MÚSICA

Show celebra famosa parceria entre Baden e Vinícius

Ieda Cruz canta com o violonista Marcel Powell, na Casa São Jorge, canções do disco 'Os Afro-sambas'

Marita Siqueira
20/07/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 08:08

A cantora Ieda Cruz e o violonista Marcel Powell, filho do ícone Baden Powell (1937-2000), se juntaram num encontro inédito para homenagear o centenário de nascimento de Vinicius de Moraes, passando pelos afro-sambas e o samba-jazz, no show que será realizado hoje na Casa São Jorge, em Barão Geraldo. Num primeiro momento, a dupla interpretará músicas do disco 'Os Afro-Sambas' e outras belas canções da parceria de Vinícius com Baden, como forma de celebrar também essa produtiva união musical.

A seguir, Marcel e Ieda exaltrarão a sonoridade do início da década de 1960 que uniu a chamada Música Popular Moderna com o estilo samba-jazz, no qual a voz é também tratada e concebida como mais um instrumento.

Considerada uma síntese do popular com o erudito, 'Os Afro-Sambas' é uma série de músicas inspiradas no folclore afro-brasileiro, que foi reunida em um disco conceitual, em 1966, pelo selo Forma, de Roberto Quartin. As canções apresentam uma rica musicalidade, com mistura de instrumentos do candomblé e da umbanda, como atabaques e afoxés, com timbres do agogôs, saxofones e pandeiros. As letras falam de amor, devoção aos orixás e à própria música.

Marcel se lembra quando o pai regravou o LP, em 1990. Tinha entre 9 e 10 anos, idade na qual começava a tocar violão, quando ouviu o disco em casa. Algumas faixas, especialmente 'Berimbau', estão presentes em seus shows, porém nunca executou a obra toda, mesmo tendo por ela imensa admiração. “Eles (Vinicius e Baden) fizeram, não só os afro-sambas, mas canções que revolucionaram bastante a musica brasileira, trazendo nova cara a ela. Têm uma riqueza harmônica, melódica muito forte e ao mesmo tempo popularizada. Maria Bethania disse certa vez que ninguém até então havia feito uma obra falando desse assunto de maneira tao profunda, sem pudor. É isso”, diz.

Contemporaneamente à obra, surgiu o samba-jazz, que será evocado na segunda parte do espetáculo. “Neste curto, porém aclamado período, se fez música popular moderna ao colocar o jazz no samba. São arranjos bem particulares, no qual a voz se porta como instrumento e o improviso está bem presente”, conta Ieda. Composições do “poetinha” com Carlos Lyra, e Edu Lobo; de Baden e Moacir Santos também fazem parte do show, assim como Tom Jobim e Vinícius em solos de Marcel e dueto de voz e violão com Ieda. Para o violonista, o samba-jazz é um estilo que se aplica a qualquer música. “A Bossa Nova para mim é o samba-jazz. Quando eu vou tocar, vira jazz no sentido de liberdade em trafegar da maneira como você quiser, com improviso, mantendo a batida do samba dentro do ritmo brasileiro”, explica.

Ieda Cruz e Marcel Powell serão acompanhados dos artistas Ricardo Matsuda (violão), Felipe Fidelis (baixo) e Osmário Marinho (bateria). Segundo Ieda, essa formação remete à dos grandes representantes do gênero, como Zimbo Trio e Milton Banana Trio. “Mais do que cantora, sei como me cercar de bons músicos”, diz Ieda. Antes e depois do show, a noite terá discotecagem em vinil do DJ Digão, ambientado no repertório da Música Popular Moderna.

Serviço

Show de Ieda Cruz e Marcel Powell

Neste sábado (20), às 21h30

Na Casa São Jorge (Av. Santa Isabel, 655 - Barão Geraldo). Telefone: (19) 3249-1588

Ingressos: R$ 20,00 (até às 21h) e R$ 25,00

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