CULTURA

Três vitrines pelo mundo para a arte brasileira

No mesmo mês, a artista plástica campineira Flávia Jackson marca presença em três importantes museus nos EUA e no Egito

Aline Guevara/[email protected]
18/05/2024 às 10:16.
Atualizado em 18/05/2024 às 10:16
‘A arte é libertadora. Com ela, a minha mensagem é entendida imediatamente, por qualquer pessoa do mundo, sem precisar de nenhuma palavra’, afirma a artista Flávia Carvalho Jackson (Sabrina Camila)

‘A arte é libertadora. Com ela, a minha mensagem é entendida imediatamente, por qualquer pessoa do mundo, sem precisar de nenhuma palavra’, afirma a artista Flávia Carvalho Jackson (Sabrina Camila)

Pinturas da artista brasileira radicada nos EUA Flávia Carvalho Jackson estão expostas, desde ontem, no Museu Nacional da Civilização Egípcia, no Cairo, no Egito. Mas essa é só a primeira parada, já que em menos de um mês ela marca presença em outros dois museus: o Kraan Art Museum e o Metropolitan Museum, ambos em Nova York, nos EUA. “É uma conquista muito grande. Uma mulher no mundo da arte já é minoria. Agora, uma mulher, brasileira, latina, imigrante ter seu espaço reconhecido no mercado de arte nos EUA e ocupar os principais museus do mundo é sinônimo de seguir o coração e romper com os limites que somos forçadas a ajustar”, descreve a artista.

Flavia aponta para o fato de que poucos artistas expostos em museus mundo afora são mulheres, “de 6 a 11% do total”. E ela agora tem essa oportunidade singular e intensa. No Cairo, a artista plástica expôs duas telas que haviam sido selecionadas para a mostra “Empower Her” (“Empodere Ela”, em tradução do inglês). “Um evento desse, em um país como o Egito, já é para ser comemorado. Porque lá a discussão tem um outro tom”, afirma.

A campineira cedeu os dois quadros para a exposição que vai durar até 22 de maio. “Endurance” é um retrato feminino abstrato com elementos que mostram, ao mesmo tempo, uma majestade e também uma pessoa quebrada. “É sobre quando a mulher tenta assumir o protagonismo da vida dela, vai trabalhar, precisa deixar os filhos com alguém, às vezes é mãe sozinha, fica sobrecarregada e ninguém vê essa dor. Só ela sabe todo o julgamento e desprezo que recebe, mesmo seguindo o seu coração. É triste entender a dinâmica do mundo em relação à mulher.” Mas, como o quadro sugere e Flávia reforça, essa mulher pode balançar, mas não vai quebrar. Já “Flower”, sua segunda obra, representa a resistência da florada após um Inverno que parece ter devastado tudo. A artista considera que devemos ser gentis e valentes como as flores.

No dia 24 de maio, Flávia é convidada para apresentar, em um vernissage, a obra “Anima” (alma, em italiano) no Kraan Art Museum, nos EUA. Na tela, a campineira criou uma silhueta feminina que traz em si mistério, força e leveza. “Nas peças, procuro sempre colocar esse poder da mulher, de não desistir, de resiliência e permanência. De esperança também”, explica.

E no dia seguinte, 25 de maio, a artista vai ao Metropolitan Museum para o lançamento do livro “Atlante Dell Arte Contemporanea”, o anuário de arte mais antigo da Itália que tem, entre outros elementos, diversas fotografias de obras selecionadas pela curadora italiana Roseli Crepaldi. Uma dessas obras é a escultura de Flavia, intitulada “Equilibrium”. “Apesar de cada peça da escultura ser completamente diferente uma da outra, o encaixe entre elas é perfeito”, detalha a campineira sobre sua obra feita de gesso, fibra de vidro e concreto.

Flávia recusa definições sobre sua arte. “Não tem como eu descrever sentimentos sempre da mesma forma.” Como imigrante, ela lembra ter sofrido com a aprendizagem com o novo idioma no início. “A arte é libertadora. Com ela, a minha mensagem é entendida imediatamente, por qualquer pessoa do mundo, sem precisar de nenhuma palavra. Ela toca corações”, conclui a artista, que não vê fronteiras ou barreiras para a arte.

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