A FANTASIA CHEGA AO FIM

“O Menino e a Garça” pode encerrar a carreira do gigante Hayao Miyazaki

Animação foi indicada ao Oscar; telonas também recebem hoje “Ferrari”, com o brasileiro Gabriel Leone

Aline Guevara/ cadernoc@rac.com.br
22/02/2024 às 18:22.
Atualizado em 22/02/2024 às 18:22

Animação “O Menino e a Garça”, indicada ao Oscar, pode encerrar a carreira do gigante Hayao Miyazaki (Divulgação)

Antes de “O Menino e a Garça”, o diretor Hayao Miyazaki estava há 10 anos afastado das produções, mas retornou ao Studio Ghibli para desenvolver esta que foi divulgada como a sua “última animação”. Não é a primeira vez que o diretor de “A Viagem de Chihiro”, “Meu Amigo Totoro” e “Princesa Mononoke” (entre tantos outros filmes premiados e aclamados) declara que vai se aposentar de vez, mas há um tom de despedida no ar. Pode ser que o mestre das animações ainda volte em novos trabalhos, no entanto, o seu novo longa sugere um adeus. Com 2h04 de duração, ele estreia hoje nos cinemas, depois de diversas sessões antecipadas por todo Brasil. Uma das favoritas ao Oscar de Melhor Animação, a produção já venceu a categoria no Globo de Ouro e no Bafta.

O CORREIO JÁ VIU

“O Menino e a Garça” funciona como uma reflexão autobiográfica. Miyazaki olhou para a sua própria história, dentro e fora das telas, para construir o roteiro. Os aficionados pelo seu cinema vão perceber referências a outros filmes, mas quem conhece os bastidores da produção também deve dar à obra um peso diferente. Chegaremos lá.

Mahito, seu jovem protagonista de 13 anos, representa a si mesmo. O garoto está longe de ser um poço de carisma, sempre com uma atitude muito séria e rígida. Tem consciência de suas atitudes erradas, mas não sente necessariamente remorso por elas. No cerne, é um garoto traumatizado depois de presenciar o incêndio no hospital que mata a sua mãe, no auge dos ataques na 2ª Guerra Mundial. Anos depois, ele precisa lidar com o novo casamento do pai, uma nova casa e uma Garça Real que parece persegui-lo até atravessar um portal para um universo fantástico, repleto de situações deslumbrantes e ameaças excêntricas.

Os mundos de fantasia de Miyazaki nunca foram muito “limpos”, nem visualmente, nem moralmente. Não há uma violência gráfica de destaque em “O Menino e a Garça”, mas existe sim sangue e machucados, dramas e personagens complexos, animais que nunca são fofos e puros. A Garça, do título e dos materiais promocionais, pode enganar com sua aparência majestosa, mas entra para o grupo de seres curiosos, que não são bons ou ruins, e protagonizam momentos assustadores. A classificação indicativa do filme, bom lembrar, é 12 anos.

O filme se preocupa menos com a definição muito clara da narrativa e mais com as sensações. De forma alguma é um demérito. Talvez fosse um problema nas mãos de um artista menos habilidoso, o que não é o caso. Em “O Menino e a Garça”, Miyazaki discorre sobre diversos temas que, de alguma forma, se conectam organicamente: a ação humana como causadora de desequilíbrios ambientais; a força da natureza, que não é só pura e bela, mas também pode ser sinistra; os efeitos do luto; a importância do término e da despedida para poder seguir em frente.

Em entrevista à Indiewire, o produtor do filme e co-fundador do Studio Ghibli, Toshio Suzuki, revelou que, enquanto Mahito é Miyazaki, ele próprio é a Garça e Isao Takahata, parceiro e amigo dos dois, é representado por uma figura-chave na existência do mundo fantástico. Isao, diretor de “O Túmulo dos Vagalumes”, faleceu durante a produção de “O Menino e a Garça”, o que impactou Miyazaki e o levou a fazer mudanças no arco desse personagem.

“O Menino e a Garça” é muito em um único filme. É possível experimentar, durante a projeção, esse turbilhão de sentimentos que envolve roteiro, um design de produção bem característico do Studio Ghibli e a trilha sonora memorável, que poderia ter sido mais reconhecida nas premiações. Os saudosos dos clássicos de Miyazaki podem querer comparar a obra com as anteriores, mas a esta altura é melhor agradecer por ainda podermos acompanhar novidades saídas da mente de um dos grandes cineastas da atualidade. Pode mesmo ser a última vez.

“Ferrari”, deMichaelMann, é cinebiografia frenética do fundador da marca italiana

Michael Mann é um cineasta com um currículo invejável. Aos 81 anos, ele já trabalhou com alguns dos melhores elencos e equipes técnicas para entregar títulos como “Fogo Contra Fogo”, “Colateral” e “O Informante”. Em seu novo filme, “Ferrari”, que já está em cartaz, ele volta para o drama e ação para narrar um período da vida de Enzo Ferrari, piloto e fundador da marca italiana de automóveis. O elenco conta com a presença de Adam Driver carregando um forte sotaque para fazer o protagonista italiano, Penélope Cruz roubando a cena como Laura Ferrari e o brasileiro Gabriel Leone. O papel do ator é de destaque como o piloto espanhol Alfonso de Portago, que vai competir em corridas pela Ferrari e tem uma relação próxima com o magnata.

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