CINEMA

O fenômeno 'Barbenheimer'

Estreia simultânea de dois filmes diametralmente opostos, o colorido e engraçado "Barbie" contra o sóbrio e denso "Oppenheimer", movimenta a internet e as expectativas nas salas de cinema

Aline Guevara/ [email protected]
20/07/2023 às 09:51.
Atualizado em 20/07/2023 às 09:51
Os dois filmes lançam juntos; o sóbrio e denso filme "Oppenheimer" e o colorido e engraçado "Barbie" (Divulgação)

Os dois filmes lançam juntos; o sóbrio e denso filme "Oppenheimer" e o colorido e engraçado "Barbie" (Divulgação)

Normalmente quando um blockbuster, um grande filme, chega aos cinemas, o arrasa-quarteirão se sobrepõe a todas as outras produções que estão sendo lançadas. Mas a estreia, ou melhor, as estreias desta semana curiosamente fogem à regra. Desde que foi anunciado que a data de "Barbie", o filme colorido e engraçado da boneca mais famosa do mundo, seria a mesma de "Oppenheimer", o sóbrio e denso filme sobre o cientista que ganhou a alcunha de "pai da bomba atômica", as redes sociais não pararam de comentar o caso.

No entanto, o que parecia ser uma disputa sobre qual seria a melhor estreia, de repente se tornou uma saudável e engraçada campanha orgânica para que as pessoas assistissem aos dois filmes no cinema - o fenômeno foi apelidado de "Barbenheimer" ou "OppenBarbie". Ainda que diametralmente opostos, ambos são as novas produções de grandes cineastas. "Barbie" é a nova empreitada de Greta Gerwig, diretora e roteirista dos aclamados "Lady Bird" e "Adoráveis Mulheres". Apesar de poucos trabalhos, a cineasta já é figura recorrente na lista de indicados ao Oscar. Do outro lado está o diretor Christopher Nolan com "Oppenheimer", nome que costuma agradar tanto a crítica quanto o grande público com longas como "Batman - O Cavaleiro das Trevas" e "A Origem".

Recentemente o "Barbenheimer" ganhou apoiadores de peso. Tom Cruise, que está promovendo o seu "Missão Impossível 7", postou fotos com ingressos comprados para os dois filmes (além do seu, claro). Greta e Margot Robbie, estrela de "Barbie", incentivadas pela ação do ator, também publicaram imagens com os ingressos das três produções. Mesmo Cillian Murphy (da série "Peaky Blinders"), protagonista de "Oppenheimer", deu declarações sobre o assunto: "Eu vou assistir 100% Barbie. Mal posso esperar para ver. Acho que é ótimo para a indústria e para o público ter dois filmes incríveis de cineastas incríveis saindo no mesmo dia. Você pode passar um dia inteiro no cinema. O que é melhor do que isso?", disse ao IGN.

Barbie e a onda rosa

Boa parte da antecipação sobre o "Barbenheimer" sem dúvida é devido a expectativa ao redor de "Barbie" - o filme de Nolan com certeza foi impulsionado por essa onda cor de rosa. Logo que a sua pré-venda começou, duas semanas atrás, já se viam salas com ingressos esgotados e esta deve ser uma das maiores bilheterias de estreia mundialmente nos últimos anos. O rosa pink, outrora deixado de lado, foi abraçado com força pela moda e deve ser visto com força nas roupas do público nos cinemas nos próximos dias. Mas o que explica tudo isso?

Provavelmente o combo formado por Greta Gerwig e um produto muito popular que vem carregado de nostalgia, mas que, acima de tudo, é um símbolo feminista. Sim, podemos e devemos criticar o padrão de beleza irreal que a boneca traz consigo, mas ela também representou uma escolha importante para muitas meninas que deixaram de assumir o papel de mãe de uma boneca bebê para brincarem com uma versão, que tinha sua própria casa, carro, profissões e que nunca foi definida por um relacionamento. Seu namorado Ken, como os cartazes do filme reforçam, sempre foi mesmo "só o Ken", enquanto a Barbie é tudo. Esses conceitos, como o trailer e materiais promocionais deixam óbvio, estão em tela em "Barbie", que deve fazer uma sátira da nossa sociedade patriarcal.

Oppenheimer

Se em "Barbie" o rosa impera, prepare-se para uma paleta mais contida em "Oppenheimer", que também terá trechos em preto e branco, estabelecendo não só tempos diferentes na narrativa, como também uma visão subjetiva do personagem-título. São três horas de duração que vão mostrar como o cientista norte-americano J. Robert Oppenheimer participou da criação da arma de destruição em massa e manchou definitivamente o seu nome. Um dos momentos mais aguardados do filme é quando o físico realiza o teste que definiria o uso da bomba para colocar um ponto final da Segunda Guerra Mundial. Nolan sabia que seria um desafio filmar a cena. "Sempre soubemos que o teste Trinity teria que ser impactante. É o ponto de apoio de toda a história", explicou o cineasta, que queria transmitir a sensação descrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin no livro "American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer" - os autores dizem que naquele momento os presentes no teste perceberam que "algo deu errado" e que o mundo inteiro "pegou fogo". O cineasta preferiu deixar de lado a computação gráfica e pediu para seu supervisor de efeitos visuais, Andrew Jackson, trabalhar com "metodologias do mundo real". "Ele passou meses e meses e meses fazendo todos esses experimentos e descobrindo todos esses métodos - alguns muito, muito pequenos e microscópicos, e outros absolutamente colossais", contou em entrevista à Entertainment Weekly. Seja qual for a sua escolha para o cinema do fim de semana, as opções são boas.

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