em campinas

Olívia Niemeyer abre exposição gratuita no Pavão Cultural

Mostra da artista visual reúne obras que privilegiam formas fragmentadas e desconstruídas

Cibele Vieira
17/09/2022 às 17:01.
Atualizado em 17/09/2022 às 17:01
Olívia Niemeyer acompanhando a montagem da exposição “Quase 80” no Pavão Cultural: proposta para celebrar a vida através da arte (Isabela Senatore)

Olívia Niemeyer acompanhando a montagem da exposição “Quase 80” no Pavão Cultural: proposta para celebrar a vida através da arte (Isabela Senatore)

Em 2023 ela completa 80 anos de idade, vinte deles dedicados à arte. Por isso a exposição que inaugura na manhã deste sábado recebeu o nome "Quase 80". São 20 obras da artista Olívia Niemeyer, uma carioca que há 30 anos reside em Campinas e nesta mostra faz um recorte do seu trabalho com imagens digitais, instalações, pinturas, fotos, black light, livro de artista e vídeos. "Meu trabalho em artes plásticas privilegia formas interrompidas e fragmentadas, focos de dispersão e multiplicidade", diz a artista, que já participou de mais de 20 exposições presenciais e muitos trabalhos na Web. 

"Celebrar a vida através da arte, propondo participação do público em sua felicidade e mostrar que está sempre em andamento" é um dos objetivos da mostra, segundo o curador Andrés Hernández. Ele explica que "o recorte da produção no período aproximado de 20 anos de pesquisa pretende mostrar pontos que definem a trajetória da artista, que apresenta suas obras em diferentes suportes e faz uma construção visual com elementos descontínuos, imagens de materiais de construção em caçambas, constelações e recursos visuais como sombras e formas sobrepostas". 

Olívia Niemeyer é formada em Língua e Civilização Francesa, mestre e doutora em Linguística pela Unicamp. Participa de salões e exposições coletivas e individuais desde 1997. No site que leva seu nome define sua obra: "trabalho com sobreposições, fragmentos de frases, carimbos, frottage e monotipia. Rasuro, acrescento, apago e modifico. Cito e traduzo", diz a artista. Ela sempre tem que voltar à explicação sobre a origem de seu sobrenome, que muitos associam ao do arquiteto Oscar Niemeyer. "Meu bisavô, João Conrado Niemeyer, era irmão da avó do Oscar Niemeyer", esclarece. 

O curador Andrés Hernández, que também é crítico, professor e produtor, priorizou a escolha de algumas obras entre as várias séries criadas por Olívia nas últimas duas décadas. Entre elas está "Cidades em Andamento", que usa cores, formas interrompidas, fragmentos de frases, traços e indícios. "Colocados lado a lado, não compõem uma unidade coerente, mas é uma multiplicidade que direciona a proposta da exposição", comenta. Usando fotos como ponto de partida, a artista projeta uma noção visual resultante da articulação entre elementos descontínuos acomodados em caçambas. 

Para apreciar descalço 

A arte de Olívia é mostrada já no piso da área externa do Instituto Pavão Cultural. Os visitantes são convidados a tirar seus sapatos e, vagarosamente, transitar sobre a obra, "sentindo nos pés a estranheza de seguir desnorteado até encontrar um muro". A artista explica que criou essa obra "fazendo e refazendo sulcos em uma superfície, sempre o mesmo movimento como o balanço do mar. Um mar escuro, assombrado e inseguro. Um mar e uma fuga dos tempos atuais. O que procuro? Procuro a sensação de despojamento forçado, a agonia da impotência, a devastadora suspeita de que o mar leva a lugar nenhum". 

Outra peça considerada icônica pelo curador é "As Cores da Memória", um conjunto de cinco caixas em acrílico com nomes de artistas plásticos, onde Olívia explora a relação do metatexto, das sombras arquitetônicas e as variações sensoriais entre a articulação do conjunto de peças e as demais obras expostas. Sobre esta montagem, Olívia diz que "o intervalo no tempo é essencial para acessarmos nossas lembranças, desafiarmos nosso repertório artístico, utilizarmos os nomes gravados como ganchos que pescam cores e as espalham sobre as caixas. Muitas vezes a expectativa do artista não se concretiza e o espectador apressado deixa a obra incompleta, descolorida, morta. É necessário abandonar a transparência do acrílico e denunciar as diversas cores e formatos arquivados na memória pelo nosso amor à história da arte". 

PROGRAME-SE 

Mostra "Quase 80" de Olívia Niemeyer 

Quando: abertura sábado, 17/09, às 11h. Visitação até 22 de outubro, de quarta a sábado, das 15h às 20h 

Onde: Pavão Cultural - Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Barão Geraldo 

Entrada Gratuita 

Informações: WhatsApp: (19) 99633- 4104 - https://olivianiemeyer.com.br/ 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por