CINEMA

Oito e Meio é referência para ciclo sobre Fellini

Museu da Imagem e do Som promove exibição de nove filmes do cineasta italiano

Delma Medeiros
18/02/2013 às 10:25.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:14
Federico Fellini em set de filmagem: longa Oito e Meio é divisor de águas na carreira do cineasta  (Cedoc)

Federico Fellini em set de filmagem: longa Oito e Meio é divisor de águas na carreira do cineasta (Cedoc)

A Semana do Diretor, promovida anualmente pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas vai homenagear o cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993). Durante nove dias — quatro a mais do que nas edições anteriores — o espaço exibirá o ciclo Oito Fellinis e Meio, título alusivo a Oito e Meio, longa considerado divisor de águas na carreira do diretor e que servirá também como base cronológica da programação. 

Primeiramente, serão mostrados três filmes cuja produção foi anterior a Oito e Meio: A Estrada da Vida (nesta segunda, 19), Noites de Cabíria (terça-feira) e A Doce Vida (quarta-feira). Oito e Meio será exibido na quinta. Na semana seguinte, quatro filmes posteriores ao fundamental longa: Satyricon (dia 25), Roma (26), Amarcord (27) e E La Nave Va (28). O filme que encerra a mostra é As Tentações do Dr. Antonio (1/3). Todos as sessões ocorrem às 19h e têm entrada franca.

Crise criativa

Oito e Meio (Itália/França, 1963) marca a crise criativa de Fellini após a repercussão internacional de seus trabalhos anteriores. A angústia do diretor é representada pelo personagem Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), um cineasta em crise existencial, assim como Fellini. Incapaz de se comunicar com os outros, ele se refugia em lembranças do passado ou delírios de sua imaginação. “A partir desse filme, o diretor seguiu novo rumo, mais surrealista, num universo onírico com mistura de sonhos e alucinações”, diz o Ricardo Pereira, curador da Semana ao lado de Priscila Salomão.

Segundo Pereira, filmes como Satyricon (Itália, 1969), Roma (Itália, 1972), Amarcord (Itália/França, 1973) e E La Nave Va (Itália, 1983) ajudam a entender a expressão “felliniano”. “Ao mesmo tempo em que definia a marca de um autor inconfundível que passa a se envolver por inteiro com os temas e fantasmas de suas obras, o termo foi utilizado também para significar o uso recorrente de elemento do subconsciente para descrever as sensações e experiências das personagens.”

Satyricon é uma livre adaptação de Fellini sobre famosa obra de Petrônio que faz uma crônica da Roma Antiga. Vencedor do Grande Prêmio Técnico no Festival de Cannes, Roma traz um passeio pela capital italiana ao encontro de sua arquitetura, de suas personalidades, de seus moradores e seus hábitos, de seus mistérios subterrâneos, de sua vida noturna trepidante.

Amarcord, como outros trabalhos do cineasta, é marcadamente autobiográfico, a começar pelo título, que no dialeto de Rimini, sua cidade natal, significa “eu me lembro”; ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. E, em La Nave Va, cantores, músicos, amigos, nobres e um jornalista acompanham o funeral de uma célebre cantora lírica a bordo do luxuoso navio Glória N rumo a sua terra natal, a ilha de Erimo. A normalidade dos primeiros dias de viagem é interrompida quando o capitão tem de socorrer refugiados da recém-declarada Primeira Guerra.

Antes de Oito e Meio

Na fase anterior ao Oito e Meio, Fellini bebe na fonte do neo-realismo italiano, mas apresentando estilo próprio. O primeiro filme a ser exibida na série, A Estrada da Vida (Itália, 1954), recebeu os prêmios Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Leão de Prata de Melhor Diretor no Festival de Veneza. Na história, Giulieta Masina (esposa do diretor na vida real) faz Gelsomina, vendida pela mãe a um artista mambembe vivido por Anthony Quinn. Giulieta também é a estrela de Noites de Cabíria (Itália, 1957), longa vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, que passará amnhã. Ela vive uma prostituta que ganha a vida nas ruas de Roma. Ingênua, sonha com o amor perfeito e acredita na bondade humana.

Por isso, sofre constantes desilusões. Um dos filmes mais marcantes de sua carreira, Palma de Ouro em Cannes, A Doce Vida (Itália/França, 1960) é a atração de quarta-feira. Nele, um jornalista interpretado por Marcello Mastroianni serve de fio condutor por meio de um tour pela Roma dos anos 60, onde milionários, artistas e excêntricos frequentavam festas, bares da Via Veneto, misturando dramas, conflitos e paixões.

Por fim, As Tentações do Dr. Antonio (Itália, 1962), um episódio de 52 minutos que compõe o filme Bocaccio 70. Conta a história de um professor moralista que se apaixona pela garota-propaganda de um outdoor julgado por ele como obsceno.

AGENDE-SE

19/2: A Estrada da Vida 

20/2: Noites de Cabíria

21/2: A Doce Vida 

22/2: Oito e Meio

25/2: Satyricon

26/2: Roma

27/2: Amarcord

28/2: E La Nave Va

1/3: As Tentações do Dr.Antonio

Horário: Sempre às 19h

Onde: MIS (Rua Regente Feijó, 859, Centro, 3733-8800)

Quanto: Entrada franca

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