STAN LEE

O mundo dá adeus ao mestre dos quadrinhos

Essa semana, o mundo do entretenimento chorou junto com a família do grande ícone dos quadrinhos Stan Lee

Beatriz Maineti
14/11/2018 às 12:17.
Atualizado em 06/04/2022 às 00:23

Essa semana, o mundo do entretenimento chorou junto com a família do grande ícone dos quadrinhos Stan Lee. O “pai da Marvel”, como era conhecido, faleceu na tarde da última segunda-feira (12), deixando uma legião de fãs e seguidores desolados, entre eles, grandes astros do cinema mundial, como Robert Downey Jr e Chris Evans, o Homem de Ferro e o Capitão América, respectivamente. Com 95 anos, Lee era conhecido não só por suas incríveis histórias, como o Homem Aranha, Thos e o Incrível Hulk, mas também por suas aparições cômicas e irreverentes nos filmes da Marvel Studios. Ao longo de suas mais de nove décadas de vida, Stan Lee colecionou cargos e títulos, chegando a se tornar presidente emérito da editora Marvel Comics e membro do conselho editoral. Além disso, atuando como figura histórica, Lee desafiou a organização de censura da indústria de quadrinhos americana, o Comic Code Authority, levando-a a atualizar suas políticas. Escritor, diretor, publicitário, produtor, empresário, editor, e ator, o senhorzinho amigável das telonas liderou a expansão do universo Marvel, transformando-a de uma pequena editora para uma grande corporação multimídia, e líder do mercado cinematográfico. Nascido em 28 de dezembro de 1922, em Manhattan, Nova Iorque, Stanley Martin Lieber era filho de imigrantes judeus da Romênia. Ele e o irmão mais novo, Larry, cresceram sem luxos, passando a maior parte da infância e da adolescência em um quarto e sala, no Bronx, periferia de Nova Iorque. Os dois irmãos dividiam o único – e minúsculo – quarto do apartamento, enquanto os pais se ajeitavam num sofá-cama colocado na sala. Inteligente e astuto, Stanley se formou na escola aos 15 anos, e trabalhou, entre outros, como lanterninha do Teatro Rivoli, na Broadway, office boy para uma fábrica manufatureira, e escritor de obituários em jornais novaiorquinos. Seu sonho, desde muito cedo, era ser escritor, e publicar um grande romance. Com a ajuda de um tio, Stan se tornou assistente da Timely Comics em 1939, uma divisão de revista pups e de histórias em quadrinhos pertencente a Martin Goodman, que era casado com uma prima do jovem escritor. Um pouco mais adiante na história, a editora evoluiria para Marvel Comics. Seu primeiro trabalho publicado foi em uma revista do Capitão América, ilustrada por Jack Kirby, em maio de 1941. Na história, intitulada “Capitão América Frustra a Vingança do Traidor”, o pseudônimo “Stan Lee” passou a ser usado, já que, como diria Stanley mais tarde, seu nome de nascimento seria guardado para o gênero literário. Após essa primeira publicação, Lee continuou criando histórias em quadrinhos para as revistas Headline Hunter e Foreign Correspondent, e cocriou seu primeiro super-herói, o Destroyer, em agosto de 1941. Ainda neste ano, os personagens criados pelo escritor caracterizou o que, de acordo com os historiadores, é chamado de “a era de ouro das histórias em quadrinhos americanas”. Ainda neste ano, depois da saída de Joe Simon e Jack Kirby da Timely Comics, o jovem de 19 anos foi nomeado editor interino. Seu talento para as histórias e para os negócios levantaram sua carreira, fazendo com que, em 1972, ele substituísse Goldman como publisher. Além de sua carreira como escritor, Stan fez seu nome no exército norte-americano, onde ingressou em 1942 para consertar telégrafos e outros aparelhos de comunicação. Depois, foi transferido para a Divisão de Filmes de Treinamento, onde escrevia manuais, filmes de treinamento, slogans e, ocasionalmente, fazia cartoons. Sua classificação no exército, segundo ele, era dramaturgo, e apenas outros nove homens haviam recebido este título. De volta a vida civil em 1945, reassumiu seu papel de editor na Timely. Pouco depois, em 1950, quando a editora passou a ser conhecida como Atlas Comics, Lee escreveu histórias de diferentes gêneros, como faroeste e romance. Porém, no final da década, Lee ficou insatisfeito com a sua carreira e pensou em abandonar o ramo. Entretanto, quando tudo parecia ter chego ao fim, a DC Comics, concorrente da Timely, deu um choque no gênero dos super-heróis lançando A Liga da Justiça. Por isso, Goldman, que ainda ocupava o cargo de publisher na época, deu a Lee a tarefa de criar um novo grupo de super-heróis, embora a tarefa não tenha agradado o escritor, que, no auge de seus 40 anos, se julgava velho demais para criar personagens estereotipados. Foi então que sua esposa, Joan, o incentivou a criar seus próprios personagens, do modo que desejasse, já que não teria nada a perder. Depois disso, a carreira de Lee deslanchou. Com a ajuda de Jack Kirby, deu aos seus novos personagens sentimentos mais humanos, fazendo com que eles ficassem com temperamento ruim, melancólicos, e cometessem erros. Além disso, fez com que eles se preocupassem pagar as contas do mês, impressionar suas namoradas, e, às vezes, se curar de um resfriado. Isso fez com que Stan Lee decolasse as vendas de quadrinhos, já que os jovens se identificavam com cada um dos heróis, e se tornasse uma lenda. O primeiro trabalho colaborativo do escritor nessa nova fase foi O Quarteto Fantástico, com Kirby, e o sucesso foi absoluto. Depois, criou O Incrível Hulk, Homem de Ferro, Thor e os X-Men com seu parceiro habitual, além de Demolidor e Doutor Estranho. Porém, um dos personagens preferidos do público também era o de Stan Lee: o Homem Aranha, do qual tinha muito orgulho. Além de seu trabalho para a Marvel Comics, Lee escreveu para a DC. Em sua primeira série com a casa da Liga da Justça, “Just Imagine...”, o escritor reimaginou personagens icônicos da editora, como Batman e a Mulher Maravilha. Nos últimos anos, participou da produção dos filmes da Marvel Studios, e acompanhou de perto suas produções. Além disso, fazia participação nas séries animadas de seus heróis, como fez em O Espetacular Homem Aranha, e fez graça ao aparecer em episódios da série Os Simpsons, onde interpretava a si mesmo de maneira cômica. Com aparições que eram esperadas ansiosamente pelos fãs, Stan Lee concluiu a façanha de fazer sucesso nos quadrinhos, nos filmes e no coração de seus fãs. Hoje, já sem o escritor, muitos se lembram com carinho de seus feitos, e esperam para vê-lo pelo menos mais uma vez nas telonas, já que sua aparição em Vingadores 4 ainda é possível. Para ele, que quebrou paralelos e padrões, e se colocou tantas vezes ao lado dos fãs, as homenagens são merecidas. Durante a semana, diversos artistas disseram seu “adeus” ao escritor através de suas redes sociais, assim como muitos daqueles que acompanham seu trabalho. Stan Lee está presente no Will Eisner Hall Of Fame, no Jack Kirby Hall of Fame e, em 2008, recebeu uma National Medal of Artes por sua genialidade. Agora, se encontra com a esposa, Joan Lee, que faleceu em 2017, com quem teve duas filhas, Jan Lee, que faleceu, e Joan Celia Lee, atriz e modelo.

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