'sebastiana'

O pianista Ricardo Bacelar lança novo disco

É um disco de MPB interpretado por músicos latino e norte-americanos, que resulta em produto original, com cada músico trazendo sua experiência ancestral para o trabalho

Delma Medeiros
21/04/2018 às 18:02.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:23
Ricardo Bacelar reúne músicos norte e latino-americanos no novo disco e busca criar um catálogo da música brasileira e jogar para o mundo (Fernando Travesoni/Divulgação)

Ricardo Bacelar reúne músicos norte e latino-americanos no novo disco e busca criar um catálogo da música brasileira e jogar para o mundo (Fernando Travesoni/Divulgação)

Xaxado, baião, forró com levada de jazz. A primeira vista parece uma mistura improvável, mas em seu novo álbum, Sebastiana, o pianista, compositor e arranjandor Ricardo Bacelar mostra que mais que possível, os gêneros díspares se complementam, com um resultado melódico e harmonioso de rara beleza. O disco, em versão CD e vinil, acaba se transformando numa celebração à música brasileira. “Trata-se de um projeto arrojado que só chegou ao produto final depois de extenso “laboratório de arranjos” para a fusão de elementos da música latino-americana com a brasileira”, explica Bacelar, frisando que além da música, o trabalho traz diversas referências históricas e artísticas, a começar pela capa do disco, que reproduz uma tela de Di Cavalcanti.  “É um disco de MPB interpretado por músicos latino e norte-americanos, que resulta em produto original, com cada músico trazendo sua experiência ancestral para o trabalho.” Além de músicos brasileiros, o álbum reúne representantes dos Estados Unidos, Venezuela, Cuba, Colômbia, Argentina e Peru. Com produção de Cesar Lemos, Sebastiana é uma releitura de parte do repertório brasileiro com influências latino-americanas. Além disso, traz pesquisa de signos e ritmos latinos.“São arranjos contemporâneos com forte acento jazzístico, com uma percussão sutil e instrumentação característica que afirmam a influência da América do Sul”, avalia Bacelar, que foi integrante do grupo Hanoi Hanoi. O álbum apresenta quinze faixas – onze instrumentais e quatro cantadas – em CD, vinil e streaming, e é distribuído no Brasil pela Tratore. Conta ainda com distribuição internacional. “Com música de qualidade, podemos divulgar a cultura brasileira em vários lugares do mundo, ao mesmo tempo.” O título do álbum é uma homenagem a Jackson do Pandeiro, no ano em que se completa 35 anos de sua morte, com a inclusão de sua voz em duas faixas (Sebastiana e The Best Years). Bacelar conta que, entre outras curiosidades, no processo de pesquisa, descobriram que o bandoneon não é originário da Argentina. “O bandoneon vem da Alemanha, era usado em festas religiosas, em locais que não dispunham de órgãos. Depois foi adotado pela Argentina e inserido no tango”, explica. Algumas canções, como Nada Será Como Antes (Notting Will Be As it Was), de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos e O Morro Não Tem Vez (Somewhere in the Hills), de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, ganharam versões em inglês, como forma de universalisar o produto. “O disco foi lançado em 25 países. O Brasil tem muitos problemas, mas também uma grande riqueza que é sua música. Então a ideia foi jogar essa música para o mundo.” O álbum é lindo, com alguns momentos particularmente comoventes, como a inclusão do bandoneon em Depois dos Temporais (Ivan Lins e Vitor Martins), os vocais femininos no final de Vento de Maio (Lô e Marcio Borges), e o solo vocal de Bacelar (pela primeira vez) em Mana Deixa eu Ir, de Villa-Lobos, Milton e Teca Calazans. “Busquei criar não algo comercial, mas um catálogo da música brasileira e latino-americana”, diz Bacelar. SERVIÇO O CD e o LP de Sebastiana se encontram à venda nas Lojas Americanas e na Saraiva, e custam R$ 35,00 (CD) e R$ 65,00 (LP).

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