As versões brasileiras dos famosos reality shows de culinária demoraram para chegar na TV aberta. Mas, quando finalmente passaram a contar com conterrâneos brigando entre si pelos melhores pratos, o público foi ao delírio. Mal a Band estreou o MasterChef, no ano passado, e já anunciou que a segunda temporada estava garantida e, além disso, que fará uma versão Kids — ambas esperadas para este ano ainda. Com o SBT o retorno não foi diferente. A emissora de Silvio Santos pode ter chegado depois com o Cozinha Sob Pressão — versão do badaladíssimo Hell’s Kitchen norte-americano —, mas o êxito foi ainda maior que o programa da concorrência, registrando média de 6 pontos de audiência ante 5 do MasterChef (que, por outro lado, teve alguns picos no Ibope, chegando a marcar 8 pontos na final). Os bons resultados não só garantiram a segunda temporada da atração no SBT — a primeira foi ao ar entre outubro de 2014 e janeiro deste ano — como o programa migrou das 18h para o horário nobre, às 21h30, para competir diretamente com a novela das 9 da Globo, Babilônia. “Como a gente já tinha um conhecimento do perfil que assistia a este tipo de conteúdo em televisão aberta, a gente estudou e identificou que tinha mais oportunidade de crescimento de audiência às 21h30 no sábado. Não mudamos simplesmente por mudar, mas após um rigoroso estudo de programação”, disse o diretor comercial e de marketing da emissora, Glen Valente, durante o lançamento da nova temporada, que estreia no dia 25 de abril. “E este é um programa que vai continuar na nossa grade. Estamos anunciando a segunda temporada já pensando na terceira”, completou. Novamente o chef — carrasco — Carlos Bertolazzi estará à frente da atração, pronto para colocar fogo na cozinha e, por que não, nos participantes. “Ninguém será eliminado por me odiar. Gosto de dizer até que sou mais sarcástico do que violento. O chef vai ser eliminado por não me entregar um bom trabalho. O cara pode até me achar um babaca, mas ele não vai sair do programa por isso. Até porque o que eles vivenciam aqui é exatamente o que acontece em um restaurante real”, diz.O Cozinha Sob Pressão, diferentemente do MasterChef, que faz uma seleção de cozinheiros amadores, só trabalha com profissionais. Exatamente por isso, o programa não abriu um processo seletivo, mas entrevistou 150 chefs indicados por outros nomes da área. “Um chef aqui, outro ali, sugerem alguns nomes que, por sua vez, indicavam outros profissionais. Eu, particularmente, não conhecia nenhum dos 16 participantes selecionados, e tiramos esses nomes depois de entrevistar todos os 150 que apareceram”, conta Bertolazzi. A seleção, num primeiro momento, foi feita por história de vida. Daí, saíram 30 candidatos. “Só então passamos para a fase prática, quando pude avaliá-los na cozinha. Mas eu já sabia que, indiferente de quem fosse para o programa, teria algo bem legal para mostrar.”Número de participantesComo dito, desta vez serão 16 participantes, sendo que, na primeira temporada, 14 chefs digladiaram entre si. “A minha flexibilidade no programa passa a ser muito maior com duas pessoas a mais. Se eu quiser eliminar um, dois, ou até quatro por programa, eu posso. Ou mesmo na final, posso levar dois, três, quantos candidatos eu quiser. Antes, com 14 candidatos e 13 episódios, tudo era muito apertado. Agora, não mais.”Reality quer ganhar as redes sociaisEm busca de um público mais jovem e conectado com a internet, conseguindo assim uma maior movimentação nas redes sociais, como acontecia com o MasterChef, da Band, o SBT tem como novidade para a segunda temporada do Cozinha sob Pressão um aplicativo do programa, que funciona basicamente como um e-book.Disponível para IOS e Android, o “livro digital” do Cozinha Sob Pressão será atualizado ao fim de cada episódio com as receitas dos pratos preparados no reality — e outros assinados pelo chef Carlos Bertolazzi —, além de dicas e sugestões. “As redes sociais hoje são bombardeadas por gastronomia. As pessoas até brincam que no Instagram só tem gato, por do sol e prato de comida. E os pratos podem ser desde coisas que você preparou ou até mesmo o que está comendo em um restaurante. O fato é que estamos falando de um tema que agrada todo mundo e, por isso, a interatividade e o interesse por esses programas só tende a aumentar”, afirma o chef.Legado Arthur Sauer, vencedor da primeira temporada do Cozinha Sob Pressão, conta que, após o programa, viu sua carreira mudar completamente. “A minha agenda está cheia, e isso é um enorme alegria. Faço muitos eventos, diversas consultorias, exatamente onde me divirto mais. Agora eu posso cozinhar sem me preocupar com TV, câmeras e tudo mais.” O comportamento estourado de Bertolazzi no reality, afirma Arthur, é exatamente o que qualquer chef encontra no “mundo real”. “Eu trabalhei em restaurantes grandes, com 50 cozinheiros, e a cozinha é disso para pior. O meu medo nunca foi o chef gritar comigo, mas ficar confinado em um hotel sem comunicação.”