HOMENAGEM

Última morada do maestro Carlos Gomes

Carlos Gomes: Monumento túmulo, na Praça Bento Quirino, foi resultado de saga que atravessou décadas

Agência Anhanguera de Notícias
24/09/2019 às 12:45.
Atualizado em 30/03/2022 às 11:37

Um evento especial na próxima qunta-feira, dia 26 de setembro, marca o lançamento do livro Carlos Gomes - A Última Morada, quarto volume da série especial de livros sobre a trajetória – emocionante – do maestro Antônio Carlos Gomes, que nasceu em Campinas e construiu uma carreira consagrada nos palcos mais refinados da Europa. A história do maior compositor brasileiro de música clássica de todos os tempos é contata pelo historiador Jorge Alves de Lima, que também preside a Academia Campinense de Letras (ACL), e dedicou nada menos que 20 anos para estudar, de maneira apaixonada, os episódios da vida do filho mais ilustre da cidade. Desde o primeiro volume da série, Carlos Gomes - Sou e Sempre Serei o Tonico de Campinas, publicado em 2016, Jorge vasculhou documentos e imagens de época, em bibliotecas públicas e acervos particulares. E tomou o cuidado de apurar a verdade das informações, com a pesquisa paciente de jornais de época. O resultado, para quem teve o prazer de ler, é um relato minucioso da sociedade de então. O cidadão de hoje pode se deliciar com uma viagem no tempo, e é apresentado a uma Campinas única. A mesma cidade da elite cafeeira que aplaudia concertos internacionais tinha a massa miserável que pedia esmola nas ruas. Uma cidade que revelou um gênio, mas que a história nunca lhe rendeu o tributo merecido. Esta é, sem síntese, a proposta do autor: render, sim, uma homenagem justa a um talento incomparável. Trajetória Nas três primeiras edições, a obra mostra como o compositor nasceu, como o talento raro chamou a atenção da sociedade, conquistou a crítica, lotou auditórios. Mas a série também mostra os capítulos tristes. O maestro adoeceu, buscou refúgio em solo brasileiro, foi acolhido no Pará, lá morreu. Foi só naquele triste 16 de setembro de 1896 – data em que o maestro partiu – que Campinas passou a se sentir obrigada a reconhecê-lo. Começou, então, a saga contada em detalhes no quarto livro. Da morte em Belém (PA) ao sepultamento definitivo do corpo – no elegante Monumento-Túmulo, da Praça Bento Quirino, em Campinas – a comunidade assistiu a quase uma década de brigas, polêmicas, desencontros, protestos. Se perderam horas, sessões intermináveis em gabinetes públicos. Se discutia o projeto do mausoléu, onde ele ia ser construído, quem ia pagar a conta... Houve contestação, denúncias, discursos apaixonados. A novela acabou no chuvoso dia 5 de julho de 1905, quando a esquife com os restos mortais do maestro foram depositadas no Monumento-Túmulo imponente, sob os olhares de artistas, políticos e jornalistas do mundo todo. É como se aqueles pingos da chuva acalentassem milhares de corações que, em praça pública, finalmente prestavam uma homenagem digna ao gênio. O quarto livro, aliás, tem o prefácio assinado pelo maestro Júlio Medaglia, ícone da cultura nacional, mais que ninguém sabedor da importância histórica de Carlos Gomes. O autor prevê para 2021 o lançamento do quinto e último volume da série histórica, que vai tratar do legado cultural do maestro Carlos Gomes. Livro mostra o cotidiano da urbe naquela época No ano de 1898, as páginas do velho Diário de Campinas, respeitadíssimo, contavam que as lideranças políticas da cidade estavam envolvidas no debate sobre a construção de um túmulo e de um monumento em homenagem a Carlos Gomes. A notícia disputava espaço com episódios do cotidiano da urbe, como a briga entre lideranças republicanas, a programação cultural, os casos policiais e até as hilárias brigas por aventuras sexuais, que levavam traídos, traidores e amantes até a delegacia. Mas Carlos Gomes, isso sim, era tema de primeira página. O corpo do maestro, desde 1986, repousava em uma carneira cedida do mausoléu da família Ferreira Penteado, no então Cemitério do Fundão (hoje Cemitério da Saudade). Se falava em uma sepultura refinada no próprio cemitério e uma escultura em praça pública. Em seguida, as lideranças políticas sugeriram uma escultura no Largo da Catedral (bem no local onde existe hoje a estátua de D. Nery). Em 1899, aliás, chegaram a lançar a pedra fundamental do monumento. Coube ao próprio escultor Rodolfo Bernardelli (consagrado, dirigente da Escola Nacional de Belas Artes) recusar a localização prevista, e sugerir o terreno da Praça Bento Quirino, onde há pouco tinha sido demolido o antigo prédio da Cadeia Pública. A pedra-fundamental do mausoléu definitivo foi lançada em 1903. E a cerimônia de inauguração, em 1905, é lembrada nos compêndios da história pela imagem da profusão imensa de guarda-chuvas e sombrinhas, ao redor do monumento, onde o povo ouvia atento ao discurso emocionado do letrado César Bierrembach, que fez as últimas e definitivas homenagens ao maestro. AGENDE-SE O quê: Lançamento do livro Carlos Gomes – A última morada, de Jorge Alves de Lima Quando: Quinta-feira (26/9), às 19h Onde: Rias Restaurante, no I Am Hotel Residence (Rua dos Alecrins, 745 , Cambuí) Quanto: Entrada franca(estacionamento no local com manobrista opcional). (O livro custa R$ 60,00) Obs: Quem tem interesse em comprar um exemplar e não pode ir ao lançamento pode fazer sua encomenda com a Margarete, da Editora Pontes, pelo 3252 6011. Os interessados também podem conseguir informações sobre como conseguir os três primeiros volumes da série Carlos Gomes: Sou e sempre serei o Tonico de Campinas; Uma nova estrela; O sono eterno no berço natal (Da Agência Anhanguera)

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