curso

Sétima Arte: O cinema de Spike Lee

Há cineastas cujas obras são facilmente analisadas em uma aula, para outros é preciso bem mais. Spike Lee pertence a esse segundo caso

Da Agência Anhanguera
17/06/2020 às 12:28.
Atualizado em 28/03/2022 às 22:58
Spike Lee em cena de Faça a Coisa Certa: no momento de protestos contra o racismo nos EUA, o cineasta é um marco da luta pela igualdade (Divulgação)

Spike Lee em cena de Faça a Coisa Certa: no momento de protestos contra o racismo nos EUA, o cineasta é um marco da luta pela igualdade (Divulgação)

Há cineastas cujas obras são facilmente analisadas em uma aula, para outros é preciso bem mais. Spike Lee pertence a esse segundo caso. O Curso sobre o Cinema de Spike Lee será dividido em quatro aulas na série Cine Rabeca On-line, sempre às quintas (com horário a escolher, às 10h30, ou às 20h). Para o cineasta e professor Hamilton Rosa Jr., talvez não haja, no atual momento político dos EUA, um cineasta mais importante para examinar que Spike Lee. Segundo o professor, Lee não só produziu um conjunto de filmes fortes e representativos do que se enfrenta nos EUA. Com seu cinema, o diretor abre discussões que não se encerram depois que o filme acaba. “Veja o caso de Destacamento Blood, que acaba de chegar ao Netflix. É um filme vibrante, estranho, engraçado e experimental. Começa com a história de quatro veteranos da Guerra do Vietnã, todos negros, que retornam para o Sudeste da Ásia para algum tipo de redenção, e de repente percebe-se que existe um motivo oportunista para os quatro estarem lá. E no meio da 'caça ao tesouro', a irmandade que o quarteto tanto preza, vira ganância e a briga ganha contornos patéticos”, explica Rosa Jr. “Tem até um deles que se porta como um defensor de Donald Trump. Poucas vezes vimos um Spike Lee tão perverso ao apontar a câmera para os protagonistas como se perguntando no que esses velhos heróis se transformaram. A resposta pede um exame de consciência, que está muito além de criar um filme maniqueísta onde os brancos são vilões e os negros, os mocinhos”, ressalta. Spike Lee pouco se importa em desagradar o status quo. Na verdade, desde o princípio de sua carreira, ele está dando chutes nesta porta. “Ele foi o primeiro cineasta negro norte-americano a fazer seu cinema extrapolar os festivais e os guetos, com uma força e um vocabulário cinematográfico particular que a indústria branca nunca conseguiu domar. Outro ponto importante: foi o cineasta que abriu a porteira para uma nova geração negra mostrar a sua voz através dos filmes”, diz Rosa Jr. “E o melhor que está sendo feito no cinema americano hoje vem dessa galera negra que ele apadrinhou.” Claro, a questão do papel do negro na sociedade é central no cinema desse diretor, mas ele não se limita. O autor de Faça a Coisa Certa e Malcolm X também é, segundo o professor, “um pintor da cidade de Nova York, um retratista de relacionamentos de casal, um sensualista que sempre incorporou uma dimensão física em seus filmes, um cineasta com um ouvido musical incrível, um cidadão cujas preocupações transcenderam as fronteiras da comunidade, um herdeiro dos gêneros hollywoodianos.” As aulas serão divididas em quatro motes: Aula 1: A América de Memória Fraca. A presença negra na Segunda Guerra Mundial e na Guerra do Vietnã; a relatividade do heroísmo de Guerra, as divisões acentuadas na volta para casa. Com análise dos filmes Destacamento Blood e O Milagre de Sta. Anna (18/6). Aula 2: Pele Negra, Máscara Branca. Sobre a representatividade do negro no filme norte-americano e o ativismo pelos direitos humanos com análise dos filmes Infiltrado no Klan, Um Plano Perfeito e A Hora do Show (25/6). Aula 3: Spike o cronista de uma Nova York contraditória. Sobre o cotidiano de uma metrópole pulsante, colorida, incendiária, raivosa, alegre, tudo ao mesmo tempo. Análise dos filmes Faça a Coisa Certa, Uma Família de Pernas pro Ar e A Última Noite (2/7). Aula 4: Os Visionários Não Morrem. Um exame sobre os grandes líderes ativistas políticos da América e como legados e vozes perdidas levaram às reivindicações atuais. Análise dos filmes Malcolm X e o documentário 4 Meninas (9/7). Valor: R$ 100,00 (bloco das 4 aulas) e R$ 30,00 (aula avulsa). Rabeca Cultural On-line pelo aplicativo Zoom. Inscrições pelo celular (19) 99720-6186 com Kha Machado.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por