musical

O malandro vive

A Ópera do Malandro, de Chico Buarque, é atração neste domingo no Castro Mendes, com o Téspis

Jary Mércio
19/01/2019 às 10:02.
Atualizado em 05/04/2022 às 11:26

O musical A Ópera do Malandro, de Chico Buarque, é a atração deste domingo, às 19 horas, no Teatro Castro Mendes, dentro da Campanha de Popularização do Teatro de Campinas. A encenação é do Grupo Téspis, de Campinas, com direção de Marina Franco. Nesta montagem, o clássico de Chico Buarque – inspirado na Ópera dos Três Vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, por sua vez inspirada na Ópera dos Mendigos (1728), de John Gay – é recriado em uma versão mais jovem e contemporânea, com as músicas originais executadas ao vivo pelos atores. “É uma montagem da turma de alunos adolescentes do Téspis, estávamos procurando um musical pois eles tocam e cantam muito bem, queríamos algo bem brasileiro. Encontramos o texto e eles amaram as músicas. Só adaptamos um pouco o texto, está mais jovem e atual, afinal os atores são bem jovens, em média 17, 18 anos”, conta a diretora Marina Franco. “Ópera do Malandro é um texto atemporal, fala sobre o Brasil. Os personagens e as músicas são maravilhosos. Nós atualizamos algumas coisas, mas a essência do musical continua, com as músicas cantadas ao vivo”, diz Marina. “São vinte atores/alunos, a turma mais antiga. Não é espetáculo de conclusão de curso, pois é um curso livre, é montagem de final de ano, mas alguns dos integrantes do elenco estão conosco há muitos anos, apesar de jovens. Temos alunos que fazem Téspis há 5, 7 e um desta turma que faz há 9 anos”, acrescenta a diretora, que é também jornalista. A Ópera do Malandro foi escrita por Chico Buarque de Holanda em 1978 e encenada no mesmo ano por Luís Antônio Martinez Corrêa, com direção musical de John Neschling, que também fez os arranjos para as composições de Chico (só uma canção do espetáculo não é dele: O Malandro, clássico de Brecht e Weill, escrito para a Ópera dos Trens Vinténs e cuja letra ganhou uma versão do cantor, compositor, dramaturgo e escritor carioca). A ideia de escrever uma adaptação para os clássicos Ópera dos Mendigos – em que  John Gay satirizava sem dó nem piedade a classe dominante inglesa no início do século 18 – e A Ópera dos Três Vinténs – em que Brecht, apoiado na música de Kurt Weill, faz desfilar nos cortiços londrinos um cortejo de ladrões, prostitutas e vigaristas – surgiu em meados dos anos 70 durante uma conversa de Chico Buarque com o diretor de cinema Ruy Guerra. Tornada realidade em 1978, a peça é dedicada à lembrança do dramaturgo e amigo Paulo Pontes. A história da peça se passa na década de 1940 e tem como pano de fundo a legalidade do jogo, a prostituição e o contrabando. Os personagens centrais da trama são um cafetão de nome Duran, que se passa por um grande comerciante, e sua mulher Vitória, que do nome nada herdou. Há a cafetina Vitória, sua filha Teresinha, apaixonada por Max Overseas, que vive de golpes e conchavos com o chefe de polícia Chaves. Outras personagens são as prostitutas, apresentadas como vendedoras de uma butique, e a travesti Geni, aquela feita pra apanhar, cuspir e dar para qualquer um, como diz a letra da famosa música de mesmo nome composta por Chico e gravada por ele no LP Ópera do Malandro, lançado em 1979 pela gravadora Philips e que reúne as canções do espetáculo. O elenco da primeira montagem de A Ópera do Malandro, sucesso de público e de crítica, trouxe nomes como Ary Fontoura, Maria Alice Vergueiro, Marieta Severo, Otávio Augusto, Elba Ramalho, Emiliano Queirós, Ivan De Almeida, Vicente Barcelos, Ilva Nino, Neuza Borges e Cláudia Jiménez.

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