Os 100 anos de 'A Sagração da Primavera', de Stravinsky

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) encontrou uma maneira diferente e ousada de comemorar os 100 anos de estreia da obra 'A Sagração da Primavera', de Igor Stravinsky, com coreografias de Vaslav Nijinsky. O projeto, idealizado pelo diretor-artístico e regente titular Victor Hugo Toro, prevê uma apresentação da OSMC acompanhada de um corpo de baile que reúne 75 adolescentes, com e sem experiência em dança, e os bailarinos profissionais da Seis + 1 Cia de Dança, na execução da obra na íntegra. “'A Sagração da Primavera' é uma peça fundamental na história da música e da dança ocidentais, tem uma força visceral, primitiva, que vem da terra, de difícil execução”, explica o maestro.Ele cita que este ano muitas orquestras apresentarão a versão de música e dança, mas com corpos de baile profissionais. “Mas Stravinsky dizia que as crianças e adolescentes eram os que entendiam melhor sua obra. Então, pensei: por que não fazer o concerto com crianças?”, diz Toro. A montagem se baseia numa versão realizada em 2004 pela Orquestra Filarmônica de Berlim (Alemanha), com regência de Simon Rattle e coreografias de Royston Maldoon, com a participação de 300 crianças e bailarinos profissionais.“O maestro me chamou e fez a provocação de fazer o concerto aliando a orquestra com crianças da rede pública. Pelo pouco tempo que tínhamos para a montagem, optamos por um número menor no elenco para viabilizar o projeto. De início, reunimos 90 adolescentes. Teve uma pequena evasão e ficamos com o grupo de 75, que está trabalhando e trocando experiências com os bailarinos profissionais da Seis + 1 Cia de Dança”, afirma a coreógrafa Daniela Gatti, coordenadora do curso de graduação em dança da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretora da Seis + 1, que assina a direção-artística do espetáculo. “Este é um processo inclusivo de trabalho, em que as crianças participam junto com os profissionais de todo o processo de criação. Não importa para mim se os jovens estão fazendo com a perna direita ou esquerda. Importa, sim, sentirem a arte, o respeito ao espaço, ao grupo, à importância de cada um para que o todo aconteça.” RespostaItegram a montagem alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental (Emef) Padre Emílio Miotti, do Jardim Yeda, e participantes do projeto da organização não governamental ProDança, coordenado por Walquíria Coelho. A resposta dos adolescentes surpreendeu, segundo os profissionais.“Todos estão muito envolvidos. É um tema novo, não sabíamos como seria, mas eles receberam e estão respondendo muito bem à proposta”, diz Karina de Almeida, integrante da Seis + 1 que, junto com os demais membros da companhia, atua como assistente de coreografia e montagem do espetáculo. Ela explica que os alunos do ProDança já têm alguma experiência, mas os da rede pública, selecionados pela direção da Emef, praticamente nenhuma. “Com um grupo híbrido, o desafio foi trabalhar noções de dança a partir do que eles ofereciam, com foco nas maneiras de ocupar o espaço coletivamente.”“Não sei quando ou se já foi feita uma apresentação com a Sinfônica de Campinas e balé desta peça, que é pouco tocada por sua complexidade e dificuldade técnica, mas, com certeza, se houve, foi há muito tempo. Esta será uma experiência que vale a pena conferir. Todos estão trabalhando no seu limite, mas dando conta do recado”, conclui o maestro Toro. O trabalho é resultado da parceria da Sinfônica, secretarias de Cultura e Educação e Unicamp.Serviço'A Sagração da Primavera', com Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas e corpo de baile Domingo (10), às 18h30Na Estação Cultura (Praça Floriano Peixoto, s/n - Centro) - Campinas. Telefone: (19) 3705-8047De graça