A série traz um com novo elenco no período conturbado da família real; luto por Elizabeth II reacende críticas à série e também sua popularidade
Novo elenco dá vida aos personagens da premiada série: Elizabeth Debicki como a Princesa Diana, Imelda Staunton como ElIzabeth II e Dominic West como o então Príncipe Charles (Divulgação)
Desde sua estreia em 2016, a série "The Crown" navega entre o terreno da popularidade - em constante crescimento -, aclamação da crítica especializada, premiações e polêmicas. Afinal, a série retrata de forma ficcional, mas inspirada em fatos, o período do reinado de Elizabeth II e, consequentemente, eventos que envolveram toda a sua família. Ao longo dos últimos anos, a cada vez mais popular e premiada produção da Netflix foi avançando no tempo (o início foi nos anos 1940) até que agora, diante da estreia da quinta temporada, ela apresenta uma realidade bem mais recente: os anos 1990, um conturbado período para a monarca. Apenas dois meses após a morte da rainha e encontrando um mundo ainda em luto por ela, a plataforma de streaming disponibiliza a partir de hoje os novos 10 episódios.
Nova temporada, novo elenco
Para evidenciar a nova passagem de tempo, a série apresenta seu terceiro elenco, liderado por Imelda Staunton, que assume a coroa como Elizabeth depois desta ter estado na cabeça das aclamadas Claire Foy e Olivia Colman. Em um vídeo de bastidores das filmagens da série, a atriz declara estar honrada em assumir o papel que foi das "formidáveis atrizes anteriores" e que faria o possível para manter o elevado padrão de qualidade que elas estabeleceram. Apesar de ser lembrada como a vilã Dolores Umbridge na série "Harry Potter", a atriz é um grande nome do teatro britânico e vencedora do Bafta Awards de Melhor Atriz pelo filme "O Segredo de Vera Drake". O ator Jonathan Pryce, que já foi o Alto Pardal em "Game of Thrones" e o Papa Francisco no filme "Dois Papas", aqui surge como o Príncipe Philip, marido da monarca. Mas os olhos estão voltados principalmente para Dominic West, o novo Charles (até então, príncipe), e Elizabeth Debicki, que surpreendeu pela incrível semelhança com a Princesa Diana desde que surgiu caracterizada nas primeiras fotos. Apesar do foco em Elizabeth, a trama da nova temporada deve mostrar as polêmicas que envolviam os dois e que resultaram no fim do casamento real.
Sob reclamações e polêmicas
Apesar de Peter Morgan, o criador de "The Crown", definir a série como "uma carta de amor para a rainha", inclusive pausando a produção depois de sua morte, a produção sempre foi alvo de várias reclamações vindas da realeza britânica ou de pessoas próximas. Foram muitos os pedidos para que a Netflix mantivesse avisos antes de cada episódio declarando que o conteúdo se trata de uma ficção. Até então, em quatro temporadas, o streaming não havia acatado essas solicitações, mas diante do momento atual de luto e de crescente pressão, finalmente abriu-se uma brecha. A sinopse da quinta temporada indica: "Inspirada em eventos reais, esta série dramática de ficção conta a história da rainha Elizabeth II e dos acontecimentos que moldaram o seu reinado".
Apesar da mudança, as críticas seguem enfáticas. Recentemente Judi Dench, atriz ganhadora do Oscar e condecorada pela própria Elizabeth II, teve sua carta publicada no jornal The Times na qual declarou que o show "parece disposto mais livremente a borrar as linhas entre precisão histórica e sensacionalismo bruto". Ela reitera que os avisos devem vir antes de cada episódio. "Chegou a hora de a Netflix reconsiderar, pelo bem de uma família e de uma nação tão recentemente enlutada, como uma marca de respeito a uma soberana que serviu seu povo com tanta responsabilidade por 70 anos e para preservar sua reputação aos olhos de seus assinantes britânicos", declarou. O ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, que assumiu seu primeiro mandato em 1997, endossou as reclamações essa semana em carta ao Daily Telegraph. "O entretenimento é uma grande e gloriosa indústria que traz enorme prazer para muitos milhões. A Netflix não deve rebaixar isso com retratos que são prejudiciais e falsos", enfatizou. Resta ver se até essa "publicidade ruim" provocada pelas críticas não vai servir para gerar mais engajamento para os novos episódios da série, que deve ser encerrada na próxima temporada.