O espaço cultural Fêmea Fábrica reinaugura sua sede neste sábado, em imóvel histórico, com exposição de Kate Manhães
Fachada do imóvel que abriga o novo espaço cultural da região central (Divulgação)
A Fêmea Fábrica - um coletivo cultural criado há três anos em Campinas - inaugura sua nova sede neste sábado, 1º de abril, com a exposição "Um Corpo, Só", da artista Kate Manhães. O evento, gratuito, será uma oportunidade para conhecer os ateliês de oito artistas (de artes visuais, cinema e literatura) que ocupam o local e estarão abertos neste dia. O casarão de 1932, que fica em frente ao Largo do Pará, foi construído em tempos de riqueza do café, tanto que teve a fachada tombada pelo patrimônio histórico. A artista Camilla Torres, uma das idealizadoras do coletivo, acredita que ele ajudará a revitalizar o Centro e a ampliar o acesso da população à arte e à cultura.
O casarão de 280 m2 já foi ocupado por uma escola e tem um pequeno palco instalado no amplo quintal, que será utilizado para eventos culturais. Os espaços internos da casa foram ocupados pelas salas de exposição, salas de aulas, ateliês e oficinas, que darão continuidade ao trabalho que já era desenvolvido na sede anterior do coletivo Fêmea Fábrica, antes instalada na Rua Luzitana. Camilla Torres explica que desde o início do ano os artistas estão trabalhando na adaptação da casa para receber as atividades, "mas com a preocupação de preservar e fazer coexistir a ideia de cultura contemporânea em contraponto à história e ao patrimônio arquitetônico do lugar".
Aglutinar várias vertentes artísticas é a ideia dos artistas que ocupam o espaço e trabalham com editais e projetos com aportes pontuais de financiamento. Além da parte artística e cultural, feita de maneira espontânea e sem pagamento, eles desenvolvem suas artes profissionalmente na prestação de serviços nas esferas de arte digital, escultura, pintura, graffiti e arquitetura. "Pensamos numa perspectiva de autogestão focada na realidade mais solidária - educativo de exposições e oficinas - com artistas independentes onde todos participam da manutenção do espaço e compartilham as decisões sobre ele", explica Camilla. Fêmea Fábrica promove encontros entre artistas, exposições, oficinas, lançamentos literários e residência artística.
Coordenado por Camilla Torres e Giselle Freitas, o espaço coletivo abriga os ateliês de outros seis artistas: Alexandre Silveira, Amanda Letícia, Gim Martins, Leo Nucci, Lucas Vega e Paula May. A mudança para a nova sede conta com a aprovação de um projeto no ProAC de 2022, que ajudou na manutenção do casarão. O espaço é aberto para discutir também projetos de outros artistas. Pouco se sabe sobre a história do casarão, inclusive o processo de tombamento tem poucas informações sobre isso. Camilla diz que conversas entre vizinhos indicam que ali já morou um pintor de nome Armando, mas não conseguiram levantar ainda outros dados sobre ele. Por isso, se alguém tiver informações que ajudem a montar o histórico do local, pode entrar em contato pelo e-mail femeafabrica@gmail.com
Kate Manhães diante de uma de suas obras. Abaixo, mais criações (Divulgação)
A arte de Kate Manhães
Carioca de nascimento, mas campineira de criação, Kate Manhães conta que está na cidade há mais de 30 anos. "Minha trajetória se confunde com história da cidade", diz. A artista visual participou de um movimento de resistência de artistas que ocupou o Museu da Imagem e do Som (MIS) há alguns anos, para evitar que ele saísse do Palácio dos Azulejos. Nesse movimento nasceu a ideia do Ateliê Oráculo, que hoje ela compartilha com outra artista na Vila Industrial. A exposição individual "Um Corpo, Só", que será inaugurada neste sábado na nova sede do Fêmea Fábrica, conta com mais de uma dezena de grandes painéis, onde a artista questiona o corpo com sua solidão e sua condição humana.
"É uma discussão sobre a condição humana e a forma como manuseamos o corpo nesse espaço/tempo contemporâneo, tão rápido", comenta Kate. Seus quadros, produzidos em óleo sobre papel e sobre tela, têm como influência o movimento modernista na questão técnica e o pósmodernista no sentido de não sintetizar ou fechar a narrativa. "O corpo humano é desconstruído ou deformado segundo princípios que vão da ironia ao puro desgaste de uma ideia e propõe assim uma interpretação mais geral da humanidade. Do caos ao tédio, questiona a disforia violenta de um tempo marcado pelo desencanto. O ponto de partida é o espaço e o corpo, mas sempre existe abertura para discussões", explica a artista.
PROGRAME-SE
Reabertura do Fêmea Fábrica com a exposição "Um Corpo, Só"
Quando: sábado, 01/04, das 15h às 20h. Visitação até 22 de abril com agendamento por e-mail: femeafabrica@gmail.com
Onde: R. Barão de Jaguara, 576, Centro
Entrada Gratuita
Informações: Instagram @femeafabrica