BALANÇO

'Olhar de Cinema', em Curitiba, termina com saldo positivo

A seleção da mostra competitiva superou em muito a do ano passado: desta que para 'A Misteriosa Morte de Pérola', do cearense Guto Parente e Ticiana Augusto Lima

João Nunes/Especial para o Correio Popular
18/06/2015 às 17:25.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:15
Cena do média-metragem 'Nova Dubai', que aboda temas tabus (  Divulgação)

Cena do média-metragem 'Nova Dubai', que aboda temas tabus ( Divulgação)

Termina nesta quinta-feira (18) o 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba com a cerimônia de premiação que acontece a partir das 20h no Teatro Paiol, na capital paranaense, e que inclui um pocket show. Além do júri oficial, que premiará concorrentes da Mostra Competitiva de Longas Internacionais, há um júri que escolherá apenas os melhores brasileiros (longas e curtas), além do Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema – Abraccine, para o melhor longa-metragem.Antes da premiação, vale alguns comentários. O primeiro é que a seleção da mostra competitiva superou em muito a do ano passado, um dado extremamente positivo.E também vale acentuar alguns dos últimos filmes vistos. Como o surpreendente 'A Misteriosa Morte de Pérola', do cearense Guto Parente e Ticiana Augusto Lima, suspense com apenas dois personagens que, no entanto, atinge ótimo resultado num gênero difícil. Feito de modo artesanal, com pouquíssimos recursos, comprova que bons filmes não necessariamente nascem de muito dinheiro.E, como é mais ou menos comum em festivais, Curitiba também teve uma pequena polêmica levantada pelo média-metragem 'Nova Dubai', de Gustavo Vinagre, que usou e abusou do sexo explícito entre homens e de evocar com insistência temas tabus, como incesto de várias naturezas, por exemplo. A reação, no geral, foi tranquila, mas nas duas sessões do filme, pessoas incomodadas abandonaram a sala.O próprio diretor protagoniza uma história híbrida que une documentário e ficção. E soa estranho vê-lo se envolver nas cenas de sexo explícito usando como suporte o fato de ter como fetiche transar em locais públicos e de que a exploração imobiliária permite tal prática ao mesmo tempo que suprime espaços outrora livres de construções.Tem-se a impressão que a referência ao espaço público (fetiche comum ao universo gay) serve apenas como justificativa filosófica para a prática do sexo, o que emprestaria seriedade ao filme. Assim como a discussão sobre o suicídio. Mas, há que se dizer que o plano final é impressionante na feitura e no significado. O filme, que tem um humor cáustico e preciso, alcança o que busca, pois “causou” no festival.Colombiano 'Violência', do colombiano Jorge Forero, trata de uma questão sóciopolítica que aflige o país há um bom tempo: os efeitos das guerrilhas e do narcotráfico, ainda que este apareça apenas nas estrelinhas. Para isso, ele reúne três histórias.A primeira fala da guerrilha e mostra um homem sequestrado vivendo na mata — tão acostumado está com a prisão que nem ao menos cogita fugir. Na segunda, nos damos conta de que a polícia (estado) assassina garotos como forma de dar resposta ao público a respeito da violência. Na última, vemos como age uma milícia para-militar.São três histórias terríveis nas quais, apesar do título, o único sangue que vemos vem um cabrito abatido. Este dado revela a delicadeza da direção ao tratar de assunto tão complexo. Além disso, a narrativa igualmente é sensível, cheia de pausas e silêncios — o que se contrapõe ao título do longa.* O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DO FESTIVAL

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