salvação da audiência da emissora, que, além de garantir Ibope acima de dois dígitos, ainda se revelou um sucesso na comercialização de produtos voltados para o público das novelinhas. Na dianteira das duas produções, a autora se orgulha do êxito dos produtos e o SBT parece querer continuar recriando obras de origem latina que já figuraram em sua programação. “O trabalho de adaptação para qualquer mercado é complexo. E hoje, fazer um produto para crianças requer muito cuidado para garantir a classificação etária”, afirma Íris.

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