Exposição O Olho e o Rio inclui ateliês com sessões de pintura e desenho com modelos voluntários
Pintura de Ernesto Bonato em exposição no Macc: público participa (Divulgação)
Peças dispostas de forma a criar um diálogo de olhares entre pinturas de épocas e visões diferentes. Esta é a proposta da exposição O Olho e O Rio, do artista plástico Ernesto Bonato, em cartaz no Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti (Macc) até 27 de outubro. A mostra reúne cerca de 100 obras, entre pinturas, desenhos e gravuras, realizadas no período de 2008 e 2018. “A ideia foi criar uma exposição não apenas com imagens em sequência, mas propor um diálogo entre as pinturas, de forma que uma tela colocada num canto olhe para outra no canto defronte. Dispomos, por exemplo, um retrato de 10 anos atrás com outro recente da mesma pessoa. Montei um conjunto de obras feitas em épocas diferentes, ou de autorretratos com visões e técnicas diversas”, explica Bonato. A proposta é criar uma grande instalação que permita aos visitantes perceber as relações entre os grupos de retratos. “Ninguém consegue se ver realmente. Mas sim o seu reflexo”, observa Bonato. “O objetivo é propor essa relação instigante entre os múltiplos olhares que os retratos oferecem. O ambiente foi construído pela troca de olhares dos retratos”, afirma o artista. Bonato conta que algumas obras levaram anos para ser concluídas. “Com isso é possível perceber o tempo passando e relacionar o retrato com a finitude da vida. Os primeiros retratos da história foram máscaras mortuárias. É a presença da morte frente a vida. O retrato é a imagem presente de um tempo passado”, coloca o artista. A mostra é interativa. Conta com ateliês em que ocorrem sessões de pintura e desenho com modelos voluntários. Os ateliês são realizados de terça a sexta, das 14h às 18h, e as inscrições podem ser feitas no local, com meia hora de antecedência. Também serão realizadas palestras com o pesquisador Renato Brolezzi, toda quinta-feira, às 19h, sobre a representação da figura humana da antiguidade aos dias atuais. O ateliê comporta ainda conversas e exibição de vídeos. “A presença do ateliê em um dos espaços expositivos do museu busca enfatizar o encontro e a ação como parte da obra pictórica, além de criar a oportunidade para se investigar a representação da figura humana a partir de diferentes dinâmicas”, destaca Bonato. Algumas obras estão relacionados aos vídeos e áudios gravados durante as sessões de pintura, que podem ser assistidos pelo celular utilizando os códigos QR encontrados nos espaços expositivos. Além disso, um vídeo criado pelo fotógrafo Vinícius Cruz, abordando os encontros entre o artista e os modelos, com cerca de 11 minutos de duração, é exibido continuamente na mostra. A programação completa pode ser conferida no site https://oolhoeorio.webnode.com/