JAZZ E CHORO

O Trio faz a diferença

Com sonoridade diferente à base de vibrafone, grupo faz, em Barão, segunda apresentação da carreira

Jary Mércio
20/09/2018 às 07:16.
Atualizado em 22/04/2022 às 02:49
 Leo Pelegrin (bateria), Carlo Bárdu (vibrafone) e Natan Nascimento (baixo) (Divulgação)

Leo Pelegrin (bateria), Carlo Bárdu (vibrafone) e Natan Nascimento (baixo) (Divulgação)

Com um repertório de primeira e uma formação instrumental pouco usual, o novíssimo O Trio e convidados apresentam-se nesta sexta-feira, a partir das 20 horas, no Bar do Ademir, ponto de referência da movimentada noite musical de Barão Geraldo. Composto por Carlo Bárdu (vibrafone/voz), Natan Nascimento (contrabaixo) e Leo Pellegrin (bateria) – e com as presenças de Carlos Cestari (flauta) e Tarcísio Bezerra (saxofone) como convidados na segunda parte da apresentação –, o grupo interpreta clássicos do jazz, da bossa nova e do chorinho de forma sui generis: a harmonia e a melodia, na maioria das peças, são executadas pelo vibrafone, instrumento inventado em um estúdio, na década de 40 nos EUA, e muito pouco utilizado no Brasil e ainda menos na música brasileira. Contudo, nas mãos de Carlo Bárdu, que se utiliza de técnicas de instrumentos afins (piano, percussão), o vibrafone acaba ganhando uma linguagem própria, e bem brasileira. Na apresentação desta sexta O Trio (re)interpreta temas e compositores consagrados da bossa nova (Tom Jobim, Baden Powel, Carlos Lyra, João Donato), da música instrumental brasileira (Hermeto Pascoal), do jazz (Miles Davis, Billie Holiday) e do choro (Pixinguinha, Waldir Azevedo, Zequinha de Abreu). Embora o grupo seja fortemente instrumental, algumas das peças são também cantadas por Carlo Bárdu. “A ideia de cantar, além do prazer mesmo do canto, é valorizar as letras, e, ainda no caso do chorinho, ajudar a popularizar o gênero, além de homenagear a grande intérprete que foi Ademilde Fonseca [1921-2012], considerada a rainha do choro”, destaca Bárdu, que, além de vibrafonista é também cantor do grupo. Com formação recente – a apresentação de amanhã será a apenas a segunda do grupo –, O Trio já traz uma outra proposta diferente em seu trabalho: entre uma peça e outra, são intercalados, sem nenhuma solenidade, assim como quem não quer nada, pequenos trechos de poemas ou citações literárias de autores como Vinícius de Moraes, Paulo Leminski, Ana Cristina Cézar, Clarice Linspector “e outros mais que vão sendo incorporados a cada apresentação”, diz Bárdu. Para ele, apresentar-se no Ademir (a primeira apresentação do Trio também foi ali) é interessante porque o espaço, “por ser um ponto de en contro de cabeças diversas e também de músicos, promove uma troca artística, mas também pessoal, humana, de informações e de vivências.” Encontro O vibrafonista conta que o encontro dos integrantes do Trio se deu casualmente, tendo em comum a passagem pelo Curso de Música Popular da Unicamp, onde, entre outra influências, foram alunos do falecido professor José Eduardo Gramani, mestre da polirritmia que está presente nas músicas executadas pelo grupo. Na apresentação de amanhã, O Trio vai interpretar, entre outras peças, Corcovado, Garota de Ipanema (Jobim e Vinícius), A Rã (Donato e Caetano), Bananeira (Donato e Gil); Deixa (Baden e Vinícius), All of Me (Marks e Simons), O Ovo (Hermeto), Take Five (Brubeck), Brasileirinho, Delicado (Waldir Azevedo). Carlo Bárdu iniciou seus estudos de vibrafone com Glória Pereira da Cunha, da Sinfônica de Campinas,atuando na Orquestra Jovem de Campinas, sob a regência de Flávio Florence, época em que fez apresentações com diversas orquestras de São Paulo. Estudou, no curso de Música Popular da Unicamp, vibrafone com André Juarez, polirritmia com José Gramani, técnica vocal com Niza de Castro Tank, harmonia e improvisação com Eliza Zen, entre outros. Desde então especializou-se em música popular brasileira, tendo aulas de harmonia e improvisação com Marco Ferrari, Bebeto Von Buetnner, Bud Garcia e Alexandre Lunsk. Natan Nascimento, também formado pela Unicamp, integrou vários grupos musicais, entre eles o Sacicrioulo, e é hoje, um dos baixistas mais requisitados de Campinas. Leo Pelegrin estudou percussão popular e bateria na Unicamp. Toca jazz, música popular e música de câmara e já se apresentou no Arcevia Jazz Fest, na Itália. 

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