Posse tripla na Academia Campineira

Três artistas de áreas distintas assumem uma cadeira na Academia Campineira de Letras e Artes (ACLA) neste sábado, duas ligadas à literatura e uma da área de dança. A cadeira de nº 3, que tem como patrona a poetisa Cecília Meireles, será ocupada pela também escritora Simone Pedersen; a de nº 10, que também marca a estreia de Ivonice Satie como patrona, coube à bailarina e diretora do projeto Dança e Cidadania e da Cia. de Dança de Campinas, Lúcia Teixeira; e a de nº 20, com patronato do poeta Augusto dos Anjos, será ocupada pela professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Cleuza Gimenes Cesca. “A diferença da ACLA em relação a outras academias é que ela é plural, não se restringe apenas à literatura, mas abre espaço para todas as artes”, comenta o presidente da entidade, Sérgio Caponi.

A escolha das novas acadêmicas foi um consenso entre os membros da academia. Para Lúcia, a primeira a ocupar uma vaga de dança, o convite abre a possibilidade de dar voz a essa expressão artística. Ela conta que depois de consultar várias pessoas ligadas à dança, constatou que sua posse parece ser inédita no Brasil. Nessas consultas também chegou-se ao nome de Ivonice Satie como patrona da cadeira, antes ocupada por Beethoven. A escolha deve-se ao trabalho que Ivonice desenvolveu como bailarina, professora, coreógrafa e diretora do Ballet da Cidade de São Paulo, entre outras frentes. “A ACLA reúne todas as artes. Tem representantes de letras, música, teatro, artes plásticas e agora também dança”, afirma Lúcia. Seu trabalho à frente dos projetos de dança, desenvolvido com crianças e adolescentes de áreas de ocupação, já conseguiu profissionalizar pelo menos quatro rapazes, que atualmente atuam como bailarinos profissionais na Alemanha e África do Sul, dois em cada país.

A possibilidade de ingressar numa academia de letras e artes também motivou Cleuza a se inscrever para a vaga de Expedito de Alencar. “E fiquei feliz porque meu nome foi aprovada por unanimidade pelos imortais”, diz Cleuza, que dá aula de comunicação e produção escrita na Faculdade de Relações Públicas da PUC-Campinas e tem seis livros publicados voltados à sua área de atuação. “Há algum tempo tenho vontade de integrar uma academia. Isso é interessante não apenas pela ideia de ser imortal, mas pela possibilidade de conviver e conversar com esse pessoal intelectualizado de várias áreas artísticas”, comenta, citando que as reuniões são mensais e que a interligação entre as áreas enriquece a todas. Cleuza também cita a importância de integrar sua ação na formação superior com as atividades da ACLA.

Infanto-juvenil

Formada em Direito, Simone Pedersen descobriu a literatura há quatro anos e, apesar de escrever para todas as idades, se especializou em literatura infanto-juvenil, com vários livros publicados e participações em outro tanto de antologias. Simone conta que no início da carreira literária descobriu a “praia” dos concursos e passou a participar de todos de que tinha conhecimento, conquistando cerca de 150 prêmios. “É interessante porque você percebe algumas mudanças. O foco hoje não é mais no autor, mas no personagem, que pode virar game, filme, peça de teatro. Hoje a literatura não se limita ao livro em si, o leque é mais amplo”, comenta a escritora, que tem obras em braille e vários trabalhos com ilustrações do cartunista Paulo Branco, entre outras parcerias.

A ACLA, como a maioria absoluta das academias de artes, tem 40 cadeiras. “Costumo dizer que o que fecha uma academia é a porta de entrada. Por isso somos muito criteriosos com a escolha dos acadêmicos e, hoje, podemos dizer que temos um quadro com os artistas mais gabaritados de suas áreas”, afirma Caponi.