'órfãos da terra'

Opressão às mulheres é debatida na nova trama

Letícia Sabatella é muito seletiva com seus trabalhos na tevê. Geralmente, está sempre atenta aos dramas da personagem, equipe envolvida e qualidade

Da TV Press
21/03/2019 às 10:58.
Atualizado em 04/04/2022 às 20:53

Letícia Sabatella é muito seletiva com seus trabalhos na tevê. Geralmente, está sempre atenta aos dramas da personagem, equipe envolvida e qualidade do roteiro. Entretanto, para viver a sofrida Soraia de Órfãos da Terra, nova novela das seis, que tem previsão de estreia para terça, dia 2 abril, Letícia utilizou um outro parâmetro para acertar sua participação: a importância do tema. Escrita pela premiada dupla Thelma Guedes e Duca Rachid, o folhetim abordará o drama dos refugiados de países em guerra. “Teledramaturgia é entretenimento. Mas é positivo quando uma novela consegue ultrapassar questões óbvias e falar sobre coisas que realmente importam”, avalia. Para a atriz, a trama está em sintonia com um tema atual que gera diversas reações, desde a xenofobia de um patriotismo bobo ao sentimento humanitário de acolhimento. “É possível abordar temas sérios sem desvirtuar o propósito folhetinesco das produções. Vai ter história de amor, mas também vai falar com o grande público sobre os problemas enfrentados por quem é obrigado a deixar tudo para trás para não morrer”, explica. Na trama, Soraia vive em Beirute e é a primeira esposa do Sheik Aziz, de Herson Capri. Criada para servir ao marido, ela conta com certos privilégios por ser mãe da filha preferida de Aziz, a soberba Dalila, vilã de Alice Wegmann. Entre idas e vindas na suntuosa mansão, Soraia acaba vivendo uma delicada e escondida paixão por um dos homens de maior confiança de seu marido, o bondoso Houssein, de Bruno Cabrerizo. “O casamento para ela foi uma grande desilusão. Soraia vive uma vida oprimida e infeliz. Esse amor nasce para deixar a vida dela um pouco mais alegre, só que tudo fica mais complicado, já que a maioria das mulheres não tem voz nessas regiões.” Boa parte da inspiração para a personagem surgiu de forma intuitiva e ligada às viagens que Letícia fez por países de origem islã como Emirados Árabes e Marrocos. “A opressão à mulher se desenvolve de diversas maneiras. E chega a ter situações de muito constrangimento, como a obrigação de todas usarem sempre o mesmo estilo de roupa ou não poder votar.” Há quase duas décadas, Letícia teve a oportunidade de viver sua primeira personagem de tons étnicos com a inteligente Latifa de O Clone. “É uma das personagens mais queridas da minha carreira. A Latifa representava a mulher que se adaptava muito mais fácil aos costumes muçulmanos. Ela não batia de frente com o marido, mas conseguia tudo o que queria com muita astúcia. Era uma versão mais leve e feliz de um casamento arranjado”, analisa. Por conta das diferenças de trama, em nenhum momento a atriz achou que pudesse se repetir em cena. A única semelhança entre Latifa e Soraia é o figuro. 'É muito legal voltar a esse universo. No momento em que as mulheres estão ocupando seus espaços, o contraste é necessário para a gente entender que é uma batalha incessante”, defende a atriz, ativista em prol do feminismo e de outras causas sociais. Em tempos de um país polarizado e muito ódio destilado nas redes sociais, Letícia acredita que o diálogo ainda é o melhor caminho. “Recebo muitos ataques, mas minha rede de afeto também cresceu bastante. Não consigo ficar sem expor o que penso e defender minhas causas”, assume. De origem mineira, mas criação curitibana, Letícia estreou na TV já fazendo sucesso, na pele da prostituta Taís, de O Dono do Mundo. Após uma breve incursão pela Manchete, construiu na Globo uma carreira sólida a partir de novelas como Torre de Babel e Caminho das Índias, e séries como Os Maias e Hoje é Dia de Maria. Aos 48 anos, Letícia vive um dos momentos mais frutíferos de sua trajetória, dividindo-se entre o mainstream da televisão, peças “cabeças” e uma crescente carreira musical. Além da novela, ela segue se apresentando com a banda Caravana Tonteria e está em turnê com o espetáculo A Vida em Vermelho, onde dá vida à cantora Edith Piaf.

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