arquiteto campineiro

Obra de Fabio Penteado é tema de exposição

A exposição Irradiações, sobre a obra do arquiteto Fário Penteado (1929-2011) está em cartaz na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, na região do Porto

Da Agência Anhanguera
20/02/2019 às 11:58.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:50

A exposição Irradiações, sobre a obra do arquiteto Fário Penteado (1929-2011) está em cartaz na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, na região do Porto, em Portugal, destacando cinco projetos dos anos 1960, que evidenciam a atenção do arquiteto para as domensões coletiva e pública dos espaços. Com curadoria de Francesco Perrotta-Bosch, a mostra é a primeira realização do Arquivo Fabio Penteado, criado para difundir e preservar a obra do arquiteto, que completaria 90 anos em 2019, e tem coordenação de sua filha Adriana Moura Penteado. Autor de projetos de grande porte como o clube Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo, o Centro de Convivência Cultural, em Campinas, e o Parque Cecap, em Guarulhos, o arquiteto paulista Fabio Penteado, tem sua obra revisitada na mostra. O acervo com mais de dez mil itens também tem curadoria de Perrotta-Bosch. Outras ações estão previstas para este ano, como o lançamento do site com acervo digitalizado, a publicação de sua primeira biografia e uma retrospectiva em São Paulo. Irradiações dá sequência à parceria iniciada em 2017 entre o Arquivo Fabio Penteado e a Casa da Arquitectura, que recebeu a doação de cerca de 400 itens (desenhos, fotografias e documentos) referentes ao Centro de Convivência Cultural para integrar sua Coleção Arquitetura Brasileira, um acervo com cerca de 50 mil itens que será mantido pela instituição portuguesa. Parte da coleção está atualmente em exposição na Casa da Arquitectura em Infinito Vão – 90 Anos de Arquitetura Brasileira, que reúne 90 projetos da arquitetura moderna e contemporânea do país e autores como Lina Bo Bardi, Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Fabio Penteado. A mostra segue em cartaz até 28 de abril. A exposição na Galeria da Casa da Arquitectura reúne desenhos originais de cinco projetos de matrizes radiais de um período profícuo da carreira de Fabio Penteado, entre os anos 1962 e 1968. “Irradiar é o verbo gerador dos cinco projetos. Uma mesma gênese que se formaliza de diferentes modos e permite imaginar diversas ocupações pelo povo”, afirma Francesco Perrotta-Bosch. Os quatro primeiros projetos desta seleção não foram concretizados. Já o último foi realizado a convite da Prefeitura de Campinas. O Monumento da Playa Girón (Cuba, 1962), inscrito em um concurso internacional, celebra a vitória cubana sobre os Estados Unidos na tentativa de invasão à Baía dos Porcos, em 1961. O memorial apresenta um corpo singular que brota do solo na paisagem litorânea, sendo envolvido por uma praça para 30 mil pessoas. O projeto ficou em segundo lugar na disputa, mas foi o preferido de Fidel Castro, o que abriu espaço para negociar sua execução. Com passagens para Cuba marcadas para 7 de abril de 1964, a equipe de Penteado teve a viagem suspensa após o Golpe Militar, ocorrido uma semana antes, e a obra nunca saiu do papel. O Monumento Comemorativo aos Trinta Anos (Goiânia, 1965) foi criado para o aniversário de Goiânia. O arquiteto propôs em um concurso um monumento que não celebrasse a curta história da cidade, mas que abrisse espaço para a construção do seu futuro. De um ponto central partiriam oito faixas em concreto, cinco delas ocupadas por arquibancadas abertas à população. Os cinco blocos seriam ligados pelo subsolo, onde se localizaria um museu, preservando também a memória goianiense. O projeto do Mercado do Portão (Curitiba, 1965) aboliu os corredores tão comuns de mercados convencionais. A circulação foi concentrada em uma praça central, a céu aberto, propondo um convívio de diferentes públicos. As lojas irradiam a partir deste ponto, em uma estrutura de concreto e cobertura de vigas-calha de diferentes alturas e comprimentos. O Teatro de Ópera (Campinas, 1966) foi inscrito em um concurso nacional. O projeto grandioso previa a construção de três teatros nas margens de uma lagoa. Dois volumes radiais surgem com salas flexíveis de espetáculos para a ópera e a comédia. Entre eles, um anfiteatro ao ar livre com palco em uma ilha artificial. Apesar de autônomos, os teatros compartilham áreas de apoio, ensaio e camarins em um bloco subterrâneo. A proposta ficou em segundo lugar, mas participando da I Quadrienal de Teatro de Praga, em 1967, recebeu a Grande Medalha de Ouro do evento. O prêmio levou a Prefeitura de Campinas a convidar Fabio Penteado para criar outro teatro para a cidade: o Centro de Convivência Cultural. Centro de Convivência A irradiação proposta nos quatro projetos anteriores se materializaram no Centro de Convivência Cultural (Campinas, 1967-68). O teatro de arena para oito mil pessoas é também uma praça pública, já que seu palco pode ser atravessado por qualquer pessoa, a qualquer hora do dia. A construção em concreto com formas irregulares e assimétricas é composta por quatro blocos, com coberturas em forma de arquibancadas. O maior deles abriga uma sala de espetáculo, as outras trazem bar, área administrativa e sala de exposições. Todas estão ligadas por uma galeria em meio-subsolo. Completa o conjunto uma torre de 25 metros de altura para iluminação e apoio a espetáculos a céu aberto. Tombado pelo patrimônio histórico do Estado, o complexo cultural está fechado ao público desde 2011 e atualmente se encontra em processo de licitação para sua reforma, orçada em R$ 40 milhões, segundo a prefeitura de Campinas. “A trajetória de Fabio Penteado é marcada por esforços de materializar partidos projetuais que, quando não ocorrem na primeira tentativa, reconfiguram-se e reconfiguram-se até se consubstanciarem no mundo. Uma ideia que foi germinando até o momento que irradiou”, diz o curador. Além de 14 desenhos originais dos cinco projetos, informações variadas e textos curatoriais, uma grande maquete do Centro de Convivência Cultural é apresentada na mostra. O design gráfico é de Celso Longo e Daniel Trench e a expografia, de Juliana Prado Godoy. SOBRE O ARQUITETO Fabio Penteado (1929-2011) nasceu em Campinas e teve São Paulo como base de sua atividade profissional. Formado na Universidade Mackenzie (1948-1953), foi autor de grandes projetos.Esteve no Conselho Superior da União Internacional dos Arquitetos (UIA), de 1969 a 1975. Foi presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em diferentes períodos e diretor da Fundação Bienal, tendo dirigido a 2ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em 1993. Foi editor da revista brasileira Visão, de 1956 a 1962, e teve o programa Arquitetos na TV, exibido pelo extinto canal Excelsior nos anos de 1961 e 1962. SOBRE O CURADOR Francesco Perrotta- Bosch é arquiteto, ensaísta e curador do Arquivo Fabio Penteado. Mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP), venceu o Prêmio de Ensaísmo Serrote (2013), do IMS. Trabalhou na montagem da coleção brasileira da Casa da Arquitectura (2017). Curador assistente do Pavilhão Brasileiro da Bienal de Veneza (2016) e curador de exposições no Studio X Rio, da Universidade de Columbia. Membro da Associação Paulista de Críticos de Arte, escreve para a Folha de S. Paulo. AGENDE-SE O quê: Exposição Irradiações – de Fabio Penteado Quando: Até 26/5 Onde: Casa da Arquitectura (Avenida Menéres, 456, Matosinhos, Portugal)

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