SERÍ(E)SSIMA

'Sense8' causa estranhamento de início, mas atrai o público

Série do site Netflix, criada pelos irmãos Wachowski, de 'Matrix', conta a história de 8 pessoas, de diferentes países e estilo de vida, que se conectam por pensamento e são perseguidas por isso

Lalá Ruiz
28/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:57
Cena da série 'Sense8', do Netflix (  Divulgação)

Cena da série 'Sense8', do Netflix ( Divulgação)

Desde o dia 5 de junho, os 12 episódios da primeira temporada de 'Sense8', série com a assinatura dos irmãos Lana e Andy Wachowski (os mesmos de 'Matrix'), em parceria com J. Michael Straczynski, estão disponíveis no site de streaming Netflix. “Mas, se estreou no começo do mês, porque só agora você resolveu escrever sobre o assunto?”, alguém pode perguntar. “Boa pergunta”, respondo prontamente. E explico: não dá para emitir opiniões apressadas. 'Sense8' precisa ser degustada, porque mexe com a cabeça da gente. O primeiro capítulo assusta, diga-se de passagem, é confuso mesmo. “Que diacho é isso?”, fiquei martelando comigo mesma. Mas, à medida que a trama avança e os episódios passam, o bichinho da desconfiança dá lugar a um quase deslumbramento com a forma filosófica (e ousada) com a qual a intolerância, tema tão pertinente nesses dias turbulentos em que vivemos, são abordados na ficção (científica?). E numa produção feita para ser “consumida” no computador, no tablet, no smartphone e na televisão, símbolos máximos do imediatismo. 'Sense8' conta a história de oito pessoas que, grosseiramente falando, começam, em pensamento, a viver a mesma vida, mesmo sendo de origens, países e orientação sexual diferentes. E pagam um preço alto por isso. São elas: Will (Brian J. Smith), um policial de Chicago (EUA); a DJ islandesa Riley (Tuppence Middleton), que mora em Londres; o criminoso alemão Wolfgang (Max Riemelt), de Berlim; a indiana Kala (Tima Desai), prestes a embarcar num casamento “quase” arranjado em Mumbai; Nomi (Jamie Clayton), uma mulher transgênero de São Francisco (EUA); Lito (Miguel Angel Silvestre), um ator mexicano gay que não “saiu do armário”; a empresária sul-coreana Sun (Doona Bae); e o motorista de ônibus queniano Capheus “Van Damme” (Aml Ameen). Os personagens Jonas (Naveen Andrews, o Sayid de 'Lost') e Angel (Daryl Hannah, de 'Kill Bill') são o elo de ligação entre eles. No início de junho, Miguel Angel Silvestre (que é espanhol) e Naveen Andrews (que é britânico) estiveram em São Paulo para divulgar a série. Simpáticos e charmosos, eles não conseguiam disfarçar a alegria em participar de um projeto como este, uma produção internacional, com locações em diversos países, um elenco afinado e, principalmente, por ter a assinatura dos Wachowski. É óbvio que a primeira pergunta seria sobre isso, ao que Silvestre, imediatamente, virou para o colega dizendo: “Por favor, responda como se fosse a primeira vez”. A gargalhada foi geral, mas a resposta bem bacana. Andrews revelou que atuar sob a direção dos irmãos não foi nada convencional, porque “o que estava na página, não era necessariamente o que acabava na tela”. Conta que quando ele e Daryl Hannah viajaram para São Francisco para conversar sobre seus personagens, tinham muitas perguntas, já que quase nada era revelado, era muito misterioso. Eram perguntas que atores costumam fazer tais como “onde estamos?”, “para onde vamos?” e suas variações. “Nada foi respondido.” Ele também contou que Lana, em particular, acompanha tudo de perto, atrás da câmara, e decide, de um momento para outro, filmar uma cena de diferentes ângulos, sempre sussurrando: “Mais uma vez” ou “Diga essa frase como se fosse outro personagem”. Para Andrews, a ideia mais “subversiva” tratada em 'Sense8' é: se somos conectados, o que vamos fazer a respeito disso? “ (A série) Levanta questões incômodas sobre intimidade. Se você pode realmente sentir outra pessoa, o que isso faz com você, o que isso faz com sua alma?”, reflete.Equilíbrio Ao ser questionado sobre como encontrou o equilíbrio, o tom certo para interpretar Lito — um personagem que, num primeiro momento, se mostra um perfeito canastrão, que traz uma leveza à trama, mas que, no final das contas, enfrenta questionamentos profundos, principalmente no que diz respeito à sexualidade —, Silvestre foi taxativo: “O tom pertence a eles (os Wachowski). Eu apenas me rendi às suas direções, realmente confiei neles desde o começo. Eu sabia que estava em boas mãos, então me deixar levar e tentei me divertir”. Ele conta que, com Lana atrás das câmeras, buscou ser flexível, porque “ela gosta que você fique desconfortável para ser o mais espontâneo possível”. Sobre Lito, diz que, “para ser honesto, é um personagem que poderia, facilmente, ser meu amigo”. Meu também.  

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