CULTURA

Pato Donald: um jovem senhor

Considerado um dos mais humanos personagens da Disney, com voz irritante e sempre estressado, o pato mais querido do mundo completa 90 anos colecionando fãs

Cibele Vieira/[email protected]
14/06/2024 às 18:29.
Atualizado em 14/06/2024 às 18:29
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

A manauense Thays de Lourdes (Thalu), que mora em Campinas com a família, aprendeu a gostar dos gibis do Pato Donald com a mãe, que sempre foi fã dos quadrinhos da Disney e passou esse gosto para os filhos. E ela teve uma experiência que considera emocionante há poucas semanas, quando ganhou um convite para conhecer o escritório da Disney em São Paulo e participar de um evento em comemoração aos 90 anos do Donald. O pato mais popular do mundo completou suas nove décadas de criação no dia 9 de junho e celebra o aniversário com eventos em diferentes países.

Thalu é uma social media, que mora em Campinas quando não está viajando. “Eu e minha mãe sempre amamos Disney, e ela sempre comprava revistinha do Pato Donald e outros personagens, e eu adorava assistir às aventuras da família pato pela televisão.” Como atua na área de anime e eventos geek, foi convidada pelo portal Zoombeezando para conhecer o escritório da Disney e participar de um evento em comemoração aos 90 anos do Donald. “Meu coração quase saiu pela boca de emoção, e fiquei ainda mais apaixonada por tudo que fez parte da minha infância. Inclusive pude conhecer o Moacir Rodrigues, o ilustrador/quadrinista que desenha o Donald e outros personagens de família Pato no Brasil há 50 anos”, relembra.

Essa admiração é compartilhada pelo cartunista Dario Carvalho (conhecido como DJota), jornalista especializado em quadrinhos e apresentador do programa MundoHQ TV, no canal EducaTV Campinas. “Do personagem em branco e preto de 1932 – primeiro esboço antes de ser oficialmente lançado no desenho A Galinha Sábia – ao temperamental e pastelão Donald dos curtas do Mickey nos anos 2000 (passando pelo tio superlativo de Huguinho, Zezinho e Luisinho), ele foi e sempre será um sucesso. Porque nos faz rir de nosso próprio esforço, azar, mal humor e eventual sucesso: todos somos um pouco Pato Donald”, ressalta o cartunista.

O cartunista DJota relembra que seus primeiros contatos com o Pato Donald foram nos anos de 1970, nos desenhos que passavam aos domingos de manhã na televisão e nos gibis comprados pelos pais. “O Donald dos desenhos era mais rabugento e pavio curto, o dos quadrinhos – graças em especial ao cartunista Carl Barks, conhecido como ‘o Homem dos Patos’ nos estúdios Disney – tinha uma personalidade mais ampla, era esforçado, meio covarde e um tanto azarado. Mas tanto nos quadrinhos quanto nos desenhos, Donald tinha uma coisa em comum: errava, insistia e, às vezes, prosperava, ou seja, era muito mais ‘humano’ do que Mickey, por exemplo, para quem tudo dava certo”. 

HISTÓRIAS PARA ADULTOS E CRIANÇAS

Em Campinas, a Biblioteca Pública Municipal mantém uma gibiteca há 20 anos, com mais de 15 mil exemplares de todos os gêneros e diversos idiomas, entre eles muitos da família Disney, como o Pato Donald. Nesse espaço, crianças e adultos compartilham seus gostos, como o garoto Nicollas Papaynnopolus, de 11 anos, que adora as coleções encadernadas e frequenta o espaço com assiduidade. 

Já Marco Aurélio de Souza, 46 anos, foi matar a saudade dos quadrinhos na Biblioteca no início desta semana e levou o filho Marco Jr., 19 anos, junto. “As histórias simples e divertidas como as do Pato Donald nos ajudam a tirar o foco do cotidiano, principalmente com seu jeito sempre nervosinho”, comenta o pai, que desde a infância convive com as histórias em quadrinhos.

A bibliotecária Suze Elias, que há 21 anos criou a Gibiteca da Biblioteca Zink, relata que para manter os pais junto com os filhos no setor foi montado um espaço ao lado da seção de periódicos, assim os pais liam os jornais e as crianças os gibis. Mas o que acabou acontecendo é que muitos adultos começaram a se interessar pelos quadrinhos por relembrarem esse prazer de infância, e graças a muitas doações que acontecem até hoje, o acervo sempre cresce e se atualiza. 

Sobre o Pato Donald, ela comenta que “tudo nele é diferente, é mais humano porque falha, isso nos agrada, bem como sua relação com os sobrinhos e a Margarida. E sempre tem algum amigo nosso que adora imitar aquela voz estridente”, brinca. 

UM NERVOSINHO DE SUCESSO 

Uma voz estridente e quase incompreensível, uma personalidade temperamental e zero paciência fazem parte da caracterização do personagem Pato Donald, aliado a um espírito comprometido e amigo. Esse personagem nasceu para fazer dupla com o Mickey Mouse e estreou nas telas no desenho A Galinha Esperta (da série musical Silly Symphonies), em 9 de junho de 1934. Donald não era protagonista da trama, mas não demorou a cair nas graças do público. 

Ganhou o próprio desenho e estrelou mais de 150 curtas animados. Nos quadrinhos, ele deixou de ser um pato infantilizado e virou um adulto rabugento, mas sempre comprometido. No mercado editorial brasileiro, sua história chegou em 1938, com o Suplemento Juvenil de Adolfo Aizen. Em 1943, a Editora Melhoramentos publicou o primeiro livro do personagem e, em 1950, a editora Abril lançou a revista O Pato Donald, que circulou até julho de 2018. Em 2019, a Culturama passou a deter o licenciamento das histórias da Disney no Brasil, enquanto a Panini publica, desde 2020, edições de colecionadores.

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