arte plural

Mostra no Pavão Cultural exibe uma parte da diversidade da arte popular no Brasil

Exposição "Popular(es): entre Contextos, Técnicas e Poéticas" pode ser visitada gratuitamente até 30 de junho

Aline Guevara/ [email protected]
16/05/2023 às 09:23.
Atualizado em 16/05/2023 às 17:17
As obras de 25 artistas integram a mostra "Popular(es)", entre eles indígenas, brancos, negros e amarelos trazendo diversidade de técnicas e poéticas e ainda uma oficina gratuita de grafismos para ensinar a pintura corporal indígena (Divulgação)

As obras de 25 artistas integram a mostra "Popular(es)", entre eles indígenas, brancos, negros e amarelos trazendo diversidade de técnicas e poéticas e ainda uma oficina gratuita de grafismos para ensinar a pintura corporal indígena (Divulgação)

"O saber artístico está para além do que nós conhecemos tradicionalmente como arte e pessoas que podem fazer arte", explica Nath Cordeiro, curadora da exposição "Popular(es): entre Contextos, Técnicas e Poéticas", que pode ser visitada gratuitamente até 30 de junho no Instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo. Nath e Tania Sayri, artistas indígenas responsáveis pela montagem da mostra, desde o início queriam propor uma reflexão sobre "o que está dentro das galerias de arte pelo Brasil e o que está de fora delas". Mas que deveria estar dentro.

“A exposição traz a pluralidade da cultura popular que existe no Brasil, tanto em contextos de brasileiros quanto daqueles que vêm de fora”, descreve Tania, complementando que três artistas trazem um pouco da ancestralidade indígena andina da região da Bolívia para a mostra. Existe uma grande diversidade entre os artistas, 25 no total, entre eles brancos, amarelo, negros e indígenas.  

Para a exposição, as organizadoras, também integrantes do Coletivo Acadêmicos Indígenas na Unicamp, viram a oportunidade de dar espaço para aqueles que produziam uma arte ancestral relacionada à cultura dos povos originários. "Nós convidamos nossos parentes e amigos que fazem arte, não só aqui na Unicamp. Entendemos que a Academia é um espaço que produz arte, no Instituto de Artes (IA), mas se fecha em si mesmo e não abre oportunidades para pessoas que são de outras áreas e de outras regiões, fora do eixo do Sudeste", declara Nath.

Entre as obras estão artefatos de cerâmica e madeira, pinturas em tela e até uma vestimenta usada em rituais. Esta última precisou de atenção à montagem para que fosse respeitado o seu aspecto sagrado. "Não foi usada uma única técnica, processo ou procedimento poéticos, são vários. Por isso o nome que a exposição leva", detalha Selma Machado Simão, professora do IA e organizadora da mostra ao lado da também docente Jurema Sampaio.

"Nós buscamos valorizar uma visão intercultural e não só do convívio entre diferentes culturas da sociedade. Pensamos realmente em estabelecer trocas. Quando levamos essas peças para um espaço renomado, queremos romper paradigmas. Queremos ampliar a recepção desses trabalhos e buscar nossas próprias raízes em um país que ainda precisa aprender muito com a sua ancestralidade, com saberes que foram esquecidos e perdidos. Buscamos resgatar, portanto, também, essas diferentes culturas dos povos originários com um olhar mais valorizado e respeitoso", conta a professora.

Umas das artistas indígenas que tem seu trabalho exposto, Nair Matuta Inácio Doroteio, já é falecida. A neta, a instrumentista Ana Mowatcha, decidiu incluir as peças criadas pela ancestral. As obras dela, assim como a de cada um dos artistas, foi tratada com respeito desde a montagem e houve muito diálogo sobre a forma como cada peça seria exposta. 

Diferentes contextos, temáticas e poéticas

Existe um "desencontro" dentro da exposição, analisa Nath, vindo justamente das diversas técnicas e poéticas por trás de cada obra. "Não necessariamente elas têm algo em comum, mas creio que o que as conecta é o fato de não fazerem parte dessa arte dita erudita, com essa valorização. Cada uma tem seu contexto, temática e poética. Muitos dos artistas indígenas, por exemplo, vêm de um cenário amazônico, e nunca tiveram acesso à arte produzida e posta em galerias na região Sudeste".

Entre os artistas de "Popular(es)" estão Beatriz Campolim, Bruno dos Santos, Caos Haru, Carolina Velasquez, Caroline Pachioni, Diwarian Pego, Espejismo, Fernanda Rocha, João Botas, John Abé, Jorel, Luiz Lira, Luíza Schilling, Maria Isabel, Mayara Nardo, Nair Matuta Inácio Doroteio (avó de Ana Mowatcha), Naomi Shida, Natali Mamani, Rayane Kaingang, Samuel dos Santos, Selma M. Simão, Suri Art's Baré, Tainá dos Santos, Vicenta Perrotta e Vitor Alves. O Instituto Pavão Cultural também receberá, como parte da exposição, uma oficina de grafismos, a pintura corporal indígena, gratuita, no próximo sábado, 20, às 16h. Informações pelo telefone (19) 99633-4104.

PROGRAME-SE

Exposição “Popular(es): entre Contextos, Técnicas e Poéticas”

Quando: quarta a sábado, das 15h às 20h, até 30/06

Onde: Instituto Pavão Cultural, Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708 , Cidade Universitária

Entrada franca

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