'claridade'

Trama de autor paulista tem Campinas como cenário

Morando há 10 anos na capital fluminense, Moraes ambientou seu livro na Campinas de sua juventude. Ele se formou em Direito em Campinas e aos 23 anos se mudou para São Paulo, voltou para a cidade natal por um tempo, até se mudar para o Rio

Delma Medeiros
26/04/2018 às 22:06.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:57
Radicado no Rio, Renato Moraes ambienta história em sua cidade natal (Arquivo pessoal)

Radicado no Rio, Renato Moraes ambienta história em sua cidade natal (Arquivo pessoal)

O advogado campineiro radicado no Rio de Janeiro, Renato Moraes, lançou nesta quinta-feira (26), no Rio de Janeiro, seu romance de estreia, Claridade, uma publicação da Editora Record. Morando há 10 anos na capital fluminense, Moraes ambientou seu livro na Campinas de sua juventude. Ele se formou em Direito em Campinas e aos 23 anos se mudou para São Paulo, voltou para a cidade natal por um tempo, até se mudar para o Rio. “A história se passa na Campinas do início dos anos 2000. Busquei representar na história o tipo de vida que levavam as famílias da cidade naquela época. Tem uma família que mora no bairro Guanabara, falo da Unicamp, do Cemitério da Saudade, de ruas do Centro. A trama se desenrola na mesma época em que o prefeito Antonio da Costa Santos (Toninho) foi assassinado”, coloca. Moraes lembra que nesse período Campinas enfrentou um pico de violência e criminalidade. E ele leva isso em conta no romance. A família do Guanabara é vítima de latrocínio. O pai morre numa tentativa de assalto. “O personagem principal, um advogado da cidade, cuja noiva morre no início da trama, se encontra e se relaciona com essa família. Tentei fazer um retrato da sociedade e da vida na cidade naquele período conturbado.” O romance acompanha a história de Ricardo, a partir da morte prematura da noiva, e também os caminhos de Gabriela, ao lado das filhas Simone e Catarina, na tentativa de retomar a vida depois do assassinato do marido num assalto. “O tema principal de Claridade é a graça e as muitas coisas que há entre o céu, a cidade de Campinas e os personagens que se movem por ela – personagens reais como a vida, que nos deixam saudades quando estamos longe, e felizes de verdade por reencontrá-los, ao retomar a leitura”, cita o advogado e escritor Rodrigo Duarte Garcia na orelha do livro. “Renato Moraes conta uma grande história, com leveza, suavidade e a precisão cirúrgica de quem sabe que, se a realidade é misteriosa demais para precisões cirúrgicas, é também ordenada a cada folha caída, cada encontro na rua, cada abertura e cada recusa. No ordinário de vidas simples e eventos aparentemente corriqueiros, Claridade abraça todo o extraordinário da existência em telas e lições que, apesar das tragédias do mundo, não são de abismos, mas da luz que os inunda quando enfim amanhece”, finaliza Garcia. Em Campinas, o livro tem lançamento previsto para 7 de junho na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, com bate-papo com o juiz André Fernandes, articulista do jornal Correio Popular. TRECHO DO LIVRO “(…) Depois de alcançarem a rua central [do cemitério da Saudade], andaram na direção oposta à entrada principal e, no meio de uma quadra, à direita, encontraram um grupo numeroso, formado principalmente por senhoras idosas simples, que recitavam orações em voz alta. Aglomeravam-se em volta de um túmulo pobre, quase ao rés do chão, que mal se podia observar no meio das flores que o cobriam. Na frente, Catarina pôde ver várias placas pequenas cimentadas, que tomavam toda a superfície da sepultura e se derramavam pelo chão ao redor, nas quais estavam escritas frases como: “Por uma graça recebida”, “Agradeço uma graça”, “Obrigada pelo favor recebido”. — Este deve ser o túmulo mais visitado do cemitério — explicou Ricardo. — É de um escravo liberto chamado Toninho, que ganhou fama de santo e milagreiro. Sempre tem gente rezando aqui. Neste mausoléu ao lado está a antiga proprietária dele, a baronesa Geraldo de Rezende. Não deixa de ser uma deferência, que ela o enterrasse ao lado do jazigo da família (...). Aposto que a baronesa nunca imaginou que se lembrariam dela por causa do escravo. Ela é nome de rua, o que não é lá grande coisa. Um padre do colégio nos contou essa história e concluía, para nos deixar a lição de moral: “Ela foi rica e importante, e agora é o escravo que atrai a multidão.” SOBRE O AUTOR Renato Moraes nasceu em Campinas em 1971, onde se formou em direito. Fez mestrado na USP e doutorada em filosofia na UFRJ. Além de exercer a advocacia, é professor de Direito na UFRJ. Trabalhou como editor da revista cultural Dicta&Contradicta, publicada em São Paulo pela Civilização Brasileira em 2008. Também escreveu artigos e livros sobre temas culturais e acadêmicos, nas áreas de direito, filosofia e literatura. Claridade é seu primeiro romance. SERVIÇO Claridade, de Renato Moraes, Editora Record, 546 páginas, R$ 69,90

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