Territórios Negros na tela

"Territórios Negros: Virada Afro Cultural e a Construção de um Quilombo na Cidade das Andorinhas" é o nome do média-metragem documental que terá seu primeiro episódio exibido hoje (dia 13) em um evento multicultural na Sala dos Toninhos, localizada dentro da Estação Cultura. Com abertura às 16h, a programação terá, além da exibição do filme, uma apresentação da DJ Majestade e do Samba de Bumbo, com Nhô Arruda, e uma roda de conversa sobre a cena preta e o cinema nacional. A entrada é gratuita, haverá distribuição de pipoca, acessibilidade em Libras e o encerramento está previsto para 22h.

A proposta do documentário é promover um olhar atento sobre a história e os desafios enfrentados pelas populações negras ao longo dos séculos. Ao focar na valorização dos espaços de resistência cultural, a produção destaca a importância da preservação das manifestações culturais negras em um país marcado por profundas desigualdades sociais e históricas. Com uma narrativa forte e tocante, o "Territórios Negros" busca despertar a reflexão sobre a importância da identidade negra na formação da sociedade brasileira, além de dar visibilidade a esses territórios que resistem em Campinas e criam novas formas de expressão cultural, mesmo diante das adversidades.

Participam da roda de conversa Duda Crespa — responsável pela produção de acessibilidade do projeto —, Robson Arruda, Camila Novaes e Daniel Almeida — que levou o nome da região para o Oscar com sua participação no filme "Ainda Estou Aqui". A responsabilidade de mediar essa roda de conversa é do produtor cultural e coordenador geral Jonatas Akin. A expectativa dos organizadores é que essa vivência reúna várias personalidades da cena preta em Campinas. O projeto foi contemplado no Edital de Fomento Audiovisual, com recursos da Lei Paulo Gustavo. 

CORREDORES CULTURAIS

O minidocumentário aborda a construção dos corredores culturais pretos da cidade de Campinas, entremeados à produção cultural afro-referenciada atual. A obra compõe uma demarcação simbólica desses locais, entendidos como 'territórios negros'. Como pano de fundo está o movimento ancestral sankofa — que ensina a volta às raízes como potencial para avançar —, 'reverenciando os nossos do passado, do presente e que virão, para a construção desse grande quilombo, ou talvez aquilombamento, na cidade das andorinhas", relata Jonatas Akin.

A concepção do projeto surgiu com a experiência da Virada Afro Cultural, que teve três edições em Campinas com uma produção cultural diferenciada, realizado inteiramente por e para pessoas pretas. "Nossos quilombos urbanos, nossos territórios negros, esses corredores culturais de negros realizam muito, e com o Festival mostramos um pouco dessa produção cultural afro-referenciada que acontece nesses espaços mapeados pelo documentário", explica o coordenador geral do projeto.

A ideia era dar visibilidade a esses territórios com um registro audiovisual, por isso foi montada a proposta do projeto, para o edital Paulo Gustavo municipal, para fazer o minidocumentário. No evento de hoje será exibido o primeiro episódio, gravado em 2024. "Com esses trabalhos, queremos dar continuidade ao enfrentamento contra o racismo e o capacitismo, pois entendemos que essa é uma luta muito importante que precisa ser reforçada." 

PERSONAGENS REAIS

Os personagens dessa primeira etapa do documentário são lideranças negras que atuam no município e que têm trajetórias consolidadas na construção e organização desses territórios. Ele cita como exemplos os responsáveis por locais que hoje resguardam a história e mantêm a resistência negra na cidade. Entre eles, estão Alessandra Ribeiro, da Casa de Cultura Fazenda Roseira e seu jungo; o mestre Topete, da Escola de Capoeira Angola Resistência; Camila Novaes e Robson Arruda, do Movimento Cultural Nhô Arruda; Rosa Sales, do Grupo de Teatros e Danças Populares Urucungos; TC Silva, coordenador da Casa de Cultura Tainã; os produtores culturais Jonatas Akin e Hélio Zulu; além da produtora cultural Bruna Camargo.

“A construção imagética da Virada Afro Cultural serviu de asas para a realização do quilombo campinas que o filme traz, por meio da narrativa de personagens vivos da história preta da cidade, a trajetória de construção de espaços urbanos afro referenciados que se erguem em dimensões da subjetividade e do jeito de ser da gente, como população afro-diaspórica sudestina de Campinas”, comenta Akin. A produção do documentário é da Virada Cultural.

PROGRAME-SE

Lançamento de documentário ‘Territórios Negros’

Quando: Hoje (domingo, dia 13), das 16 às 22h

Onde: Sala dos Toninhos, na Estação Cultura - R. Francisco Teodoro s/nº, Vila Industrial, em Campinas

Entrada Gratuita - Até a capacidade máxima do local, que é de 70 pessoas.

Informações: @territorios.negros

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