programação gratuita

Semana Guilherme de Almeida celebra o campineiro 'príncipe da poesia'

A participação de públicos tão diversos, que se unem a artes clássicas nessas celebrações, mostram o valor do poeta campineiro

Cibele Vieira
03/07/2022 às 12:05.
Atualizado em 03/07/2022 às 12:05
O "príncipe da poesia" ainda hoje influencia e é admirado por diferentes públicos (CEDAE - Unicamp)

O "príncipe da poesia" ainda hoje influencia e é admirado por diferentes públicos (CEDAE - Unicamp)

Escolas, entidades assistenciais e até o presídio feminino estão envolvidos com as poesias de Guilherme de Almeida. Vários grupos desses locais participaram, no último semestre, de atividades de preparação da "Semana Guilherme de Almeida". Ouviram sobre o poeta e sua obra, se dedicaram à pinturas e à construção de haicais (poemas curtos de origem japonesa). Agora, programam saraus para mostrar o que produziram. As atividades que celebram um dos maiores poetas nacionais serão realizadas em diferentes locais da cidade com programação aberta e gratuita. 

A participação de públicos tão diversos, que se unem a artes clássicas nessas celebrações, mostram o valor do poeta campineiro. Ele nasceu em 24 de julho de 1890, em uma casa localizada na Rua Dr. Quirino, número 21, que não existe mais - e faleceu em São Paulo, em 11 de julho de 1969. Foi poeta, tradutor, crítico, cronista, dramaturgo, advogado e jornalista, se destacando como um dos principais divulgadores do Movimento Modernista e como ativista da Revolução Constitucionalista de 1932. Como as datas de nascimento e morte se concentram em julho, o mês foi escolhido para as homenagens à sua obra. 

Este ano, em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna, as homenagens a Guilherme de Almeida relembram que ele foi um ativista do movimento, sendo considerado um poeta bastante moderno para sua época. Os eventos são gratuitos e a programação está bem diversificada com poesia e arte aberta ao público, concurso de haicais com alunos da rede municipal, saraus, declamação, exposições, palestras e debates sobre a vida, a trajetória e as obras do poeta. "Um dos objetivos da Semana é reconhecer o passado, mas também tornar presente a produção literária da cidade", explica o diretor de Cultura, Gabriel Rapassi.

Destaques da programação

A abertura oficial será segunda-feira (4), das 10h às 12h, na Praça Guilherme de Almeida (em frente ao Palácio da Justiça), no Centro, onde tem o busto do poeta. No local haverá declamações poéticas, poesias e haicais oferecidas ao público na bandeja, apresentação musical e doações de livros pela Associação OndulArte e Coordenadoria de Bibliotecas.

"Ao longo da Semana, entre os destaques, haverá um bate-papo com museólogo da Casa Guilherme de Almeida, na Biblioteca Municipal Prof. Ernesto Manoel Zink, no dia 6 às 19h30", conta Renata Alexsandra da Silva, coordenadora do Departamental de Bibliotecas. No dia 10, um sarau no Centro de Convivência, ao lado da Feira de Artesanato com a Cia. Teatral Cenart pretende estimular a memória da cidade. E a Rádio Educativa (FM 101.9) divulgará novos capítulos da rádio-novela "Brincando com Guilherme de Almeida", que conta a história do poeta em episódios narrados durante a semana, sempre às 20h. 

Integram a programação, ainda, a Exposição Itinerante do Museu Casa Guilherme de Almeida na Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manoel Zink, no Centro, e a Exposição Inspirações Artísticas na Semana da Arte Moderna de 1922, com curadoria de Marly Stracieri, na Galeria Lélio Coluccini, também no Centro.

Um acervo preservado

A publicação do livro de poesias "Nós" (1917) marcou o início da carreira literária de Guilherme de Almeida, que produziu 25 livros de poesia, muitas traduções, peças de teatro e mais de sete mil artigos. Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, fundando a revista Klaxon. Percorreu o Brasil, difundindo as ideias da renovação artística e literária e também ajudou a renovar a Academia Brasileira de Letras (ABL). Em concurso organizado pelo extinto jornal Correio da Manhã, foi eleito em 16 de setembro de 1959 o "Príncipe dos Poetas Brasileiros".

O acervo de sua produção, composto por cerca de 15 mil documentos, está abrigado desde abril de 2013 no Centro de Documentação Cultural (Cedae) da Unicamp. São manuscritos e datilografados que registram sua produção literária, discursos, letras de hinos, traduções e trabalhos na área de heráldica. "Há também documentos pessoais, agendas, correspondência, partituras, fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas", conta Roberta de Moura Botelho, historiadora e diretora técnica do Cedae. 

O arquivo preserva toda a trajetória de Guilherme de Almeida, passando pela atuação política, a poesia, o romance, os cargos públicos, as traduções, o interesse pela heráldica, e muitos aspectos de sua vida pessoal. Esse material passou por uma listagem prévia e agora está sendo organizado, classificado e digitalizado para facilitar as pesquisas. "Este tipo de acervo, que antes se encontrava em coleções particulares, se beneficia muito quando chega a uma universidade pública, pois garante sua preservação e acesso pela pesquisa acadêmica e sociedade em geral", comenta Roberta.

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