TEATRO

Sia Santa completa 40 anos de dedicação à cultura

Parceria entre os dois fundadores do grupo, Crispim Júnior e Jorge Fantini, surgiu há 43 anos

Delma Medeiros
04/06/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 13:36

A vida é arte, e para todas as idades! Essa é a máxima seguida pelos diretores, atores e técnicos da Sociedade Cultural Teatro Sia Santa, que completa 40 anos em cena, oferecendo teatro de qualidade para todo o Brasil e América Latina. A parceria entre os dois diretores fundadores Crispim Júnior e Jorge Fantini surgiu há pelo menos 43 anos, quando o primeiro convidou Fantini a integrar seu grupo de teatro da Comunidade Rosa Jovem, que se reunia na igreja do Rosário. “Nós estudávamos juntos na Escola Estadual Hildebrando Siqueira e ele me convidou a integrar o grupo. O trabalho foi ficando gostoso, mas sentimos que havia algumas amarras pela ligação com a igreja e pensamos em fazer outra coisa. Na época já tinha um pessoal muito bom trabalhando com teatro em Campinas, a Tatá (Teresa Aguiar, do Grupo Rotunda), o Salvagnini (Ayrton, ator), o Abílio (Guedes, ator e diretor), o Edgar (Rizzo, do Grupo Téspis). E resolvemos investir mais fundo na ideia”, conta Fantini.

Como o pai do Crispim era circense, os integrantes aproveitaram a ideia de criar uma grande lona, tipo um guarda-chuva que abarcasse toda a produção e outras expressões artísticas. “Assim nasceu a Sia Santa. O nome foi uma escolha coletiva, todos escreveram uma sugestão no papel e dentre esses tinha a Cia Santa, sendo que santa era uma sigla que nem me lembro mais. Gostei do som, mas não do sentido, então optamos por trocar o ‘C’ pelo ‘S’ e deixar Sia Santa”, explica Fantini.

A Sia Santa é uma das poucas companhias teatrais brasileiras com infraestrutura completa de repertório, equipamentos e veículos, incluindo um teatro próprio. Ao longo desses 40 anos, montou 58 espetáculos teatrais para todas as idades, de autores como Ziraldo, Jurandyr Pereira, Dias Gomes, Padre Vieira e Guimarães Rosa, entre muitos outros. Atualmente está com 16 peças em repertório, sendo nove infantis, cinco empresariais e duas adultas.

Outros tempos

A companhia voltou-se inicialmente para o público infantil. “Na época não havia redes sociais e outras formas de divulgação. Vendíamos os ingressos nos cruzamentos ou batendo na porta de parentes e amigos. Aí, um amigo teve a ideia de vender diretamente nas escolas. Era tempo de ditadura, alguns diretores não gostaram, mas a maioria amou a proposta”, diz Fantini. Para fazer direito seu trabalho, os dois diretores foram estudar o assunto, bebendo nas primeiras fontes — madame Henriette Morineau, no Rio de Janeiro e Nydia Licia, em São Paulo. “Era uma dificuldade porque, na época, não havia teatros em Campinas, o municipal havia sido demolido e o Castro Mendes e o Convivência ainda não estavam prontos. A saída era apresentar em salões de clubes, escolas”, informa Fantini. Em paralelo às suas produções, a Sia Santa também firmou parcerias com hotéis, restaurantes e Prefeitura, se uniu ao ator Ayrton Salvagnini e passou a trazer grupos de fora para apresentações em Campinas. “Foi uma forma de ampliar a ideia da grande lona. Começamos devagarzinho e nunca mais paramos, aprendemos a lidar com as dificuldades”, afirma Fantini.

Das escolas campineiras, as ações foram crescendo, se expandindo para cidades da região e voos (literalmente) mais longos, para outros estados brasileiros e países da América Latina. A companhia hoje tem cerca de 30 integrantes, incluindo diretores, atores, técnicos, pessoal administrativo. “Quem entra na Sia Santa tem que aprender um pouco de tudo. Os atores também aprendem a cuidar da parte técnica, administrativa, de produção. É parte da política da companhia. Todo mundo tem que saber um pouco de tudo. Todos se revezam nas funções”, explica Crispim.

Comemorações

As comemorações pelos 40 anos da companhia ocorrem durante o ano todo. Começaram com a temporada da peça Pinóquio, no Teatro Amil, em abril. “Estamos com uma série de viagens marcadas até agora para cinco estados brasileiros — Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais e São Paulo —, além de países da América Latina como Guatemala, Nicarágua, Equador e talvez Peru. Vamos levar a peça mais recente, Árvore da Vida”, conta Crispim. A companhia também tem em torno de 40 apresentações agendadas no teatro com escolas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e segue com os projetos A Escola vai ao Teatro - Formação de Plateia; Teatro Aberto Um Estudo do Meio Teatral; Cursos e Oficinas Teatrais; Cenários, Bonecos e Adereços para Eventos; Cessão do Teatro - Escola Sia Santa; e Oficina Teatral para Professores. Também está desenvolvendo o projeto Pintando o 7, resultado de leis de incentivo do Estado de Minas Gerais, que prevê apresentações em comunidades rurais e agrícolas.

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