'Dicionário de Cinema Brasileiro', de Mauro Baladi, acaba de sair pela Martins Fontes
Dicionário, na acepção do termo e do uso, serve como objeto de consulta com o fim de se esclarecer dúvidas. 'Dicionário de Cinema Brasileiro - Filmes de longa-metragem produzidos entre 1909-2012', de Mauro Baladi, que acaba de sair pela Martins Fontes, vai além desse pressuposto — até porque a internet se transformou no grande espaço para dirimir quaisquer dúvidas.O livro do filósofo, tradutor e “apaixonado pela chamada sétima arte”, segundo a autora da apresentação, Regina Schöpke, não apenas traz “informações fundamentais” a respeito dos longas referidos no título, como os organiza em ordem alfabética e relaciona diretor, companhia produtora, cidade, ano de produção, duração, data da estreia comercial, produtor, argumentista, roteirista, diretor de fotografia, montador, responsável pela trilha musical, elenco e sinopse.E, ao final, encontramos ótimo material no formato de índice cronológico com a devida remissão para a página na qual estão todos os dados a respeito dos filmes. Este aspecto demonstra o apuro que o autor teve em relação à pesquisa feita ao longo de mais de 20 anos.Grande porcentagem dos verbetes do total de 4.140 fichas foi composta a partir da análise dos próprios filmes. Ou seja, quando a obra estava disponível e acessível, elas foram vistas pelo autor. Quando não, ele consultou arquivos extraídos “das fontes mais confiáveis”, segundo a assessoria da editora.No espaço destinado a explicar os critérios e as definições usados, o autor informa que o projeto é destinado aos que amam o cinema, “quer sejam pesquisadores ou críticos, quer seja o público em geral”. E garante que objetivou a precisão das informações, de um lado e, de outro, “despertar a curiosidade do espectador quanto à filmografia nacional”. Daí a ideia de facilitar a consulta — meta alcançada plenamente.Na apresentação, Regina Schöpke, doutora em filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destaca “o espírito democrático” do livro, “aquele que garante a possibilidade da coexistência das múltiplas formas de expressão e de pensamento”, e que motivou o autor. “É preferível conviver com uma multiplicidade de olhares e perspectivas do que com a imposição de um único olhar, já que, neste caso, estaríamos mergulhados em uma ditadura, seja estética ou política”, escreve.Ainda de acordo com ela, mesmo tendo preferências e antipatias, Mauro Baladi não usou critérios de valor nem conceitos prévios para diferenciar os filmes, se são bons ou ruins, comerciais ou artísticos. “A intenção era realmente apresentá-lo como expressão do nosso mundo.” Segundo Regina, a obra obedece “rigorosamente a um princípio democrático fundamental, que é abranger todos os longas-metragens, sem exceção, e dar a todos um espaço sem privilégios históricos ou estéticos”. CampinasApesar da importância do Polo Cinematográfico de Paulínia no cenário nacional a partir de 2007 — aliás, uma história a ser contada —, os filmes rodados (mais de 40) na Região Metropolitana de Campinas (RMC) surgem no livro como produções do Rio de Janeiro (como 'Chico Xavier', 2010, Daniel Filho), ou de São Paulo ('Estamos Juntos', Toni Venturi, 2011), onde se localizam as respectivas produtoras.Em alguns até se menciona as locações na região, caso de 'O Menino da Porteira' (Jeremias Moreira Filho, 2009), mas até mesmo 'Topografia de um Desnudo', lançado em 2009 (de Teresa Aguiar, radicada em Campinas), a primeira produção do Polo e quase todo rodado na região, aparece como sendo da Capital.Porém, o chamado Ciclo Campinas dos anos 1920 está devidamente relacionado no livro. São cinco longas, hoje esquecidos. São eles: 'João da Mata' (Amilar Alves, 1923), 'Alma Gentil' (Antonio Dardes Neto, 1924), 'Sofrer para Gozar' (Eugenio Centenaro Kerrigan, 1923), e 'A Carne' (1925) e 'Mocidade Louca' (1927), ambos de Felippe Ricci. O mesmo cineasta teria dirigido 'Os Falsários', em 1930, porém, pouco se sabe a respeito — o livro informa que nem há certeza de que tenha sido realizado, porém, há registros sim como um cartaz. E o conhecido como “esboço de um segundo surto”, nos anos 1950, do cinema em Campinas também aparece. Trata-se de 'Fernão Dias' (Alfredo Roberto Alves, 1957).Serviço 'Dicionário de Cinema Brasileiro - Filmes de longa-metragem produzidos entre 1909-2012', de Mauro Baladi. Editora: Martins Fontes - Selo Martins Número de páginas: 1.888 Preço: R$ 189,80