'Unidade Básica' ganha segunda temporada

O canal Universal TV estreou no último domingo, a segunda temporada da primeira série médica nacional, Unidade Básica, que tem como protagonistas os atores Caco Ciocler e a campineira Ana Petta, uma das criadoras da série junto com a irmã Helena Petta - médica infectologista - e Newton Cannito, que assina o roteiro em parceria com Marcos Takeda. Aliás, a ideia da série surgiu de um papo de Ana com Helena, que atuou um bom tempo no Sistema Único de Saúde (SUS), como médica na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Lucia, em Campinas. Aproveitando a experiência de Helena e as ideias criativas de Ana, elas procuraram o roteirista Newton Cannito que topou a proposta. “Juntos procuramos a produtora Gullane Filmes que também abraçou a ideia, partimos em busca de patrocínio, a Universal também aderiu e conseguimos concretizar o projeto”, conta Ana. A direção geral é de Caroline Fioratti e direção de episódios é dela e de Caco Ciocler, que faz sua estreia na direção audiovisual. A atriz, Helena e os irmãos Gustavo (vereador pelo PCdoB) e Renata, são naturais de Campinas. Ana e Helena saíram da cidade para estudar, respectivamente artes cênicas e medicina. Os pais e alguns tios – como o diretor e ator Jonas Lemos – continuam morando em Campinas. Produzida pela Gullane, a série é inspirada em casos reais e o enredo se desenvolve nas dependências de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), onde histórias emocionantes mostram como atua a medicina de família e o dia a dia de seus profissionais de saúde. “Partimos da experiência da Helena, mas fizemos uma pesquisa intensa, visitamos várias UBS, conversamos com outros profissionais e conseguimos reproduzir a realidade do SUS e da atenção básica”, diz Ana. Para ela, o essencial da série é justamente isso, “contar histórias do SUS, dos profissionais que atuam nas UBS, mostrar os dilemas, as angústias”. Com oito episódios, a nova temporada foi gravada em São Paulo e conta com a volta de Caco Ciocler e Ana Petta interpretando os protagonistas dr. Paulo e dra. Laura. Os atores Vinicius de Oliveira e Carlota Joaquina retornam com seus papéis da primeira temporada e ganham a companhia de Fabiana Gugli, Lina Mello e Gabriel Calamari. A produção brasileira retorna com novos casos e personagens na UBS. “A resposta do público foi muito positiva, a temporada foi um sucesso financeiro para o canal, tanto que estreamos a segunda e já estamos trabalhando na produção da terceira temporada”, comenta Ana. Um detalhe interessante refere-se aos estudantes e profissionais da área da saúde que acompanham a série. “Médicos da família, enfermeiros nos procuram para falar como se sentem reconhecidos. Ouvimos de vários estudantes que decidiram se voltar para a atenção básica por causa da série”, conta Ana. “Os episódios, inclusive, são usados como material didático por 10 faculdades brasileiras de medicina e uma de Harvard.” Na nova temporada, a dra. Laura buscará um equilíbrio entre o humano e o científico ao mediar o conflito entre o não tradicional dr. Paulo e a nova gerente, Cilene (Fabiana Gugli), que se interessa essencialmente pela produtividade. Ainda com algumas divergências, o reencontro entre os médicos promove um novo relacionamento que é desafiado por um ambiente em que as resoluções são sempre plurais, mas nunca simples, como nos casos de epidemia e violência doméstica. Sobre o trabalho com Caco Ciocler, Ana comenta: “Caco é um parceiro incrível, como ator e como diretor – ele dirigiu dois episódios desta segunda temporada. Há uma troca muito boa, conversamos muito sobre os temas, sobre tudo. É muito bom trabalhar com ele”. Ela destaca ainda que nesta temporada, a dra. Laura cresceu, amadureceu e vai se identificar com as pacientes. “Vamos abordar questões de saúde da mulher, como transfobia, direito reprodutivo, violência contra a mulher, feminicídio. E isso é muito oportuno, porque com a pandemia, o isolamento social, as agressões contra as mulheres aumentaram ainda mais”, coloca a atriz. A nova fase aborda conflitos mais latentes e sociais, como as questões de gênero, o corpo da mulher, a violência doméstica, o racismo, entre outros. Segundo Ana, desde que começaram a criar o projeto, ela e Helena amadureceram como feministas e ficaram mais atentas à urgência de levar esses temas para TV. “O que a pandemia nos mostra é que estas questões se agudizam no momento em que estamos vivendo”, afirma Helena. A segunda temporada traz ainda um conjunto de vulnerabilidades enfrentadas pelos profissionais de saúde. “Nunca poderíamos imaginar lançar a nossa segunda temporada em um momento como esse. Que cada episódio seja uma pequena homenagem aos profissionais de saúde, que estão na linha frente no combate a pandemia”, completa Ana. De acordo com a diretora Caroline Fioratti, a ideia foi tratar dos temas com o cuidado, com a força e com a coragem que eles exigem, trazendo novidades na linguagem da série, sempre com a intenção de aproximar a história e os personagens do espectador. O projeto gerou ainda um livro sobre o processo de criação e os bastidores da produção, Unidade Básica: a saúde pública brasileira na TV. Escrito por Helena Petta, a obra será lançada pela Editora Hucitec ainda este ano. E uma terceira temporada já está sendo preparada. As gravações começarão assim que for possível.Unidade Básica é exibido pelo canal Universal – 130-630 (HD) -, domingos, às 23h.