Bastam 48 horas para que o turista possa realizar os passeios mais clássicos das terras hermanas
O que você vai fazer no próximo fim de semana? Talvez pareça loucura à primeira vista, mas se programar para curtir um sábado e domingo em Buenos Aires pode ser algo mais viável do que você imagina, e até mais barato que voar para muitos destinos no Nordeste, partindo de Campinas, para efeito de comparação. Se 48 horas podem não ser suficientes para desbravar a capital argentina como ela merece, ao menos é um tempo que já permite ao viajante realizar os passeios mais clássicos em terras hermanas, que incluem pontos turísticos como a Casa Rosada e o Obelisco, além de cafés, jardins, culinária típica – com menção honrosa ao churrasco e aos alfajores – e até cemitério (você entenderá melhor no decorrer deste texto). Desde janeiro, o Aeroporto Internacional de Viracopos passou a contar com voos diários a Buenos Aires, operados pela Azul Linhas Aéreas, com duração de aproximadamente três horas. Embarquei no voo inaugural da rota e compartilho agora algumas dicas para uma viagem de dois dias pela Terra do Tango. DIA 1 – Dos passeios clichê aos alternativos, com tango e alfajor Logo na chegada, deixei as malas no hotel e fui caminhar a pé pela Calle Florida, ou Rua Florida, a rua mais famosa da cidade. É a “13 de Maio” dos argentinos, mas bem mais extensa, com dez quadras e incontáveis restaurantes, galerias, bancas de jornais, câmbios para trocar reais por pesos, lojas, e casas de alfajor – faço aqui minha propaganda gratuita ao Abuela Goye, uma das melhores marcas do doce que experimentei. Por falar em comida, saboreei uma empanada de carne e outra de frango logo que cheguei à Calle Floria, e segui a caminhada. A rua é aberta só para pedestres, e o vaivém de pessoas é intenso. Há artistas de rua e estátuas vivas em cada esquina e, dependendo da hora do dia, também é possível encontrar casais dançando tango, num convite para um espetáculo maior em alguma das centenas de casas voltadas ao gênero musical espalhadas pela capital argentina. O nosso país vizinho atravessa momento econômico dos mais complicados e, apesar de Buenos Aires explorar muito sua vocação turística, não chega a ser uma cidade muito cara para um viajante como alguns destinos nos Estados Unidos ou na Europa. O custo para alimentação ou deslocamento, de táxi ou Uber, se assemelha bastante com cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, portanto, até dá para visitar alguns dos pontos turísticos sem gastar tanto tempo e dinheiro com transporte. Você não vai gastar nem o equivalente a R$ 10 de Uber da Rua Florida à Plaza de Mayo e já poderá conhecer ali locais como a Catedral Metropolitana, com diversas referências ao papa Francisco, e a famosa Casa Rosada, de onde despacha o presidente Mauricio Macri, com visitas guiadas ao museu com mais de 10 mil objetos históricos de todos os presidentes argentinos. Quando bater a fome, ali pertinho tem o medialuna (espécie de croissant) mais ilustre de Buenos Aires, no Café Tortoni. Deixando a praça, você pode visitar o Obelisco (foto), um dos símbolos da Argentina, em três minutos de carro ou 15 a pé. O monumento fica na 9 de Julho, a avenida mais larga do mundo, com 18 faixas de rolamento. Seu city tour no primeiro dia por Buenos Aires pode ser encerrado com passeios “menos clichê”, mas indispensáveis, como o Cemitério da Recoleta, na Avenida del Libertador. Sim, um cemitério é um dos principais pontos turísticos da cidade, repleto de história e visitantes o dia todo. Lá estão enterrados presidentes, ganhadores do Prêmio Nobel, escritores conhecidos e outras personalidades importantes, como Evita Perón. O local fica aberto das 7h às 18h, com entrada gratuita. Aproveite para atravessar a avenida do cemitério e tirar uma foto na “flor de metal”, que fica num belo parque e se movimenta o tempo todo, lentamente. Quando cai a noite, entra em cena a agitada vida noturna de Buenos Aires. O bairro de Puerto Madero, às margens do Rio da Prata, tem um calçadão gigante cercado de bons restaurantes e bares. Em Palermo, região mais boêmia do município, há opções de bares e baladas para todos os gostos também. Mas se sua ideia é viver uma experiência argentina por completo, há casas de show de tango por toda a cidade, como a Esquina Carlos Gardel e o Tango Porteño – todas oferecem jantares regados a vinho durante as apresentações musicais. DIA 2 – Caminito, futebol e churrasco argentino Se você não exagerou no vinho na noite anterior, é hora de acordar cedo porque este é um roteiro para só dois dias de viagem. Sugiro começar seu dia passeando pelo charmoso bairro de San Telmo, com suas ruas estreitas de paralelepípedos e até cadeiras com estátuas da Mafalda, antiga personagem dos quadrinhos desenhada pelo cartunista argentino Quino. Depois, gostando ou não de futebol, conhecer a La Bombonera (foto) é um passeio dos mais interessantes. O estádio do Boca Juniors leva esse nome por se assemelhar a uma caixa de bombons. É um dos estádios mais famosos do mundo, com capacidade para 49 mil espectadores. Para meu azar, não tinha jogo do Boca no fim de semana em que estive em Buenos Aires, mas o passeio pelas arquibancadas e pelo Museo de la Pasión Boquense já dá um pouco da dimensão da atmosfera que esse templo da bola possui. Ao redor do estádio, há dezenas de lojas com souvenirs do time e barracas com comida de rua tipicamente argentinos. Experimentei o choripán, um lanche com duas fatias de pão e linguiça assada na churrasqueira com um molho de chimichurri, que leva especiarias e ervas desidratadas. Bom para recarregar as energias e seguir a pé para outra atração turística da cidade que fica a poucos metros dali: o Caminito. Trata-se de um calçadão de 150 metros repleto de casinhas coloridas de madeira e chapas de zinco onde funcionam vários comércios e moradias. A história do local é curiosa. Essa ruela surgiu com a chegada de imigrantes espanhóis e italianos no final do Século 19. Eles se estabeleceram naquela região montando seus cortiços e pintando as casas com os restos de tinta que encontravam. Com as pernas já sentindo o cansaço de dois dias de muita caminhada, tirei o final de tarde para descansar e contemplar o pôr do sol na Plaza Intendente Alvear deitado no gramado e até me esquecendo por alguns minutos que estava numa grande metrópole. Para encerrar a viagem, não podia deixar de experimentar o famoso churrasco argentino. Fui no La Cabrera, um rústico restaurante que funciona desde 2002 e é uma unanimidade na cidade. Se você chegar depois das 19h, certamente vai precisar aguardar um tempo na fila de espera, que é plenamente recompensado depois de saborear o bife chorizo, bife ancho ou ojo de bife. Com a barriga cheia e boa parte de Buenos Aires já descoberta, chega a hora triste de voltar ao hotel, fazer as malas e voltar para casa. O repórter viajou a convite da Azul Linhas Aéreas.