mais objetivos e realista

Poder feminino na tevê

É muito comum ver mulheres como personagens centrais de uma novela. Geralmente são elas que movimentam as histórias e se conectam com diversos núcleos

Da TV Press
09/04/2018 às 10:42.
Atualizado em 22/04/2022 às 04:28
A atriz Lília Cabral como Griselda em Fina Estampa, de 2011 (Divulgação)

A atriz Lília Cabral como Griselda em Fina Estampa, de 2011 (Divulgação)

É muito comum ver mulheres como personagens centrais de uma novela. Geralmente são elas que movimentam as histórias e se conectam com diversos núcleos. Mas foi-se o tempo em que a protagonista era uma mocinha ingênua cujo único objetivo era se casar e o único caminho possível era sofrer passivamente nas mãos dos vilões. As personagens femininas foram ganhando volume e rompendo o tabu da mulher subserviente que vivia para a família. Uma das primeiras a romper essa barreira foi Regina Duarte. Em Malu Mulher, série exibida no fim dos anos 1970, a atriz vivia uma mãe solteira que, a cada episódio, precisava se impor na sociedade de alguma maneira. Muito antes de o feminismo estar em voga e das pessoas perceberam sua importância, produções como Selva de Pedra e Gabriela - da mesma época - abriram espaço para o empoderamento feminino na teledramaturgia. “Ela ia atrás das suas intuições de ser livre. Ela vivia como achava que deveria, sem pensar nas bandeiras que levantava”, opina Regina. Quase 30 anos depois, é quase incomum ver mulheres sem essa força desenhada lá atrás. Ainda que muitas personagens tenham motivações superficiais, a força feminina é cada vez mais retratada de forma real. Prova disso são os recentes sucessos da teledramaturgia. Malhação, por exemplo, não via uma temporada ser tão bem sucedida há quase uma década. No último ano, pela primeira vez, cinco meninas foram protagonistas da trama infantojuvenil. “Apesar de muito diferentes entre si, elas tinham ideias muito parecidos de igualdade de gênero. Foi uma oportunidade incrível poder falar sobre um tema tão importante no meu primeiro trabalho na tevê”, afirma Daphne Bozaski, que teve seu début ao lado de Gabriela Medvedovski, Ana Hikari, Manoela Aliperti e Heslaine Vieira. Atualmente no ar no horário das seis, Orgulho e Paixão também destaca a força feminina. Na trama de Marcos Bernstein, a matriarca Ofélia, de Vera Holtz, sofre com suas filhas que não prezam pelo que a sociedade espera delas. Agatha Moreira, que vive Ema, melhor amiga da protagonista Elisabeta, personagem de Nathalia Dill, é o oposto. “Ela é machista e tem pensamentos retrógrados até para o início do Século 20. Mas como convive com pessoas tão diferentes vai ter embates e discussões muitos bacanas para os dias de hoje”, revela Agatha. Ainda que mostrem força e segurança, o estereótipo feminino da dramaturgia ainda está muito preso à sensualidade. É como se as mulheres pudessem, sim, ser o que quiserem. Mas, para isso, tivessem de contar com altas cargas de beleza e sex appeal. Recentemente, Juliana Paes e Paolla Oliveira foram exemplo dessa mistura de poderes em A Força do Querer, como Bibi e Jeiza, respectivamente. Quem fugiu à regra foi Griselda, papel de Lília Cabral em Fina Estampa, de 2011. A protagonista do folhetim de Aguinaldo Silva ganhava a vida como eletricista e encanadora e mostrou que a emancipação deu um espaço ilimitado à mulher nas novelas. “Aprendi muito, com a força e os valores dela. Assim como acredito que as pessoas também aprenderam”, relembra Lília. Aqui e Acolá Mas não é só à frente das câmaras que as mulheres ocupam um papel de destaque. Nos textos, elas também têm mostrado força e relevância. Inspiradas em nomes como Janete Clair, profissionais como Glória Perez, Thereza Falcão, Cláudia Souto, Lícia Manzo, Ângela Chaves e Alessandra Poggi dominam as mais diversas faixas na Globo. No SBT e na Record não é diferente. Vivian de Oliveira e Paula Richard são as mais cotadas para os folhetins bíblicos, enquanto Íris Abravanel e Leonor Corrêa se revezam no horário nobre com as tramas infantis. “É uma grande oportunidade poder escrever para crianças em uma faixa de tanta relevância”, valoriza Leonor, que atualmente é responsável pelo remake de Carinha de Anjo. Na tevê fechada também é notável o crescimento do protagonismo feminino em várias funções. Em sua mais recente empreitada, o GNT montou uma série toda feita por elas. As histórias de Desnude, de Carolina Jabor e Anne Guimarães, foram baseadas em depoimentos da audiência do canal a cabo. Além disso, toda a equipe - à frente e atrás das câmaras - foi formada por mulheres. No elenco, nomes como Clarice Falcão, Cláudia Ohana e Laura Neiva. “As histórias, ainda que venham mudando, são contadas sob a ótica dos homens. Para a série, procuramos traduzir os desejos e as vontades da mulher”, explica Carolina. INSTANTÂNEAS Em 1994, Carlos Lombardi colocou quatro mulheres como protagonistas de Quatro por Quatro. Elizabeth Savalla, Betty Lago, Cristiana Oliveira e Letícia Spiller interpretavam, respectivamente, Auxiliadora, Bibi, Tatiana e Babalu. As novelas infantis do SBT têm um detalhe em comum: todas trazem uma menina como protagonista. Além de Carinha de Anjo, Carrossel e Chiquititas também priorizavam às personagens femininas. Obcecada por tramas religiosas, a Record ainda não deu a uma mulher uma posição de destaque em uma novela. Recentemente reprisada no Viva, Pai Heroi, de Janete Clair, concentrava o poder do feminismo em Carina, de Elizabeth Savalla. A novela foi originalmente exibida na Globo em 1979.

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