Os 20 anos do Centro Cultural Casarão e seu reconhecimento como Ponto de Cultura ganham hoje programação especial e gratuita com os espetáculos do ‘Casaré’
Centro Cultural Casarão já sediou shows musicais e de dança, números de magia, performances teatrais, festas de Folia de Reis, além de atividades artesanais e várias outras atrações (Cia ParaladosAnjos e Fabiana Ribeiro)
Duas décadas marcadas pela resistência cultural de coletivos de artistas de Campinas são celebradas hoje (dia 7) no Centro Cultural Casarão, com uma grande festa aberta e gratuita, que começa às 19h. O "Casaré" é um "cabaré de variedades, com números de circo, dança, teatro e música apresentados por artistas do Coletivo Casarão, que celebram não só os 20 anos de existência, mas também o reconhecimento oficial, neste ano, como um Ponto de Cultura", explica Neusa Aguiar, coordenadora do local. De 2004 a 2024, mais de 100 mil pessoas foram atendidas em eventos, festas, oficinas e ensaios realizados no local.
Com um modelo de gestão compartilhada por 20 grupos e coletivos de artistas, o local conhecido por Casarão está em uma área de 13.690 m² no distrito de Barão Geraldo (Km 15 da estrada da Rhodia). É composto por três construções de arquitetura colonial (Casa Central, Casa das Árvores e Tulha), cercadas por um amplo jardim e áreas de preservação ambiental. O local sempre se destacou por valorizar a convivência comunitária e a experimentação artística, por isso se tornou um símbolo de resistência e inovação cultural.
UMA FESTA COMPLETA
O espetáculo de variedades chamado "Casaré" se inicia às 19h com o grupo de mulheres "Caixeiras da Guia", com seus cantos e toques de caixas do divino, responsáveis por festejos populares. Nessa edição especial, elas apresentam as congadas "Na levada da maré", "Beija-Flor" e "Tá caindo fulô". Na sequência, o público aprecia as "Acrobacias mão-a-mão", de Débora Ishikawa e Alessandro Coelho, da Cia. Gravitá. E também "Cubo Aéreo", com Marilia Ennes da Cia. ParaladosanjoS, "Trapézio Fixo" de Manuela Carvalho e Kaui Mouts, e "DragShow" e "Quick-change" com Jaqueline Ramirez.
O espetáculo continua com Valdo Matos, da Cia. iTeatro no Mundo da Lua, que realiza números de magia, hipnotismo e levitação. Em seguida, Lais Rodrigues apresenta "Bambolê", e o Grupo Arteiros Teatro encena "Tirrim e Cocoricó". Haverá ainda exibição de números de "dândi" (acrobacias cômicas na mesa) e de palhaçaria, conduzida pela Família Burg.
A festa encerra com o "Samba de Roda", do grupo de capoeira Semeando Cultura que desenvolve atividades gratuitas nas comunidades do Monte Cristo e entorno do Centro Cultural Casarão.
"Além dos 20 anos, o evento também comemora o reconhecimento do Centro Cultural Casarão como Ponto de Cultura, importante passo para a continuidade das ações desenvolvidas por este espaço, considerado um dos mais importantes territórios de artes e festejos no município", afirma Marcos Becker, da Cia. ParaladosanjoS, um dos coletivos que integra a gestão compartilhada do local. O "Casaré" tem o apoio de edital da lei Paulo Gustavo.
UM POUCO DA HISTÓRIA
Em 2002, a Prefeitura recebeu a área como contrapartida social (Equipamento Público Comunitário) da Fazenda Boa Esperança, que foi loteada. O terreno foi destinado à criação de um centro cultural que pudesse descentralizar atividades artísticas e propiciar à população local o acesso à cultura. Neusa Aguiar, que tinha experiência em ações comunitárias, foi convidada para o projeto e lá permanece até hoje. Ela diz que o Casarão se tornou referência em práticas artísticas acessíveis, promovendo festivais, oficinas, rodas de conversa, espetáculos e festas populares. Também atua na preservação da infância — incentiva o brincar — e usa a área verde para vivências que integram arte, natureza e comunidade.
Em 2011, o futuro do Casarão foi ameaçado pela tentativa de doação de espaço a um clube privado. Em resposta, artistas, educadores, moradores e funcionários públicos organizaram uma ocupação artística que culminou na fundação do Coletivo Casarão, relembra Valdo Matos, da Cia. iTeatro no Mundo da Lua. O grupo contratou um modelo de gestão compartilhada inovador, baseado em princípios de diálogo, escuta ativa e horizontalidade. Isso permitiu que, ao longo dos anos, o Coletivo se estruturasse em autogestão única — artistas e agentes culturais que usam o espaço são responsáveis pela sua manutenção e programação.
Como contrapartida pelo uso gratuito das instalações para ensaios e projetos, os membros do Coletivo assumem tarefas de organização e zeladoria. Valdo explica que "esse modelo de gestão não apenas garantiu sua sobrevivência, mas também se transformou em um centro cultural reconhecido nacionalmente". O espaço foi contemplado com diversos prêmios e editais, como o Proac, FIC, Território das Artes e a Lei Aldir Blanc, que viabilizaram atividades culturais.
PROGRAME-SE
‘Casaré’: apresentação de grupos artísticos
Quando: Hoje (dia 7), às 19h
Onde: Centro Cultural Casarão — Rua Aracy de Almeida Câmara, 291, Barão Geraldo
Entrada Gratuita
Informações: Instagram @centro_cultural_casarao
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