HUMOR

Último livro de Henfil é relançado pela Editora Karup

'Como se Faz Humor Político', publicado originalmente em 1984, ganha nova edição: Henrique de Souza Filho (1944-1988) foi o mais brilhante cartunista brasileiro de sua geração

Marita Siqueira
15/02/2015 às 11:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 19:11
Público prestigia a abertura do Carnaval ( Leandro Ferreira/ AAN)

Público prestigia a abertura do Carnaval ( Leandro Ferreira/ AAN)

Nestes tempos em que publicar uma charge pode ter consequências terríveis, discutir o humor tornou-se inevitável dentro e fora do meio jornalístico. Sendo assim, por que não rever um pouco a história do mais brilhante cartunista brasileiro de sua geração, Henrique de Souza Filho (1944-1988), o Henfil, considerado um mestre da tragicomédia nacional? Pois o último livro do artista, 'Como se Faz Humor Político', originalmente publicado em 1984, foi relançado agora pela Editora Kuarup, com prefácio de Sérgio Augusto.   A obra traz depoimentos do artista ao jornalista e amigo Tárik de Souza em forma de bate-papo. Isso porque o livro nasceu a partir de uma encomenda feita a Henfil pela Editora Vozes, em parceria com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), para que ele escrevesse algo com esse título a fim de integrar a Coleção Fazer. Ao invés de redigir o texto, o cartunista convidou Tárik para entrevistá-lo sobre o assunto em questão. “Gravador ligado, o que rola neste livro é quase um improviso jazzístico. Não houve pauta, nem quaisquer perguntas combinadas previamente”, escreveu Tárik na apresentação.    'Como se Faz Humor Político' revela os detalhes do ofício do criador de personagens clássicos, como Fradinho, Graúna, Bode Orellana, Ubaldo, o Paranoico, o polêmico Cabôco Mamadô, entre outros. Para Tárik, foi importante desvendar um pouco da alma e do processo criativo do cartunista que “conseguiu realmente atingir o grande público, rompendo a barreira do intelectualismo, que limita muitos de nossos artistas”, afirma. “No livro é possível entender que mesmo com as limitações físicas de sua hemofilia ele procurou ‘tomar todos os bondes da história’. Ou seja, foi um artista engajado, que não ficava na torre de marfim”, completa.   Um artista engajado, como bem disse o escritor, e contemporâneo, visto a abordagem de temas que, no momento político atual, continuam pertinentes. “Nesta época de ceticismo e destruição de valores políticos, a atualidade do livro vem exatamente de sua postura idealista e solidária. Com seu trabalho, Henfil visava realmente fazer o melhor pelo País, conscientizando as pessoas e despertando-as para a luta contra os opressores, que mudaram de discurso, mas continuam ativos”, diz o jornalista, frisando que o dialogo se deu por respeito do assunto central, levantando questões próximas e discutindo atitudes, inclusive a autoanalise “sem receios de sua atuação como artista e pessoa.” O cartunista   Henfil nasceu em Ribeirão das Neves (MG) em 5 de fevereiro de 1944. Estreou como ilustrador aos 20 anos na revista Alterosa, de Belo Horizonte (MG), na qual criou Os Fradinhos. Em 1965, tornou-se colaborador do jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Dois anos depois vieram as charges esportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Seus trabalhos também estiveram presentes nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro, até que em 1969 passou a atuar no Jornal do Brasil e O Pasquim. Nessas publicações, seus personagens ganharam visibilidade, e em seguida criou a revista Fradin. A sátira e a crítica eram as marcas das suas obras que perpetuam na memória dos brasileiros. Assim como outros dois de seus irmãos, o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário, Henfil era hemofílico e morreu aos 43 anos, no Rio de Janeiro.SERVIÇO   'Como se Faz Humor Político - Depoimento a Tárik de Souza' Editora Kuarup, 128 págs.   R$ 38,00 (preço sugerido)

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