PESQUISA

Roda de samba e teatro

Fundador do Cupinzeiro, Edu de Maria vai às raízes do samba em espetáculo teatral que estreia hoje no Casarão

Delma Medeiros
delma@rac.com,br
21/09/2018 às 07:16.
Atualizado em 22/04/2022 às 02:12

Edu de Maria: ator e músico incorpora personagens que conheceu em pesquisa de campo (Divulgação)

Uma roda de samba sempre mexe com sentimentos e desperta emoções diversas, ao mesmo tempo que promove a integração de pessoas, de diferentes histórias e origens, alavancando memórias e afetos. Essa pluralidade encontrada nas vivências em rodas de samba é o ponto de partida do espetáculo Uji - O Bom da Roda, idealizado pelo multiartista Edu de Maria, fundador do Núcleo Cultural Cupinzeiro. A montagem, com direção de Ana Cristina Colla, atriz-pesquisadora do Lume Teatro, estreia hoje para apresentação única no Centro Cultural Casarão, em Barão Geraldo. “A ideia da montagem, que foi contemplada pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (Ficc) em 2015, na categoria Produção e Circulação de Espetáculo Inédito, nasceu da minha experiência como músico do Cupinzeiro, núcleo que faz pesquisa e promove rodas de samba há 18 anos. Nesse tempo, o núcleo passou por várias regiões brasileiras, utilizando músicas desses lugares que ficaram na memória afetiva desses encontros”, conta Edu de Maria, responsável pela dramaturgia construída a quatro mãos com a diretora. Em cena, Edu de Maria é acompanhado pelos músicos Anabela Leandro, Roberto Amaral e Xeina Barros. Além do Casarão, como contrapartida do FICC, a montagem passará por outros três espaços culturais da cidade: Projeto Gente Nova (Progen), na Vila Bela, em outubro, e Sala dos Toninhos (Estação Cultura), em dezembro, e um terceiro a ser definido. Segundo Edu, três personagens são as figuras fundamentais do espetáculo: o trabalhador urbano Cícero, uma sambadeira e um sambador, baseados em figuras que ele conheceu no Recôncavo Baiano. “A montagem traz a memória da oralidade e da corporalidade, seguindo a técnica da mímesis corpórea, linha de estudo desenvolvida pelo Lume Teatro, que se estrutura na observação, na codificação e na memorização de ações físicas e vocais de pessoas reais encontradas no cotidiano”,diz Edu. “É um espetáculo teatral que tem a música como fio condutor.” Para o trabalho, além da diretora do espetáculo, Edu de Maria contou com a orientação de Renato Ferracini, também ator-pesquisador do Lume. “A partir dos encontros que tive com cada uma das pessoas encontradas nas andanças, busquei trazê-las para o meu corpo e minha voz. O Cícero, mesmo, foi uma criação a partir de uma vivência minha com um trabalhador que estava lavando uma dessas caçambas de lixo orgânico”, diz Edu, contando que a montagem traz também depoimentos pessoais. Sobre o nome do solo, há um mistério sobre a expressão “o bom da roda”. “O nome foi proposto para deixar essa ambiguidade: é alguém ou o que é? Para mim, no processo de construção do espetáculo, o bom da roda é um campo afetivo que a roda produz dentro da minha experiência e da pesquisa com relação ao samba. É a vivência que a roda propicia às pessoas e que eu tento trazer para dentro do espetáculo”, conta Edu. Da mesma forma, a expressão “uji”, que vem do budismo Soto Zen, coloca nova interrogação. “Exemplifica a unificação entre a existência e o tempo. Uji é puro fluxo, presença em um tempo que não decorre. A roda é uji”.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por