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Pandemia: O show pode parar

O meio artístico mundial foi dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Companhias sólidas sentiram os impactos da crise

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
02/07/2020 às 11:12.
Atualizado em 28/03/2022 às 23:40
Cena do espetáculo Amaluma, do Cirque du Soleil, baseado na peça A Tempestade, de Shakespeare: Montagem esteve no Brasil em 2017 (Divulgação)

Cena do espetáculo Amaluma, do Cirque du Soleil, baseado na peça A Tempestade, de Shakespeare: Montagem esteve no Brasil em 2017 (Divulgação)

O meio artístico mundial foi dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Companhias sólidas sentiram os impactos da crise. Desde o início da pandemia, o Cirque du Soleil sofre perdas e impacto econômico em seus espetáculos e turnês pelo mundo. Na última segunda, 29, a companhia entrou em um programa de recuperação judicial no Canadá, com o objetivo de evitar a falência e se proteger de seus credores. Com sede em Montreal, a produtora se encaixou em um programa voltado ao auxílio de empresas que têm dívidas acima de US$ 5 milhões - as estimativas do mercado americano é de que as dívidas totais da empresa cheguem a US$ 1 bilhão. A companhia de entretenimento foi fundada em 1984, no Canadá, e ficou famosa no mundo com espetáculos que misturam circo, dança, música e efeitos audiovisuais. As empresas de entretenimento que dependem de grandes multidões estavam entre as primeiras vítimas do vírus nos negócios. O Cirque du Soleil demitiu 4.679 funcionários - cerca de 95% de sua força de trabalho - em 19 de março, depois de cancelar 44 produções para cumprir com as ordens de isolamento dos governos em todo o mundo. Entre os dispensados, estão os brasileiros Marcelo Perna e Gabriel Christo. Perna integrava o espetáculo Corteo e Christo fez parte de montagens como Amaluna e Toruk, inspirados, respectivamente, na peça A Tempestade, de Shakespeare, na mitologia grega e nórdica e na ópera A Flauta Mágica, de Mozart; e no filme Avatar. Os dois estavam na equipe artística da companhia do Cirque du Soleil. Fundada por Guy Laliberté, a companhia deixou de ser controlada por ele em 2009, quando o fundador renunciou ao controle do circo por US$ 1 bilhão, em 2015. Foi então transferida para as mãos do fundo privado norte-americano TPG Capital, que hoje possui 55% do capital, enquanto 25% pertence ao fundo chinês Fosun, proprietário do Club Med e Thomas Cook; e os 20% restantes à empresa público-privada Caixa de Seguros e Pensões de Quebec (CDPQ, sua sigla em francês). A partir daquele ano de 2015, o Cirque embarcou em custosas aquisições (como a Blue Man Productions, em 2017, e a VStar Entertainment Group, em 2018) além de promover reformas de salas de espetáculos permanentes ao mesmo tempo em que, de acordo com a imprensa de Quebec, seu característico espírito criativo estava em declínio. No ano passado, adicionou a Works Entertainment e a trupe de mágicos chamados Illusionists ao seu portfólio, antes de fechar um acordo separado para fazer filmes de longa-metragem com a empresa que coproduziu o sucesso The Lego Movie. De Las Vegas a Nova York ou China, os esforços equivocados vêm se acumulando sob suas tendas amarelas e brancas, elevando a dívida para cerca de US$ 1 bilhão. A empresa fechou 44 espetáculos pelo mundo em março, segundo o jornal Las Vegas Review Journal. O acordo, segundo o jornal, inclui um investimento de US$ 200 milhões do governo canadense e mais US$ 100 milhões para tentar continuar as operações da empresa enquanto ela se reestrutura. No entanto, este "acordo de princípio" depende de que a sede do circo permaneça em Montreal e que a província possa recomprar as ações americanas e chinesas no momento oportuno, "pelo valor de mercado" e com "provavelmente um sócio local", afirmou Pierre Fitzgibbon, ministro da Economia de Quebec. "Nos últimos 36 anos, o Cirque du Soleil foi uma organização altamente lucrativa e de sucesso", disse Daniel Lamarre, CEO da empresa, em um comunicado. "No entanto, com receita zero desde o fechamento forçado dos nossos shows devido à covid-19, a diretoria teve que agir com firmeza para proteger o futuro da empresa." Como os shows em Las Vegas (O, Zumanity, The Beatles Love, Ka, Mystere e Michael Jackson One) e Orlando (Drawn to Life, em Disney Springs) devem voltar antes dos demais espetáculos do grupo, Os colaboradores desses núcleos não foram afetados pelas demissões para que estejam à disposição assim que as portas reabrirem. Shows em Austin, Texas, Chicago, Houston, Nova Orleans, Salt Lake City, Montreal, Boston, Tel Aviv, Meloneras, Munique, Costa Mesa, Denver e as cidades australianas de Melbourne, Adelaide e Perth foram cancelados. (Com Agências Internacionais)

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