Seriado 'Better Call Saul' chegou com tudo na Netflix

A possibilidade de o público ser presenteado com um spinoff do personagem Saul Goodman, de 'Breaking Bad', foi levantada antes mesmo de a série terminar, em 2013. Num primeiro momento, chegaram a falar que a produção não seria em flashback, mas mostrando o que aconteceu com o personagem depois do final da série. Aliás, Saul, no fim, recebeu uma boa grana e sumiu no mundo, deixando todos na curiosidade de saber para onde ele foi, quem ele iria se tornar e até mesmo se Saul continuaria um advogado. Bom, já se passou muito tempo desde que uma das mais faladas séries dos últimos anos exibiu o season finale e 'Better Call Saul' chegou com tudo na Netflix na última segunda-feira, ambientada seis anos antes de Saul Goodman (Bob Odenkirk) encontrar Walter White (Bryan Cranston). A produção, novamente tendo por Vince Gilligan e Peter Gould por trás, era tão esperada que promoveu ainda uma grande mudança no serviço de streaming. Ao contrário de todas as outras séries do site de assinatura, 'Better Call Saul' não foi liberada toda de uma vez e vai seguir a dinâmica das séries comuns da TV. Ou seja, o início aconteceu com dois episódios e, a cada semana, sempre às segundas-feiras, a partir das 23h, um novo capítulo será liberado ao público. Isso se deu devido ao fato de o seriado ser exibido nos EUA pelo canal AMC aos domingos, tendo começado apenas um dia antes de o episódio chegar ao Brasil pela Netflix. E como lá será semanal, aqui seguirá a mesma linha, obviamente. Agora o mais importante: é claro que a série vai jogar o tempo todo com a base de fãs de 'Breaking Bad', algo que, se feito corretamente, atingindo a expectativa dos milhões de órfãos do seriado, já garante sucesso imediato a 'Better Call Saul'. Porém, mais do que referências, o início da produção estrelada por Bob Odenkirk começa, sem qualquer medo de comparação, exatamente da forma como 'Breaking Bad': mostrando Saul em uma situação extremamente comum.   Assim como Walter White era só um professor fracassado levando uma vida ordinária, Saul Goodman aparece trabalhando em uma loja de doces de um shopping center, de avental e tudo, apenas para lembrar que a grande maioria da população tem uma vida banal, levando dia após dia com sua vida completamente normal.Só há uma diferença. No caso de Goodman, esse é o futuro, e não o passado, algo que fica claro graças a uma antiga fita cassete exibida antes mesmo dos créditos iniciais de 'Better Call Saul'. E depois dos créditos, aí sim estamos no passado — sorte que lidar com confusos saltos no tempo não é uma novidade para os fãs da franquia, digamos assim. E se é passado, nada de Saul Goodman, mas Jimmy McGill, um advogado medíocre que não consegue nem pagar as despesas.   E já que a ideia é mostrar o antes, aqui vai outra informação importante: você não precisa ter assistido toda a série que originou esta nova produção para gostar do que está na tela. Acredite.   O principal motivo é o próprio protagonista, que, ao contrário de Bryan Cranston, tem uma pegada cômica muito forte, praticamente excluindo o termo drama de seu prontuário — a exceção é uma cena no deserto, com tomadas excelentes, que resulta em alguns ossos quebrados.   Além disso, há muitas situações novas aqui, como a presença de um possível antagonista — e provavelmente irmão mais velho de Saul, ou Jimmy — que servirá quase como um balanço moral de um advogado que, como dito, consegue apenas não morrer de fome graças a muitas pilantragens. Há também um ódio mortal contra uma empresa de sua família que, pelo menos nos dois primeiros episódios, não se sabe direito o porquê.   Se Bob Odenkirk será o novo Bryan Cranston, ainda é cedo para responder. Entretanto, o ator tem um começo tão brilhante — e divertido — que nos faz vislumbrar que 'Better Call Saul' tem tudo para ser o mais novo hit do mundo das séries.