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Pau Brasil lança caixa com discografia completa

Grupo surgiu na década ade 70 e é referência da música instrumental brasileira

Delma Medeiros
11/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:01
Integrantes da banda Pau Brasil (Divulgação)

Integrantes da banda Pau Brasil (Divulgação)

Referência de música instrumental brasileira, a trajetória do Pau Brasil, o mais significativo grupo do gênero, que surgiu no cenário paulistano em 1979, pode ser conferida agora no 'Caixote Pau Brasil 1982/2012', um lançamento da Pau Brasil Music que traz a discografia completa, com oito CDs remasterizados e um DVD do show 'Babel', gravado pela TV Cultura no Sesc-Pompeia, em São Paulo. Completa a caixa um livro escrito pelo jornalista Carlos Calado contando a história da formação do grupo e sua trajetória nos últimos 30 anos, com farto material iconográfico.

“O 'Caixote' é resultado de um trabalho árduo e faz um balanço do trabalho do grupo, além de traçar um panorama da música instrumental brasileira. Estou orgulho e feliz com o resultado. Trata-se de um documento importante, um legado que mostra que, apesar das dificuldades, é possível fazer música instrumental de qualidade no Brasil”, diz o diretor e produtor musical do projeto, Rodolfo Stroeter, contrabaixista do grupo. “O 'Caixote' consegue resgatar uma sonoridade que foi mudando ao longo do tempo.”

Segundo Stroeter, a compilação é inédita em termos de grupo de música instrumental. “Há muitas caixas com a discografia de ídolos da MPB, como Elis Regina, Chico (Buarque), Gil (Gilberto), ou de músicos isolados, mas nunca vi um balanço de um grupo de música instrumental. Acredito que é o primeiro.”

O música explica que a ideia da caixa nasceu em 2006, mas num processo lento, com muitos entraves. Tomou forma mesmo há cerca de dois anos e pode ser concretizada graças ao patrocínio da Petrobras e da Caixa Econômica Federal.

Segundo Stroeter, não foi uma tarefa fácil recuperar toda essa história. “Todos os discos têm uma faixa bônus que fui buscar em rádios da Suécia, Japão, Noruega. A biografia também foi complicada, porque é difícil lembrar de 30 anos de história. Foi preciso montar um quebra-cabeça de memórias”, afirma Stroeter.

Para Carlos Calado, o convite para escrever essa história foi um presente. “Fiquei muito contente. Tenho uma relação muito próxima e acompanho o grupo desde suas primeiras apresentações”, diz Calado. O jornalista, que também é músico, foi contemporâneo de Azael Rodrigues na Escola de Comunicação e Artes (ECA), estudou saxofone com Roberto Sion e Hector Costita e fez um curso de improvisação no Festival de Inverno de Campos do Jordão com Nelson Ayres, que já integraram o grupo. “Foi uma coincidência feliz. Parte dessa história já tinha na cabeça, porque sempre admirei muito o trabalho deles, mas foi interessante sentar com eles e ouvir histórias das turnês internacionais, uma parte da trajetória eu conhecia pouco”, conta Calado.

Entusiasmo

Para músicos e fãs do grupo, o lançamento da caixa é algo a ser comemorado. “Cheguei em Campinas em 1984 para cursar análise de sistemas, mas já tocava em barzinhos. Foi nessa época que tive mais contato com a música instrumental. O Pau Brasil foi ícone desse movimento da música instrumental autônoma, que incorpora conceitos jazzísticos, mas que não é jazz. O grupo ajudou muito na divulgação do gênero. É fantástico esse lançamento, uma oportunidade para músicos da nova geração terem acesso a esse trabalho”, diz o multi-instrumentista Ricardo Matsuda.

“Que ótima notícia. O grupo tem um baita material, mas difícil de ser encontrado. Foi uma referência para os músicos da minha geração, e tem um trabalho maravilhoso”, afirma o contrabaixista Ronaldo Saggiorato. “O Pau Brasil é uma referência e trilha esse caminho difícil da música instrumental há muito tempo. São verdadeiros heróis, com uma trajetória linda. É super bacana sair essa coletânea, importante para a nova geração de músicos” , reforça a cantora Bel Padovani.

Ela conta que recentemente viu uma entrevista com Nelson Ayres em que ele conta que no início não havia a facilidade de leis de incentivo ou instituições que contratam shows como o Sesc e Sesi. “Os grupos alugavam teatros e ganhavam a bilheteria, se tivesse.”

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