Papel em novela das nove aumenta projeção

O meio artístico sempre fez parte da vida de Luisa Arraes. Filha da atriz Virginia Cavendish e do diretor Guel Arraes, ela cresceu nos "sets" de gravação, até estrear na televisão em Louco Por Elas. Depois de ficar durante as três temporadas do seriado no ar, conquistou sua primeira personagem nas novelas, a Laís de Babilônia. Na época, Luisa se surpreendeu com a repercussão do público. Mas agora, na pele da problemática Manu de Segundo Sol, percebe que a projeção é ainda maior. “Eu só tinha feito uma novela e achava que era um papel gigante, mas era pequeno comparado a esse. Agora é outra coisa”, constata. Na história escrita por João Emanuel Carneiro, Manu é filha de Luzia, protagonista de Giovanna Antonelli. Mas, com a prisão e o sumiço da mãe, é criada pela família Athayde. A partir da segunda fase da trama, Manu se aproxima de Luzia – que passa a adotar a identidade da DJ Ariella – sem saber que ela é sua mãe. Mas, ao descobrir a verdade, sua vida fica ainda mais complicada, principalmente por causa do uso de drogas. “Como a minha personagem viveu muita coisa, ela tem uma característica de quem não tem papas na língua e não tem muito a perder. Quem já perdeu muito acaba sendo disponível para fazer tudo”, avalia. Para ganhar esse ar de quem não tem amarras, Luisa passou por uma transformação no visual. A atriz teve de adotar um corte moderninho, acima da linha do queixo e uma franja polêmica. Quando surgiu nas redes sociais com o novo look, no entanto, a atriz precisou lidar com algumas críticas. “Acho engraçado que as pessoas se preocupem tanto com isso. Eu amo esse cabelo! Para interpretar uma menina toda diferente e descompensada como a Manuela, as pessoas queriam que eu estivesse usando um Chanel?”, questiona. O figurino acompanha o mesmo raciocínio e é formado por blusas básicas, short e calça. “Eu também vivo com pouco justamente para ter essa liberdade artística, mas tenho mais roupas que a Manu”, entrega, bem-humorada. Para viver uma baiana, Luisa toma cuidado com o sotaque em cena. E, durante a rotina nos bastidores, a atriz acaba aprendendo um pouco mais sobre as gírias baianas com algumas pessoas da equipe da novela. “A nossa figurinista é baiana e me dá vários toques. A Bahia tem gírias muito próprias, como ‘barril dobrado’, que adoro”, diz, sobre a expressão usada para se referir a algo extremamente difícil. Mas são as complexidades psicológicas de Manu que mais a instigam. “Gosto dos sentimentos grandes. A Manuela não é ‘domesticada’ e se sente com permissão de fazer o que quer. A coisa da droga, por exemplo, é uma desobediência porque ela não tem senso de autopreservação”, explica. Para extravasar todas as angústias de Manu no vídeo, Luisa aposta nas suas próprias vivências e, principalmente, em sua intuição. A atriz entende que cada ator possui um método único de trabalho. O seu, entre outros aspectos, muda de acordo com o papel que interpreta. “Eu não busco, por exemplo, um realismo. A Manuela se droga, mas a droga bate em cada pessoa de um jeito. Então, a doideira dela não foi pesquisada”, destaca Luisa, que tem recebido elogios por sua atuação em Segundo Sol. Mas prefere manter os pés no chão. “Importante é não acreditar nos elogios. Fico feliz com isso porque o que eu busco no trabalho é uma coisa séria”, define.