Momentos únicos registrados por profissionais que, na maioria das vezes, arriscam as vidas para mostrar ao resto do mundo esses terríveis acontecimentos
O fotógrafo Gabriel Chaim usa capacete em zona de guerra: série em oito episódios acompanha o profissional em viagem por regiões mergulhadas em conflitos (DIVULGAÇÃO)
Impossível não se comover com registros de uma guerra, indiferente de qual, onde ou de que época. Exatamente por isso, muitas das fotos mais emblemáticas da história são de momentos de terror que aconteceram em conflitos de grandes proporções: Kim Phuc, a menina correndo nua no Vietnã após um bombardeio aéreo; o solitário e desarmado jovem na Praça da Paz Celestial que fez parar uma fileira de tanques de guerra chineses; os jovens norte-americanos enfrentando soldados com flores, colocando-as nos canos de suas armas; os soldados mortos no campo de batalha da Guerra de Secessão; o monge budista que ateou fogo no próprio corpo em 1963 para protestar contra a política religiosa do Vietnã; e essas são apenas algumas delas. Momentos únicos registrados por profissionais que, na maioria das vezes, arriscam as vidas para mostrar ao resto do mundo esses terríveis acontecimentos. Sem eles, tais documentos históricos provavelmente não existiriam e muitas atrocidades poderiam nunca ter sido denunciadas. Ou mesmo esquecidas. O fotógrafo brasileiro e documentarista especializado em zonas de guerra Gabriel Chaim sabe bem o que é isso. Depois de passar por importantes conflitos contemporâneos, como a guerra civil da Síria, o golpe militar no Egito, as guerrilhas no Iraque, Irã e Faixa de Gaza, ele confessa: “uma parte de mim foi morrendo aos poucos por ter visto tanta coisa, tanta tragédia.” Apesar disso, ele segue firme em sua luta para contar a história daqueles que por opção ou simplesmente por não ter para onde ir vivem o dia a dia de uma guerra. “Hoje eu consigo apagar esses momentos da minha vida. Não consigo me abstrair 100%, claro. Mas às vezes até esqueço que estive em certas guerras, apesar da mudança interior por que passei. Me tornei mais crítico e sei como dosar as situações, assim consigo contar as histórias que quero, porque eu sou isso, um contador de histórias.” E enquanto Gabriel conta histórias, a série nacional Zona de Conflito conta a sua ao mostrar, a partir deste sábado, às 23h35, no canal History, como é o dia a dia de um fotógrafo de guerra. Produzido pela Hungry Man e dirigida por André Pupo, a série mostra em oito episódios, sendo dois inéditos por semana, a viagem do documentarista pelo Iraque e Síria, países afetados totalmente por guerras civis e que lutam para impedir o avanço do Estado Islâmico. “Geralmente, numa guerra, as coisas acontecem quando você menos espera. Do nada acontece um confronto e você não tem como fugir. Então eu trabalho muito no sentido de tentar entender aquelas pessoas que estão ao meu redor. E tem vezes que não tem como voltar atrás. Você entra numa missão que você precisa seguir em frente. Não há outro caminho. E a série mostra isso, os diversos pontos de conflitos que passamos, como chegamos lá, as nossas escolhas, e os conflitos internos do próprio fotógrafo”, acrescenta Gabriel. Ele ainda explica que a experiência o ajudou a superar o medo, apesar de saber que, a qualquer momento, uma foto pode ser a última que terá tirado. “Quando estamos numa operação militar, seguindo os soldados, cada passo foi planejado e você ter que seguir junto, porque não tem como voltar. Mas demora para controlar o medo. São estágios”, conta. “Eu não penso muito no amanhã, mesmo sabendo dos riscos. O perigo é constante, principalmente quando estou em áreas com bombas, por exemplo. Mas já sei dosar esse medo. Eu adoro pessoas e adoro história de pessoas, principalmente as que vivem isso, porque são histórias que o mundo quer saber. Me sinto um privilegiado por ser a ponte entre elas e o resto do planeta.” AGENDE-SEZona de Conflito, com Gabriel Chaim History ChannelEstreia no sábado (4), às 23h35 Your browser does not support iframes.