O programa começou de forma tímida. Um especial no Fantástico de 3 programas ganhou repercussão e, a partir do ano seguinte, cravou seu espaço na grade
Barcellos: o mestre não aparece e transforma os iniciantes em atração (Divulgação/Globo)
Desde o princípio de sua carreira, Caco Barcellos se dedica a fazer coberturas sérias e importantes. A experiência no jornalismo investigativo lhe rendeu, em 2007, um espaço para ter um programa solo. O Profissão: Repórter começou de forma tímida. Um especial no Fantástico de três programas ganhou repercussão e, a partir do ano seguinte, cravou seu espaço na grade da programação da Globo. Dessa forma, ele trabalha em duas vias: mostra os bastidores das reportagens e também abre espaço para descobrir talentos que possam seguir seus passos. Com o esvaziamento do jornalismo na tevê aberta – na Globo, o Globo Repórter, por exemplo virou uma revista de entretenimento que cobre viagens, natureza, terapias alternativas e a amplificação de um ideal mais simples da vida. O programa de Caco resgata a apuração, o diálogo entre as pessoas e os repórteres e, claro, valoriza a informação. A cada temporada, Caco e sua equipe, revelam uma porção do jornalismo atraente e pouco conhecido pelos telespectadores. Com câmeras na mão, os “focas” – apelido dado aos jornalistas novatos –, vão atrás de suas fontes, viajam de ônibus, colocam o pé na lama e sobem favelas. E tudo isso é mostrado para quem está em casa. Sua premissa é de exibir o processo de produção jornalística, que teoricamente teria de ser escondido. Apesar de também participar de certas reportagens, Caco funciona bem na função de professor. Sem vaidades, o jornalista se coloca em segundo plano, sempre priorizando o profissional que está aprendendo a fazer uma notícia cheia de conteúdo ou até mesmo a própria notícia, quando trabalha como repórter. Os temas “quentes” apresentados pelo Profissão: Repórter também são um acerto pensado minuciosamente por Caco. Com uma rotina de reportagens já previamente marcadas, a equipe do programa não se faz de rogada e vai para as ruas quando algo de relevante acontece no país – os casos mais recentes foram o da execução da vereadora carioca Marielle Franco e do incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo. Nos dois programas temáticos, notou-se a importância da bagagem documental de Caco. Certeiro e claro, ele mostra os caminhos da notícia sem se esquecer de informar. Em outros programas, como a crise na Venezuela, também exibido nesta temporada, o jornalista traça bons paralelos com a atual situação do Brasil, colocando o telespectador para pensar. Seja falando sobre homossexualidade, tráfico de drogas, bailes de favela ou qualquer assunto relevante, o Profissão: Repórter faz o que a maioria dos programas jornalísticos não faz – mas deveria e muito fazer. Ele reitera a linha tênue entre informação e sensacionalismo. Mostra o que precisa ser mostrado e fala sobre o que deve ser falado, mas sem apelar para imagens chocantes ou histórias dramáticas.