A mais antiga das cidades francesas das Américas é puro charme. Para conhecê-la, é preciso não ter pressa e apreciar a boa gastronomia
Vista de Québec City às margens do Rio Saint Lawrence, com o Fairmont Frontenac em destaque (Divulgação)
Os vinhos estão começando a se firmar, os queijos já são famosos, o mel sai do tronco de árvore, a história do país é fantástica, o povo é alegre, acolhedor e encantador, a natureza deslumbrante, e lá se pratica a alta gastronomia. Estão aí alguns bons motivos para conhecer o Canadá. Junte a isso, o fato de o dólar canadense estar, em média, um real mais barato que o euro e o dólar americano e o preço mais barato no voo, que está em média US$ 300 menor na classe econômica comparado ao mesmo período do ano anterior. Motivos como esses levaram 112,2 mil brasileiros ao Canadá no ano passado, um crescimento de 12,4% em relação a 2014. Com todos esses motivos para conhecer o país, uma cidade não pode ficar fora do roteiro de viagem que inclui aurora boreal, ursos pretos e polares, cataratas deslumbrantes como as do Niágara: Québec City. Ela é uma das mais charmosas, mais francesas e a mais antiga cidade francesa das Américas. Como bandeira oficial, flâmula com a flor-de-lis, e como animal símbolo, a coruja da neve. Com seus 508 mil habitantes às margens do Rio Saint Lawrence, o município de 407 anos ainda tem muralhas — as primeiras, construídas no século 17, foram parcialmente destruídas pelos britânicos na Guerra franco-indígena; as atuais foram erguidas entre 1820 e 1831. Cerca de 95% da população da cidade tem o francês como língua materna e todos se orgulham muito dessa herança. Mas se não falar francês, não se preocupe, os habitantes também falam inglês. Sem pressa Não vá com pressa a Québec City. Reserve pelo menos uma semana para andar pelas ruas de paralelepípedos, admirar as construções dos séculos 17 e 18, todas de pedra, passar pela cidade alta (haute Ville) e cidade baixa (basse Ville) conectadas por um funicular (CAN 2,25 por pessoa) ou por escadas. A parte mais antiga está na Haute Ville, de onde se pode admirar o Château Frontenac, luxuoso hotel inaugurado em 1893 com 650 quartos, erguido no local que abrigava a sede do governo de Québec. Hoje o château é administrado pela rede Hotéis e Resorts Fairmont. Pela cidade A melhor forma para conhecer a Citadelle, a maior fortaleza, é a pé. Passar pelo prédio do parlamento, o histórico Quartier Petit Champlain com sua infinidade de butiques, cafés, bistrôs e ateliês é imperdível. O município tem um eficiente sistema de metrô e uma cidade subterrânea, com corredores que interligam os edifícios do Centro. Para um lugar onde a temperatura no Inverno chega a 20 graus negativos, esses corredores são sempre bem-vindos. Ela fica fora das muralhas e ali estão o Musée de la Civilisation, que mostra Québec no período colonial, e o Musée du Québec, museu de arte. A Place Royale, junto ao Rio Saint Lawrence, uma das mais típicas da cidade baixa, data do século 17, quando ali funcionava um mercado. Hoje, é um centro de atividades artísticas. Foto: Divulgação O charmoso Le Marché du Vieux Port, o primeiro mercado da cidade Não deixe de passar pelas ruas ao redor do Convento Ursulino, de visitar a praça da prefeitura (Place de l’Hôtel-de-Ville), o Édifice Price (edifício de 1930 que é o mais alto do centro histórico de Québec velha, e um dos arranha-céus mais antigos no Canadá), e de visitar a basílica de Notre Dame du Québec, uma das igrejas mais antigas do Canadá (1647). Em Québec parece que o tempo parou, não fosse a grande quantidade de turistas passeando por suas ruas. Casas antigas, igrejas, capelas históricas e pontes de pedra. A cidade de Québec é o testemunho histórico de batalhas travadas entre França e Inglaterra para conquista desse território. História Gastronomia requintada é fruto das heranças francesa e indígena A gastronomia de Québec é requintada, deliciosa, repleta de aromas e sabores. Ela mistura a gastronomia francesa e a indígena. É no mercado Le Marché du Vieux Port onde se encontram os ingredientes dessa deliciosa culinária e que vale a visita, mesmo que não se compre nada. É o mercado dos produtores da região que funciona nas docas há mais de 300 anos. Produtos e artesanato são locais e de temporada. O primeiro mercado de Québec surgiu em 1640, na Place Royale no início da colônia. Naquela época, já havia uma vasta gama de produtos (madeira, trigo, legumes, ervas, aves, manteiga, ovos) que despertaram a cobiça de comerciantes, agricultores e pescadores da época. Foto: Divulgação Destino para nadar em pleno Inverno Sob o regime francês, os mercados da parte baixa da cidade, da parte alta e dos subúrbios ocupavam a vida urbana significativamente. Em 1805 surgiram as salas da Place Royale, com açougues formando blocos de oito casas. Em 1841 foi a vez do cais de Santo André para acomodar salas de peixe. O Montcalm marca a abertura do mercado em 1878 com 26 barracas e 20 barracas de carne de legumes, frutas e várias mercadorias. Ele serviu a população do Québec até 1929. Em 1900, quatro grandes mercados deixaram uma marca cultural significativa em Québec City, incluindo a criação em 1938 da União de Québec Horticulturists. Sítio histórico Apesar de ser a capital da província, a cidade não é um polo industrial nem financeiro. Ela é uma dos municípios com o mais alto padrão de vida do país. Andar de carruagem, percorrer passagens secretas ou locais de batalhas decisivas para a história do Canadá, Québec é um sítio histórico em que moradores e locais orgulham-se de ensinar ao turista sobre o lugar em que vivem. Aproveite, pois não há como recusar a hospitalidade de um quebequense. Foto: Divulgação Voando para o destino A única companhia aérea que liga o Brasil ao Canadá em voos diretos é a Air Canada, que mantém um voo diário entre Guarulhos e Toronto e outros três semanais do Rio a Toronto. Da principal cidade do Canadá a Québec City há frequências também diárias. Informação em aircanada.com.br A jornalista viajou a convite do Turismo do Canadá