CADERNO C

Sarau da Dalva compõe a luta antimanicomial e a visibilidade negra

A apresentação de livros de autores usuários dos serviços de saúde mental e um e-book de autora negra tornam diverso e inclusivo o evento cultural comunitário que está em seu 11º ano

Cibele Vieira/[email protected]
14/05/2025 às 15:17.
Atualizado em 14/05/2025 às 15:17
O ‘Sarau da Dalva’ é um ponto de encontro comunitário que reúne interessados em poesia e cultura em geral (Divulgação)

O ‘Sarau da Dalva’ é um ponto de encontro comunitário que reúne interessados em poesia e cultura em geral (Divulgação)

O poeta Osvaldo Souza dos Santos conseguiu realizar, aos 51 anos de idade, o sonho de lançar seu primeiro livro, chamado "Heróbitos e/ou Heríbitos". A publicação marca o início de uma série comprometida com a questão da neurodiversidade, e com pessoas neurodiversas, por parte da Editora Encruza. Como ele, Fernando Medeiros, poeta e frequentador do Centro de Convivência Tear das Artes, também produziu o livro "A tristeza das grandes cidades" (2024), publicado pela Ofícios Terrestres. Ambos se apresentam hoje (dia 14) a partir das 19h no "Sarau da Dalva", um local de encontros de escritores, poetas e artistas periféricos. 

Outra presença confirmada no Sarau é da pesquisadora e artista negra Talita Azevedo, que apresenta seu e-book "Presente histórico: uma viagem de milhares de anos em 27", documentando suas expedições por 13 locais marcados pelo apagamento histórico em regiões de herança africana no território brasileiro. O coordenador do evento, Rafa Carvalho, lembra que o sarau existe desde 2014 em Campinas — com conexões em outros locais e países — "pela poesia em perspectiva expandida e pela formação de comunidade, como um evento sempre posicionado pela não-exclusão e por composições de convivência entre diversidades, mas com equidade no que diz". 

Livre e aberto para participações e com acesso gratuito, o "Sarau da Dalva" é um ponto de encontro comunitário que reúne interessados em poesia e cultura em geral. Localizado em uma parte do Bar do Manoel, chamada Estrela Dalva, no Jardim São Quirino, o evento compõe a agenda da Luta Antimanicomial de Campinas, e, segundo o organizador, "a parceria é muito significativa para o evento, já que que Dalva — mãe do sr. Manoel — foi uma das muitas pessoas brasileiras internadas em manicômios". 

Rafa destaca a relação que muitas vezes se faz, em contextos de preconceito social, entre as artes, a poesia e a loucura, por exemplo, a partir de diversas ideias estereotipadas e sem a devida atenção e cuidado. Vê, ao mesmo tempo, uma conexão potente em tudo isso reunido: "A luta antimanicomial e a da poesia é a mesma e se relaciona com coisas das quais, como sociedade, se nos aproximarmos mais, teremos boas pistas, quem sabe, dos caminhos que podem nos levar a um mundo e convívio melhores para todas".

PROGRAME-SE 

Sarau da Dalva Antimanicomial 

Quando: Hoje (14), das 19 às 22h 

Onde: Bar do Manoel — Estrela Dalva, na Avenida Lafayette Arruda Camargo, 767, Parque São Quirino 

Entrada Gratuita 

Informações: Instagram @saraudadalva

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