coreógrafa alemã

Talento: a arte de Pina Bausch

A arte tem o dom de revolucionar a linguagem, sintetizar diferentes suportes e formas de expressão, e atravessar o tempo

Delma Medeiros
13/03/2019 às 12:28.
Atualizado em 04/04/2022 às 22:48

A arte tem o dom de revolucionar a linguagem, sintetizar diferentes suportes e formas de expressão, e atravessar o tempo. A coreógrafa, dançarina e diretora de balé alemã Pina Bausch (1940-2009) é o retrato perfeito dessa capacidade criativa. No livro Pina Bausch, o crítico de arte e professor no departamento de jornalismo da PUC-SP desvela a arte de artista, expondo os meandros de seu processo criativo e interpretando minuciosamente o esforço individual e coletivo para a produção da coreografia Água, tendo como base o Brasil. A peça foi criada a partir de viagens da companhia Tanztheater Wuppertal – fundada pela coreógrafa – a São Paulo e Salvador, em 2000. O primeiro evento de lançamento do livro - uma coedição das Edições Sesc São Paulo e Sesi-SP Editora - ocorre amanhã no Sesc Campinas, com sessão de autógrafos com o autor e debate sobre Pina Bausch, entre Cypriano e as bailarinas Morena Nascimento e Sayô Pereira, com mediação a cargo de Dani Scopin. Cyrpiano viveu na Alemanha de 1997 a 2000, graças a uma bolsa de doutorado. A ideia era tratar de outros temas, mas depois de assistir a espetáculos dirigidas por Pina, se apaixonou e mudou o foco do estudo. “A entrevistei em 1998 e ela me revelou o desejo de fazer uma peça brasileira. Mudei o tema de minha pesquisa e a acompanhei ao Brasil. Pesquisei sobre a história da companhia na Alemanha e segui todo o processo criativo no Brasil, em São Paulo e Salvador”, conta o autor. Segundo ele, para a realização do livro, foi fundamental a parceria com o fotógrafo belga Maarten Vanden Abeele, que acompanhava regularmente a companhia e tinha um acervo de fotografias de praticamente todas as criações. “Pina gostava de registrar imagens de seus espetáculos. Sempre trabalhou com vários fotógrafos, mas Maarten era um dos mais queridos, que a acompanhava há muito tempo. Para criar Água, ela passou uma semana em São Paulo e duas em Salvador e acompanhei todo o processo. O livro traz esse diário”, explica Cyrpiano. O autor lembra que Pina fazia festivais regularmente, em que apresentava peças antigas da companhia. “Ela trabalhava não apenas criando novas peças, mas fazendo os festivais para apresentar trabalhos mais antigos. Assisti muitas peças novas e antigas da companhia e, quando conheci o Maarten, a parceria aconteceu naturalmente.” A última produção da coreógrafa estreou no dia 12 de junho de 2009 e pouco mais de duas semanas depois, no dia 30 de junho, Pina Bausch morreu aos 68 anos, surpreendendo o mundo da arte. Graças à prática dos festivais, a Tanztheater Wuppertal, que ela dirigia desde 1973, seguiu viva, apesar dela não ter deixado testamento. A companhia passou a se chamar Tanztheater Wuppertal Pina Bausch e se apresenta com temporadas regulares nos mesmos teatros, em Wuppertal, Paris, Londres e Nova York, além de outras cidades de forma mais esporádica, como São Paulo, Tóquio e Atenas, entre tantas outras. Fundação e filmes Em 2009, o filho da coreógrafa, Salomon, criou a Fundação Pina Bausch, sediada em Wuppertal. A instituição trabalha desde a organização do arquivo das 53 peças criadas por Pina até a montagem de exposições com o acervo de figurinos, cenários, fotos e outros elementos. Grande figura da dança alemã no sécul 20, Pina não foi vista apenas nos palcos. Em 2011, Wim Wenders lançou o filme Pina Bausch, que se tornou um fenômeno nos cinemas, tendo até concorrido ao Oscar. Além disso, no filme Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, Pina aparece em uma bela sequência de dança. ESTANTE Pina Bausch, autor Fabio Cypriano, fotógrafo Maarten Vanden Abeele. Coedição Sesi-SP e Edições Sesc-SP, 176 páginas, R$ 120,00 AGENDE-SE O que: Lançamento do livro Pina Bausch, de Fabio Cypriano, seguido de debate sobre a coreógrafa com o autor e as bailarinas Morena Nascimento e Sayô Pereira, com mediação de Dani Scopin Quando: amanhã,14/3, às 19h30 Onde: Sesc Campinas, Rua D. José I, 270/333, Bonfim (tel. 3737-1500) Quanto: entrada franca

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