MEMÓRIA

Palestra sobre Lasar Segall relembra mostra pioneira

Há cem anos, Campinas recebia exposição do artista, precursor do Modernismo

Cecília Polycarpo
cecília.cebalho@rac.com.br
05/07/2013 às 08:36.
Atualizado em 25/04/2022 às 10:18

Há cem anos, Campinas recebia uma exposição artística que abriria caminho para o expressionismo e o cubismo no País. O Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), localizado na Rua Benardino de Campos, expôs obras do lituano Lasar Segall, em visita ao Brasil pela primeira vez em 1913. A mostra, que passou também por São Paulo, é considerada uma das precursoras do movimento artístico mais autêntico do País, o Modernismo. Foi durante a visita que Segall se apaixonou pela cores e energia brasileiras. Ele instalou-se definitivamente em terras tupiniquins em 1932, onde viveu até a morte, em 1957.

Para celebrar a data, o CCLA promove hoje uma palestra sobre o pintor europeu, com o professor de história da arte e ex-coordenador do Departamento de Educação Artística da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) Duílio Battistoni Filho.

Segall influenciou definitivamente a arte brasileira com suas telas emocionais, que retratam as tragédias e perseguições ao povo judeu. A inusitada exposição do início do século passado, que ocorreu de 23 a 26 de junho, conquistou os conservadores críticos campineiros. Segall presenteou a instituição com a tela a óleo Cabeça de Mulher Russa , que está até hoje no centro.

“Até então, a estética acadêmica e realista predominava no Brasil. Segall trouxe algo totalmente novo e inaugurou um movimento de vanguarda. Ele se tornou amigo pessoal de todos os artistas que promoveram a Semana de Arte Moderna de 1922”, disse Battistoni.

O entusiasmo com a exposição pode ser sentido no texto publicado pela revista do centro em 30 de junho de 1913, quatro dias depois da mostra. “Effectivamente a sedução do Novo Mundo, encanto da mocidade estudiosa, exerce irresistível acção sobre os noveis talentos. Sua passagem entre nós veio mostrar-nos como echoam gratamente nesta Campinas as cousas da arte”, fala a matéria, com o português da época. Foram expostas as obras O Violinista, Asilados, Na Janela , Abandonada, entre outras. O centro não tem registros do público que compareceu à exposição.

Segundo o especialista, Segall decidiu morar no Brasil por causa do avanço do nazismo na Alemanha, país em que residia à época. O lituano se decepcionou com o ufanismo exacerbado e com a intolerância do regime de Adolf Hitler . “Ajudou o fato de ele já ter irmãos morando por aqui”, explicou Battistoni. Segall ficou entusiasmado com a natureza, o clima e a vegetação brasileira e começou a trabalhar em obras com elementos tropicais. No período que passou no Rio de Janeiro, fez uma série de gravuras sobre as prostitutas do bairro do Mangue, que também já foi fonte de inspiração para poetas como Vinícius de Moraes. “A diversidade e a alegria brasileiras o encantaram e influenciaram as cores e tom de sua obra”, explicou. Em uma frase célebre o artista fala que no Brasil, suas telas adquiram o “milagre da luz e da cor”. “Ele saiu do sofrimento e da dureza da Europa da Segunda Guerra Mundial para um País tropical em acensão.”

Segall casou com Jenny Klabin no Brasil, com quem teve dois filhos, Maurício e Oscar. Ele morreu em 2 de agosto de 1957, vítima de problemas cardíacos.

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